Microsoft se une ao clube indiano com escolha de CEO
Com Nadella, companhia se uniu a um clube crescente de corporações multinacionais dirigidas por gerentes nascidos na Índia
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 22h48.
Com o apontamento de Satya Nadella como CEO, a Microsoft se uniu a um clube crescente de corporações multinacionais dirigidas por gerentes nascidos na Índia. A lista inclui a Pepsi, o Deutsche Bank, a MasterCard, a Adobe Systems, a Diageo, o gigante de bens de consumo listado na bolsa de Londres Reckitt Benckiser e a fabricante de semicondutores GlobalFoundries.
A princípio, as coisas em comum entre os CEOs indianos não são particularmente informativas. Todos têm por volta de 50 anos, a idade em que se pode esperar que a carreira de um gerente bem-sucedido chegue a seu auge. Todos são formados em universidades dos EUA ou do Reino Unido além das suas escolas na Índia – o que não surpreende ninguém, pois todos foram imigrantes que precisaram de um trampolim para uma nova cultura.
Os que tiveram experiência como gerentes na Índia começaram com corporações globais, algo lógico dado que teria sido mais difícil fazer o salto à proeminência global de uma das empresas familiares que compreendem cerca de dois terços das empresas indianas.
Pelo menos três deles – Nadella; o CEO da Adobe, Shantanu Narayen e Prem Watsa, que dirige a Fairfax Financial, a aspirante a salvadora da Blackberry – foram à mesma escola pública em Hyderabad, que experimentou um boom tecnológico por volta do final do século que incluiu o estabelecimento do primeiro centro de desenvolvimento da Microsoft fora dos EUA. Na época em que o boom se desenvolveu, no entanto, os três já tinham abandonado a cidade natal há muito tempo.
Em outros aspectos, o passado dos executivos é muito diferente. Eles vêm de diferentes partes da Índia: Jaipur, onde o CEO conjunto do Deustche Anshu Jain nasceu, fica a 2.080 quilômetros de Chennai, local de nascimento de Indra Nooyi, da Pepsi.
Alguns dos CEOs – Nooyi, Ajay Banga, da Mastercard, e Ivan Menezes, da Diageo, – foram aos Institutos de Gestão da Índia, escolas de administração criadas pelo governo indiano desde a década de 1960 para criar uma elite local de gestão. A maioria não foi. Alguns deles, como Nooyi, Narayen, Rakesh Kapoor, da Benckiser, e Nadella estudaram engenharia. Outros, como Jain, Menezes e Banga, são formados em Economia e Administração.
Contudo, deve haver uma razão pela qual tantos indianos e não, digamos, brasileiros, russos ou chineses fizeram carreiras corporativas estelares. A resposta poderia ser encontrada em estudos sobre a cultura indiana de gestão.
Segundo pesquisas da St. Gallen University na Suíça, os executivos indianos se inclinam pela gestão participativa e por construir relações significativas com os subordinados. “O estilo de liderança empregado tradicionalmente na Índia fomentou um elo emocional entre os superiores e os subordinados”, disse o estudo, de 2004. “O sentimento de que a companhia se importa genuinamente pelos funcionários forneceu um forte laço de fidelidade que foi além das recompensas financeiras”.
Um estudo feito em 2007 por pesquisadores da Southern New Hampshire University, que compararam os gerentes indianos com os americanos, descobriu que os oriundos do Sudeste Asiático são mais humildes. Não é por acaso que Nadella começou seu primeiro e-mail aos funcionários da Microsoft como CEO dizendo “este dia me faz sentir muito humilde”.
O estudo também descobriu que os indianos estão particularmente orientados para o futuro, focados em estratégias de longo prazo. Narayen, da Adobe, diz: “Se você puder unir todos os pontos entre o que você vê hoje e onde você quer ir, então provavelmente isso não seja suficientemente ambicioso ou uma boa aspiração”.
Talvez, mais importante, os gerentes indianos chegam ao topo porque perseveram. A maioria dos que mencionei tiveram a paciência para ascender pelas filas das suas companhias, aprendendo cuidadosamente seu negócio desde todos os pontos de vista. Nooyi entrou na Pepsi em 1994, Jain arrumou seu primeiro emprego no Deutsche Bank um ano depois, Menezes está na Diageo desde 1997, Narayen foi contratado pela Adobe em 1998 e o apontamento de Nadella coroa uma carreira de 22 anos com a Microsoft.
Não há nada especificamente indiano na empatia, na humildade, na paciência e na capacidade de sonhar. Contudo, são essas qualidades que parecem ter criado o “clube indiano” de pessoas que conseguiram mais do esperado em empresas globais.
