Nada de Amazon: Magazine Luiza se inspira na chinesa WeChat
"Não é porque a Amazon tem o serviço Prime que também temos que fazer", afirmou o presidente do Magazine, ao falar de planos de um super aplicativo
Karin Salomão
Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 16h20.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2019 às 16h27.
Depois de empreender uma transformação digital e crescer 35% em 2018, o Magazine Luiza tem novos planos agressivos. A empresa quer criar um super aplicativo, que sirva para compras a pagamentos e que seja usado diversas vezes por dia.
A inspiração vem da China, que tem aplicativos como o WeChat, da Tencent, e o Taobao, do Alibaba, usados para conversar, fazer pagamentos, pedir um táxi, entre outros. "A ideia é que o usuário consiga fazer tudo no app. Claro, vamos demorar anos para chegar lá, mas estamos com iniciativas para aumentar o uso do app", afirmou Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, em teleconferência com analistas e investidores.
A ideia é oferecer novos serviços e vantagens sem cobrar assinatura - as compras pelo app já têm o frete grátis. A Amazon, a gigante que inspira varejistas por todo o mundo, cobra um valor anual para oferecer frete grátis e acesso a serviços como streaming de conteúdo.
No entanto, não é esse modelo que o Magazine quer seguir. "Não é porque a Amazon tem o serviço Prime que também temos que fazer", afirmou o presidente. De acordo com ele, o brasileiro tem capacidade de pagamento menor que o norte-americano e, por isso, o modelo de assinatura paga não funcionaria no país.
Atualmente, o aplicativo do Magazine Luiza tem 6 milhões de usuários ativos, que fizeram compras no último mês. Esse é um número expressivo, 140% superior ao de um ano atrás. Porém, ainda é comum que as pessoas desinstalem o aplicativo após uma compra. Para manter os usuários dentro do aplicativo, a empresa está aumentando o número de serviços e produtos da plataforma.
Eletrodomésticos, que eram o foco do Magazine, não são produtos comprados com muita frequência. Por isso, a empresa está investindo em moda e alimentação, itens que são comprados com maior regularidade.
Outra frente de trabalho é trazer os 4,2 milhões de portadores de um cartão Luiza para dentro do aplicativo. "Temos muitos clientes ativos, mas que usam pouco esse cartão no meio digital", disse o presidente.
Resultado
A intenção de criar um super app veio depois que o Magazine Luiza anunciou os resultados de 2018. O lucro líquido foi de 597 milhões de reais no ano passado, crescimento de 54% em relação com o ano anterior. As vendas totais cresceram 35%, atingindo 19,7 bilhões de reais.
A força da companhia está na integração entre os digital e físico. Ao assumir a presidência da empresa, Frederico Trajano tomou como meta converter o Magazine em uma empresa digital com pontos físicos. Hoje, o presidente diz que não faz mais sentido falar em transformação digital. “Já passamos por esse processo e estamos em nova fase”, afirmou, em teleconferência com analistas.
O Magazine continua com planos agressivos de crescimento, mas dessa vez sem olhar tanto para o número de vendas. O objetivo será aumentar a base de clientes ativos e a frequência de compra, principalmente por meio de seu aplicativo.