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Mesmo com a Femsa, Heineken terá vida difícil no Brasil

Sonegação de impostos e adaptação ao gosto local são obstáculos a serem vencidos pela cervejaria holandesa

Heineken terá dificuldades para construir sua marca no Brasil, alertam especialistas (.)

Heineken terá dificuldades para construir sua marca no Brasil, alertam especialistas (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

O grupo holandês Heineken comemorou bastante a aquisição da cervejaria mexicana Femsa por 7,7 bilhões de dólares por meio de uma troca de ações. A empresa não esconde que, além do interesse no mercado mexicano, também queria ter uma porta de entrada no Brasil, onde a Femsa é dona de marcas como Kaiser, Sol e Xingu. "O Brasil mostra um cenário econômico brilhante. A Heineken já tem ampliado a sua atuação no país. Sem dúvida, com essa operação teremos uma grande capacidade de crescimento", afirmou em teleconferência com analistas José Antonio Fernández Carbajal, nomeado vice-presidente do Conselho de Supervisão da Heineken.
 

Procuradas, a AmBev, a Heineken e a Femsa não quiseram dar entrevistas. Atualmente, a Heineken é a terceira maior produtora do mundo de cervejas, sendo superada apenas pela líder AB Inbev (dona da Ambev) e pela SABMiller PLC. Segundo dados do Instituo Nielsen, a empresa holandesa junto com a mexicana Femsa possui 7,2% da participação total do mercado brasileiro, permanecendo atrás das principais concorrentes Petrópolis (9,7%), Schincariol (13%) e AmBev (70%).
 
Projeções da Fator Corretora apontam que, com o novo negócio, a participação da Heineken (incluindo a Femsa) no Brasil deverá chegar a 8,5% até o fim de 2011. Dessa forma, a empresa holandesa permaneceria ainda atrás da Petrópolis (9,5%), da Schincariol (11,5%) e da AmBev (70%). O novo negócio, portanto, não traria uma mudança significativa para o setor no país. "Neste momento, o que importa para a cervejaria holandesa é uma diversificação na estratégica global. Atuar em um mercado emergente, que tem crescido mais do que o europeu, poderá agregar resultados significativos para a empresa", afirma o analista Renato Prado.
 
A corretora Link chama a atenção para a disputa pelo terceiro lugar que se travará entre as cervejarias Heineken e Petrópolis. "Para subir uma posição no mercado brasileiro, a empresa holandesa aproveitará o aumento da renda do país para insistir no consumo das cervejas premium, especialidade da Heineken", diz o analista Rafael Cintra. "Apesar de não mudar muita coisa no Brasil, a entrada da Heineken como concorrente ajudará a consolidar ainda mais o setor", complementa.

México
A chegada da Heineken ao México foi encarada como um sinal de que o próximo movimento na xadrez global das cervejarias pode ser a compra da totalidade das ações da também mexicana Corona. A cervejaria belgo-brasileira AB Inbev entrou no capital da Corona quando a Inbev comprou a Anheuser-Busch e levou junto as ações da mexicana. Segundo o blog Primeiro Lugar, do Portal EXAME, a AB Inbev sempre teve interesse em comprar o resto das ações da Corona e esse movimento pode ganhar força agora que a Femsa virou uma das líderes globais por meio da associação com a Heineken.

Para os analistas do banco Barclays, no entanto, isso não é necessariamente verdade. Em relatório, o Barclays afirma que, se a SAB Miller tivesse vencido a disputa com a Heineken pela Femsa, a pressão pela venda do controle seria muito maior. Porque a cervejaria holandesa costuma entrar em novos mercados com uma estratégia de preservar preços e margens. "Nós acreditamos que a Heineken seja, em geral, menos agressiva que a SABMiller ao entrar em novos mercados. Portanto, é possível que, para os administradores da Modelo, esse seja um motivo para manter a independência", afirmam os analistas do banco britânico. Mas que ninguém espere pelo fim do assédio da AB Inbev.

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