Com o apontamento de Satya Nadella como CEO, a Microsoft se uniu a um clube crescente de corporações multinacionais dirigidas por gerentes nascidos na Índia. A lista inclui a Pepsi, o Deutsche Bank, a MasterCard, a Adobe Systems, a Diageo, o gigante de bens de consumo listado na bolsa de Londres Reckitt Benckiser e a fabricante de semicondutores GlobalFoundries.
A princípio, as coisas em comum entre os CEOs indianos não são particularmente informativas. Todos têm por volta de 50 anos, a idade em que se pode esperar que a carreira de um gerente bem-sucedido chegue a seu auge. Todos são formados em universidades dos EUA ou do Reino Unido além das suas escolas na Índia – o que não surpreende ninguém, pois todos foram imigrantes que precisaram de um trampolim para uma nova cultura.
Os que tiveram experiência como gerentes na Índia começaram com corporações globais, algo lógico dado que teria sido mais difícil fazer o salto à proeminência global de uma das empresas familiares que compreendem cerca de dois terços das empresas indianas.
Pelo menos três deles – Nadella; o CEO da Adobe, Shantanu Narayen e Prem Watsa, que dirige a Fairfax Financial, a aspirante a salvadora da Blackberry – foram à mesma escola pública em Hyderabad, que experimentou um boom tecnológico por volta do final do século que incluiu o estabelecimento do primeiro centro de desenvolvimento da Microsoft fora dos EUA. Na época em que o boom se desenvolveu, no entanto, os três já tinham abandonado a cidade natal há muito tempo.
Em outros aspectos, o passado dos executivos é muito diferente. Eles vêm de diferentes partes da Índia: Jaipur, onde o CEO conjunto do Deustche Anshu Jain nasceu, fica a 2.080 quilômetros de Chennai, local de nascimento de Indra Nooyi, da Pepsi.
Alguns dos CEOs – Nooyi, Ajay Banga, da Mastercard, e Ivan Menezes, da Diageo, – foram aos Institutos de Gestão da Índia, escolas de administração criadas pelo governo indiano desde a década de 1960 para criar uma elite local de gestão. A maioria não foi. Alguns deles, como Nooyi, Narayen, Rakesh Kapoor, da Benckiser, e Nadella estudaram engenharia. Outros, como Jain, Menezes e Banga, são formados em Economia e Administração.
Contudo, deve haver uma razão pela qual tantos indianos e não, digamos, brasileiros, russos ou chineses fizeram carreiras corporativas estelares. A resposta poderia ser encontrada em estudos sobre a cultura indiana de gestão.
Segundo pesquisas da St. Gallen University na Suíça, os executivos indianos se inclinam pela gestão participativa e por construir relações significativas com os subordinados. “O estilo de liderança empregado tradicionalmente na Índia fomentou um elo emocional entre os superiores e os subordinados”, disse o estudo, de 2004. “O sentimento de que a companhia se importa genuinamente pelos funcionários forneceu um forte laço de fidelidade que foi além das recompensas financeiras”.
Um estudo feito em 2007 por pesquisadores da Southern New Hampshire University, que compararam os gerentes indianos com os americanos, descobriu que os oriundos do Sudeste Asiático são mais humildes. Não é por acaso que Nadella começou seu primeiro e-mail aos funcionários da Microsoft como CEO dizendo “este dia me faz sentir muito humilde”.
O estudo também descobriu que os indianos estão particularmente orientados para o futuro, focados em estratégias de longo prazo. Narayen, da Adobe, diz: “Se você puder unir todos os pontos entre o que você vê hoje e onde você quer ir, então provavelmente isso não seja suficientemente ambicioso ou uma boa aspiração”.
Talvez, mais importante, os gerentes indianos chegam ao topo porque perseveram. A maioria dos que mencionei tiveram a paciência para ascender pelas filas das suas companhias, aprendendo cuidadosamente seu negócio desde todos os pontos de vista. Nooyi entrou na Pepsi em 1994, Jain arrumou seu primeiro emprego no Deutsche Bank um ano depois, Menezes está na Diageo desde 1997, Narayen foi contratado pela Adobe em 1998 e o apontamento de Nadella coroa uma carreira de 22 anos com a Microsoft.
Não há nada especificamente indiano na empatia, na humildade, na paciência e na capacidade de sonhar. Contudo, são essas qualidades que parecem ter criado o “clube indiano” de pessoas que conseguiram mais do esperado em empresas globais.