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Na compra do BIG pelo Carrefour, o que muda para o bolso do consumidor?

Apesar de o Carrefour se consolidar na liderança, analistas ouvidos pela EXAME acreditam que pode haver redução de preços com expansão das bandeiras de atacarejo Atacadão e Sam's Club

Apesar de o Carrefour se consolidar na liderança, analistas ouvidos pela EXAME acreditam que pode haver redução de preços com expansão das bandeiras de atacarejo Atacadão e Sam's Club (Germano Lüders/Exame)

Victor Sena

Publicado em 24 de março de 2021 às 13h47.

Última atualização em 24 de março de 2021 às 16h47.

A aquisição do grupo BIG pelo Carrefour Brasil, anunciada nesta quarta-feira, vai colocar nas mãos do grupo as marcas BIG, Super Bompreço, Maxxi Atacado, Walmart e Sam's Club, além daqueles que eles já administravam.

Isso deve levar o grupo a se consolidar na posição de maior varejista do Brasil, após comprar o terceiro colocado. Em segundo lugar, está o Grupo Pão de Açúcar, que detém o Assaí. A pergunta que fica é que efeitos isso pode trazer para o consumidor.

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Sebastien Durchon, diretor financeiro do grupo Carrefour Brasil afirma que a aquisição das marcas do BIG deve gerar benefícios para o consumidor brasileiro.

“O consumidor vai se beneficiar muito com isso. Tem lojas que vamos converter para nossas bandeiras que oferecem produtos em segmentos mais baratos ao cliente. A marca Atacadão, por exemplo, é a mais barata do segmento cash and care (modelo também conhecido como atacarejo ou atacado de autoserviço). O consumidor das lojas Maxxi também vai ser beneficiado”, defende o executivo.

As unidades Maxxi serão convertidas para a bandeira Atacadão e parte das lojas BIG e BIG Bompreço para as bandeiras Atacadão e Sam's Club.

O Grupo BIG (antigo Walmart Brasil) opera uma rede de 387 lojas, sendo 35 unidades Sam 's Club, 107 hipermercados BIG e BIG Bompreço, 99 supermercados Bompreço e Nacional, 97 lojas Todo Dia, 49 unidades Maxxi e 13 postos de gasolina.

Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira, 24, representantes da empresa destacaram que o mercado regional é muito forte no Brasil, e com a concorrência, não dá para falar de uma consolidação do varejo no país. Ou seja, na visão deles, não há risco para concorrência.

“Nós vamos ter crise nos próximos dois ou três anos. E isso significa que o consumidor brasileiro vai precisar de preço, que é o forte da marca Atacadão. Se alguém entrega isso e entrega em casa no dia seguinte, é ótimo. Eu acho que o consumidor ganha com esses movimentos. No Brasil, tivemos péssimas experiências com marcas que tinham preços abusivos”

Valter Pieracciani, analista

O analista cita a expansão da operação do e-commerce do Atacadão, que pode ser um diferencial para o público que não abre mão de certo conforto ao fazer compras e não gosta da experiência nesse estilo de loja.

A aquisição expandirá a presença do Carrefour Brasil em regiões onde há penetração limitada, como o Nordeste e Sul do país, e que, segundo a empresa, oferecem forte potencial de crescimento. Analistas ouvidos pela EXAME afirmam que o Carrefour fez um ótimo negócio porque conseguirá complementar sua operação no Brasil.

Essa complementariedade dos negócios vai ampliar a base de clientes do Carrefour no Brasil de 45 milhões para 60 milhões de clientes.

Na visão do analista do varejo Marcos Gouvêa de Souza, fundador de uma das maiores empresa de análise de varejo, o consumidor também deverá ter mais alternativas de marcas, formatos, canais e bandeiras, mas observa que haverá uma concentração de grupos econômicos.

A ideia de que os preços devem baixar faz sentido, pelo menos teoria, também para o analista de varejo André Pimentel, que foi consultor do Walmart Brasil, antigo nome do BIG.

“Teoricamente falando, quando você aumenta escala, você tem possibilidade de estender os benefícios disso para o consumidor. As operações do Atacadão são bastante eficientes, são competitivas. Então, a conversão das lojas do BIG e do Maxxi para o Atacadão podem trazer sim algumas ofertas pro cliente”, explica.

Isso acontece principalmente porque há uma troca no modelo de operações das lojas, não só da bandeira.

Mercado de varejo

Por envolver riscos à livre concorrência, a compra ainda deve passar por aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).O pagamento da transação de 7,5 bilhões de reais, considerada barata pelo Carrefour, será realizado 70% em dinheiro e 30% por meio de emissão de novas ações do Carrefour ( CRFB3 ).

O Carrefour acredita que o Cade aprovará a compra sem muitas restrições, sobretudo em decorrência do histórico de aquisição recente de 40 lojas do Makro, que não implicou em embargos à rede atacadista.

O acordo fechado inclui um adiantamento de 900 milhões de reais ao grupo BIG, e um pagamento adicional condicionado à valorização das ações do Carrefour Brasil. Concluída a operação o Grupo Carrefour terá 67,7% de participação no Grupo Carrefour Brasil (ante 71,6% de hoje) e a Península Participações terá 7,2%, enquanto Advent e Walmart terão juntos 5,6%.

O varejo alimentar no Brasil é um mercado de 250 bilhões de reais, com crescimento quinquenal de 6,4%. Hoje o Carrefour tem cerca de 8,6% deste universo, com uma participação de 21,5 bilhões de reais em vendas ao consumidor final.

A rede ocupa o segundo lugar entre as varejistas com maior atuação no país, perdendo para o Grupo GPA, detentora do Pão de Açúcar, com 10,5% de participação e 26,3 bilhões em vendas. Os dados são da empresa de pesquisa de mercado Euromonitor, e considera hipermercados, supermercados e mercados de bairro.

Com a aquisição do BIG - que detinha, 7,3% do mercado nacional - o Carrefour se consolida como líder absoluto do setor.

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