Mundial de surfe estreia em piscina que fabrica onda perfeita
O problema para os surfistas ocasionais é que chegar aos melhores picos do esporte, como Havaí, Indonésia ou Fiji, dá trabalho, e custa caro
Da Redação
Publicado em 6 de setembro de 2018 às 06h10.
Última atualização em 6 de setembro de 2018 às 06h45.
Todos os anos, o surfe movimenta cerca de 13 bilhões de dólares em roupas, pranchas e equipamentos, segundo uma pesquisa divulgada pela revista Fortune. Mas esse número não inclui uma das maiores fontes de gastos do esporte: as cada vez mais populares viagens de surfe ao redor do mundo. O problema, para os surfistas ocasionais, é que chegar aos melhores picos do esporte, como Havaí, Indonésia ou Fiji, dá trabalho, e custa caro. Outro complicador é que, no dia-a-dia, por motivos óbvios, a prática do esporte está restrita a quem mora no litoral.
Mas esta quinta-feira pode marcar uma nova página para o esporte, e para os surfistas de fim de semana. Pela primeira vez em sua história, o mundial de surfe será disputado numa piscina de ondas artificiais, na Califórnia. O complexo que receberá o torneio foi construído em 2015 pelo surfista Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial de surfe. Durante anos, Slater trabalhou de forma obsessiva para emular artificialmente ondas perfeitas numa piscina de 700 por 150 metros.
Para conseguir o feito, Slater contratou, em 2006, Adam Fincham, pesquisador da Universidade do Sul da Califórnia, especialista em fluidos. Fincham concebeu uma lâmina de metal que corre pela água a 30 quilômetros por hora e cria uma onda perfeita que dura cerca de 50 segundos. É, segundo especialistas no esporte, uma revolução perto das piscinas com ondas que se espalharam pelo mundo há pelo menos 50 anos. Em 2020, o surfe estreará na Olimpíada de Tóquio, e a produção artificial de ondas perfeitas pode ser um passo decisivo (e caro) para a inclusão do surfe no programa olímpico.
A piscina deve trazer uma nova dinâmica à competição, já que produzirá ondas iguais em intervalos regulares, condição muito diferente da encontrada pelos surfistas na natureza. Será um teste para os brasileiros, que vêm dominando o circuito mundial em 2018. Após sete etapas disputadas, o país tem o primeiro colocado, Filipe Toledo, o segundo, Gabriel Medina, e o quarto, Ítalo Ferreira.
Depois da Califórnia, os surfistas voltam a seu habitat natural, a praia, para as três etapas que encerram o calendário: na França, em Portugal e no Havaí.