MMX traria mais ganhos à Cliffs Natural, dizem analistas
Mineradora americana conseguiria mais diversificação geográfica ao comprar a empresa de Eike Batista
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
São Paulo - A mineradora americana Cliffs Natural seria a mais beneficiada pela eventual compra da MMX, fundada pelo empresário Eike Batista em 2005. A avaliação é da corretora canadense BMO. Em relatório assinado pelo analista Tony Robson, a BMO afirma que a Cliffs seria a melhor opção, entre as empresas que estariam interessadas no negócio.
Em reportagem publicada ontem (3/8), o jornal O Estado de S.Paulo afirma que Eike está negociando a venda de sua fatia na MMX. Entre as companhias com quem estaria conversando, estariam a Cliffs e o grupo siderúrgico Arcelor Mittal.
A BMO lembra que a Cliffs chegou a comprar 30% das operações da MMX no Amapá em 2006. Dois anos depois, os 70% de participação que Eike ainda detinha nesta operação foram arrematados pela Anglo American por 5,5 bilhões de reais.
Para a corretora canadense, "a aquisição dos ativos de minério de ferro da MMX preencheria a meta da Cliff de se diversificar geograficamente nos mercados de minerais relacionados à siderurgia."
Outro atrativo para a Cliff seria o contrato de fornecimento de minério que a MMX mantém com a siderúrgica chinesa Wuhan Steel. Assinado em 2009, quando os chineses compraram 21,5% da MMX, o acordo determina o fornecimento de minério de ferro por 30 anos à Wuhan. A garantia de um cliente cativo por tanto tempo, sem dúvida, seria bem-vinda pelos americanos.
Além disso, ajudaria Eike a resolver um problema prático. Para cumprir o acordo com os chineses, o empresário precisará recorrer à produção das jazidas que arrendou em Minas Gerais. A questão é que esses arrendamentos têm prazo de 20 anos - mais curtos, portanto, do que ao contrato com a Wuhan.
"Na hipótese de uma transição na MMX, a BMO Research espera que a Cliffs seja capaz e esteja disposta a prover o minério à Wuhan", afirma o analista da corretora canadense.
Dívida
Mas, como em todo grande negócio, a Cliffs enfrenta um desafio para comprar a MMX. Nos últimos tempos, a mineradora americana investiu 1 bilhão de dólares em aquisições de ativos nas áreas de carvão mineral e cromo. A BMO não descarta a hipótese de que a Cliff não assuma a empresa devido a essas dívidas previamente assumidas.
O comprometimento com essas obrigações poderia atrapalhar a Cliffs, diante do porte da MMX. A BMO calcula que o valor de mercado da empresa de Eike seja de 6 bilhões de reais - cerca de 3,4 bilhões de dólares. Atualmente, o homem mais rico do Brasil detém 44% da MMX, o que significaria que sua fatia equivale a 2,64 bilhões de reais (aproximadamente 1,5 bilhão de dólares).
Já a Wuhan, que já detém 21,5% da MMX, não é uma aposta forte da BMO para arrematar a companhia. Isto porque, segundo a corretora, é improvável que os chineses queiram operar sozinhos jazidas de minério de ferro. Neste caso, a opção mais forte seria uma joint-venture entre os chineses e a brasileira.