Volkswagen: montadora enfrenta queda nas vendas e um escândalo internacional de fraude (Fabian Bimmer / Reuters)
Karin Salomão
Publicado em 13 de setembro de 2016 às 18h07.
São Paulo – David Powels, que assumiu a presidência da Volkswagen no Brasil no ano passado, tem muito trabalho pela frente.
A montadora enfrenta queda nas vendas por conta da crise econômica brasileira e um escândalo internacional de fraude na fiscalização da emissão de poluentes.
No último ano, ofereceu férias coletivas e realizou um plano de demissões voluntárias para se adequar ao tamanho do mercado brasileiro.
O problema não é apenas nacional. Em agosto, a Volkswagen precisou paralisar a produção em algumas fábricas no mundo todo por conta de disputas comerciais envolvendo um grupo de fornecedores de peças na Europa.
Dessa forma, “perdemos participação de mercado no Brasil em agosto e setembro, já que não conseguíamos atender às necessidades das concessionárias”, afirmou Powels.
A Volkswagen encerrou os contratos com os fornecedores europeus e os substituiu, no Brasil, por empresas nacionais. Assim, a produção deverá se normalizar nas próximas duas semanas, disse o executivo.
Para recuperar o tempo e o mercado perdidos, a companhia irá aumentar a média de produção mensal, de 35.000 veículos para 50.000 carros novos em setembro e outubro.
Ainda que o problema tenha sido solucionado, Powels afirma que a cadeia de fornecimento precisa se desenvolver.
“Hoje esse setor é fraco e falta competitividade. Muitos não conseguem produzir as tecnologias que serão usadas no futuro por falta de investimentos”, afirmou.
Mais do que retomar a produção e seu espaço no mercado, a Volkswagen também quer mudar a imagem que tem no Brasil.
O primeiro passo foi criar outro slogan: de apenas “Volkswagen”, passou a ser “Inspirada na sua vida”.
A mudança vai mais além. A montadora percebeu, por meio de pesquisas, que era vista como uma marca conservadora e convencional e que havia perdido a conexão com o seu público.
Se antes o público médio era formado principalmente por homens casados, com uma média de idade de 46 anos, agora a montadora quer buscar consumidores mais jovens, com faixa salarial elevada e dispostos a gastar mais por um carro.
A empresa, conhecida por carros populares como o Gol, quer aumentar sua participação em segmentos de maior valor agregado. “Essa mudança já aconteceu mundialmente”, afirmou o presidente.
A busca pela transformação da marca irá passar por mudanças de portfólio. A Volkswagen espera criar um novo modelo no segmento de SUVs e desenvolver uma nova plataforma para a produção de quatro novos modelos no Brasil.
“Mas isso ainda vai demorar de 3 a 4 anos. Já investigamos qual das nossas 4 fábricas poderia receber essa plataforma, mas irá demorar”, afirmou o presidente, no evento Fórum Direções da revista Quatro Rodas.