Gol: geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronave (Ebitdar) foi de R$ 468,9 milhões (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2015 às 21h52.
São Paulo - A companhia aérea Gol teve prejuízo líquido de 672,7 milhões de reais no primeiro trimestre, sete vezes maior que o resultado negativo registrado no mesmo período do ano passado, por conta do impacto da desvalorização do real no resultado financeiro, em meio a receitas estáveis.
O resultado marcou o décimo terceiro prejuízo líquido trimestral consecutivo da segunda maior companhia aérea do Brasil. A última vez que a Gol teve lucro líquido trimestral ocorreu no quarto trimestre de 2011.
Analistas, em média, esperavam prejuízo líquido de 635,5 milhões de reais, de acordo com estimativas coletadas pela Reuters.
A desvalorização do real gerou uma despesa financeira sem efeito caixa imediato de 774,1 milhões de reais no trimestre, disse a empresa em comunicado. "Esta (é) a causa do prejuízo", justificou. A depreciação do real, que segunda a empresa foi de 41,8 por cento entre março de 2014 e março de 2015, elevou o custo da dívida em moeda estrangeira e de contratos de leasing de aeronaves, dificultando os esforços do presidente-executivo, Paulo Kakinoff, para recuperar os resultados a companhia. A empresa apurou uma geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e aluguel de aeronaves (Ebitdar) de 468,9 milhões de reais, queda de 4,8 por cento sobre o primeiro trimestre de 2014 e de 2,7 por cento sobre os três últimos meses do ano passado.
A margem Ebitdar caiu de 19,8 por cento no primeiro trimestre de 2014 para 18,7 por cento nos três meses encerrados em março deste ano.
Apesar do resultado líquido negativo, a Gol apurou um resultado operacional (Ebit) positivo em 153,8 milhões de reais, 6,5 por cento acima do obtido um ano antes. Na comparação com o quarto trimestre, porém, houve queda de cerca de 10 por cento.
A receita líquida da Gol somou 2,5 bilhões de reais nos três meses encerrados em março, praticamente estável sobre os 2,49 bilhões de reais um ano antes.
Os custos e despesas operacionais se mantiveram controlados, com avanço de apenas 0,1 por cento no período, a 2,35 bilhões de reais e caindo 8,2 por cento sobre o final de 2014.
A empresa manteve suas projeções para 2015, de estabilidade na oferta de lugares no mercado doméstico e margem operacional (Ebit) de 2 a 5 por cento este ano, apesar dos 6,1 por cento apurados no primeiro trimestre.
DESAFIADOR
"Esta margem (do primeiro trimestre) está dentro do esperado. A margem no segundo trimestre será muito desafiada, haverá redução de margem, mas o guidance é para o ano", disse o vice-presidente-financeiro e de relações com investidores da Gol, Edmar Lopes, à Reuters. Segundo ele, o câmbio médio no segundo trimestre deve ser maior do que nos primeiros três meses do ano, enquanto a demanda, em especial a corporativa, não deve se recuperar.
"A gente viu uma situação de deterioração (da demanda corporativa) no início do segundo trimestre em relação ao primeiro. Nos últimos 10 dias a gente viu se estabilizar, mas num patamar inferior. Ela parou de cair", disse Lopes, mencionando grandes clientes corporativos da Gol como Petrobras, OAS e Volkswagen, que passam por diferentes problemas.
O executivo acrescentou que ainda é prematuro dizer se há alguma mudança de quadro. "A gente é muito dependente da situação econômica como um todo", disse, acrescentando que o cenário é "muito desafiador".
Além da demanda pressionada pelo cenário de fraco crescimento econômico, Lopes disse que a Gol espera um aumento nos preços do combustível de aviação no segundo trimestre.
*Texto atualizado às 21h52