BB: "Algumas medidas podem ser adotadas para impedir isso, como a venda de alguns ativos para levantar recursos" (Pilar Olivares/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2016 às 19h04.
São Paulo - O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal vão precisar de aporte do governo federal em 2018 para se manterem dentro de regras regulatórias, se nada for feito para corrigir a condição atual, disse nesta quarta-feira um analista da Fitch.
"Algumas medidas podem ser adotadas para impedir isso, como a venda de alguns ativos para levantar recursos", disse Raphael Nascimento, analista de instituições financeiras da Fitch, durante apresentação a profissionais do mercado financeiro.
Nascimento disse que algumas medidas já têm sido tomadas por ambos os bancos, como pagar um volume menor de dividendos aos acionistas.
Mas o BB também pode ter que vender sua fatia no argentino Banco Patagonia, enquanto a Caixa pode ter que se desfazer da participação no Banco Pan, do qual tem 40 por cento do capital.
No mês passado, o BB anunciou que está avaliando uma oferta pública de ações que detém no Banco Patagonia.
Segundo Nascimento, os grandes bancos privados do país estão numa situação comparativamente mais confortável, dado que cresceram menos nos últimos anos e ainda mantêm níveis de rentabilidade adequados.
De todo modo, a Fitch prevê que a piora do perfil de crédito de todo o sistema ainda leva algum tempo para ser revertida, dado o cenário econômico adverso do país.
Para Nascimento, os índices de inadimplência do setor bancário no país vão continuar crescendo até o final de 2017.
Soberano
Alguns dos principais indicadores considerados pela Fitch Ratings para dar suporte à nota soberana do Brasil tendem a se estabilizar a partir de 2017, disse nesta quarta-feira o diretor da agência de classificação de risco no país, Rafael Guedes.
"Nossos analistas dizem que está havendo uma estabilização", afirmou Guedes em apresentação a profissionais do mercado financeiro durante evento em São Paulo.
Entre os indicadores do Brasil que a Fitch vê tendência de convergência para níveis semelhantes aos de países com a mesma nota pela agência, estão os de crescimento do PIB e de inflação.
A Fitch também previu que o déficit fiscal primário está se estabilizando na casa dos 2,6 por cento do PIB.
"Houve uma piora cíclica muito forte e rápida, mas isso agora está se estabilizando", disse Guedes mais tarde à Reuters. "Agora é lidar com os problemas estruturais."
A nota soberana atual do Brasil pela Fitch é BB, com perspectiva negativa. Desde 2015, o rating brasileiro pela agência foi reduzido três vezes.
Texto atualizado às 19h04