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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
A Mittal Steel, maior siderúrgica do mundo, ofereceu 22,7 bilhões de dólares pela compra da Arcelor, a segunda maior do planeta. A proposta reforça a tendência de consolidação no setor e foi muito bem recebida pelos analistas de mercado. Segundo eles, a iniciativa indica fortalecimento e valorização da siderurgia, inclusive no Brasil.
"A proposta de compra tem um impacto muito positivo, porque mostra que há um processo de consolidação em curso, já que se trata de um mercado bastante fragmentado", diz André Castro, gestor de renda variável da corretora Sul América. Segundo Patrick Conrad, analista de siderurgia e mineração do banco Santander, um dos fatores positivos do processo de consolidação que se anuncia é o aumento do poder da indústria siderúrgica em disciplinar os preços junto aos seus clientes, como as montadoras e os fabricantes de eletrodomésticos.
Para o analista de investimento da corretora Souza Barros, Angelo Larozi, a iniciativa da Mittal também traz perspectivas positivas ao mercado. "Para a maior do mundo querer comprar a principal concorrente é porque há demanda e revela interesse pelo setor. As conseqüências disso são muito favoráveis também para outras empresas de siderurgia", afirma Larozi.
Efeitos no Brasil
No Brasil, segundo Castro, a movimentação coloca a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Usiminas como potenciais alvos de possíveis ofertas de aquisição, já que são de pequeno porte em relação às estrangeiras.
Dentro do quadro de consolidação do setor, a Arcelor ainda tem etapas a cumprir no Brasil. A companhia francesa controla a Arcelor Brasil, que reúne a Companhia Siderúrgica de Tubarão, Belgo-Mineira e Vega do Sul e lançou oferta no início deste mês para a compra de ações da Acesita. Para Larozi, da Souza Barros, as operações brasileiras da Arcelor também sairão beneficiadas. "As ações em bolsa acabam se valorizando aqui também".
A concretização do negócio entre a Mittal e a Arcelor envolverá outra gigante da siderurgia, a alemã Thyssenkrupp. Os planos de compra da Mittal passam pela transferência da canadense Dofasco, recém adquirida pela Arcelor por cerca de 3,9 bilhões de euros, para a Thyssen. A compra da Dofasco pela Arcelor foi fechada na última terça-feira (23/1), e representou uma derrota da companhia alemã, que também desejava o controle da canadense. Segundo Larozi, a inclusão da Dofasco na negociação é uma forma de a Mittal fazer caixa. Tanto a Mittal quanto a Arcelor têm preço de mercado nas bolsas européias avaliado em 18 bilhões de euros.
Proposta hostil
A proposta da Mittal foi considerada hostil pela Arcelor uma vez que "ocorreu sem consulta ou discussão prévia entre as duas empresas". A Mittal Steel ofereceu 28,21 euros por ação, 27% a mais do que o preço das ações da Arcelor negociadas ontem (26/1). Segundo Conrad, do Santander, a Arcelor deverá se inteirar da proposta e tentar valor mais alto para fechar a negociação. O desempenho das ações nos principais mercados mundiais deverá ser o principal argumento, diz Conrad.
Juntas, a Mittal e a Arcelor teriam 10% de participação no mercado de aço. Segundo informações da Mittal, um possível acordo vai criar uma companhia com valor de mercado de 40 bilhões de dólares e produção anual de aço de 100 milhões de toneladas. A empresa espera que a fusão gere sinergias de 1 bilhão de dólares. A japonesa Nippon Steel assumiria a segunda colocação do ranking da indústria siderúrgica mundial com 32 milhões de toneladas de produção ao ano.