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Merck assina acordo para dar acesso à pílula contra covid em países pobres

A Merck e parceiros não receberão royalties enquanto a Covid for classificada como emergência de saúde pública de interesse internacional pela Organização Mundial da Saúde.

 (Merck/Divulgação)

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Publicado em 27 de outubro de 2021 às 10h09.

Última atualização em 27 de outubro de 2021 às 10h10.

por James Paton, da Bloomberg

A Merck & Co. fechou a um acordo de licenciamento com o objetivo de ampliar o acesso à sua promissora pílula contra a Covid-19, um passo que organizações da saúde esperam possa incentivar outras farmacêuticas a agirem.

O acordo com o Pool de Patentes de Medicamentos, apoiado pelas Nações Unidas, ajudará a disponibilizar a terapia antiviral em mais de 100 países de renda baixa e média se a pílula for aprovada, permitindo que farmacêuticas de genéricos solicitem licenças para fabricar o medicamento experimental, segundo comunicado na quarta-feira.

É o primeiro acordo da organização para fornecer acesso a uma tecnologia de Covid. Especialistas manifestaram preocupação de que nações de baixa renda, ainda com acesso desigual às vacinas, enfrentem a mesma dificuldade para obter medicamentos contra a doença. A Merck e parceiros não receberão royalties enquanto a Covid for classificada como emergência de saúde pública de interesse internacional pela Organização Mundial da Saúde.

Reino Unido, Austrália, Malásia e Singapura estão entre os que já buscaram garantir o fornecimento da molnupiravir da Merck. O Pool de Patentes iniciou discussões com farmacêuticas em março do ano passado, no início da pandemia, de acordo com Charles Gore, diretor executivo da organização.

“Dissemos: ‘Olha, fazemos licenciamento de saúde pública, temos muita experiência nisso e gostaríamos que a indústria viesse até nós para que possamos discutir a possibilidade de licenciamento’”, disse Gore em entrevista. “Francamente, é um pouco decepcionante que não o tenham feito. Só começou mais recentemente.”

Barreiras permanecem

A pílula pode beneficiar países mais pobres devido ao baixo custo de produção e facilidade de uso. A farmacêutica dos EUA tomou medidas para garantir que mais países possam obter o medicamento, tendo assinado acordos de licenciamento com fabricantes de genéricos indianas no início do ano. A Merck e a parceira Ridgeback Biotherapeutics buscam autorização para uso emergencial nos EUA, e o tratamento será revisado pelo comitê da reguladora FDA no próximo mês.

Obstáculos regulatórios e outros desafios precisam ser resolvidos antes que farmacêuticas possam fabricar versões genéricas, e o potencial de produção não será concretizado sem incentivos e garantias, disse Trevor Mundel, presidente de saúde global da Fundação Bill & Melinda Gates na semana passada. A organização Gates prometeu até US$ 120 milhões para ajudar fabricantes de genéricos.

Organizações de saúde também temem que alguns países de renda média duramente atingidos possam ser excluídos de acordos de licenciamento. A campanha é considerada crucial, pois muitas nações de renda mais baixa não têm acesso às vacinas.

“Uma das coisas tristes é que a indústria fez um ótimo trabalho ao desenvolver vacinas e agora tratamentos que são realmente ótimos, e toda a boa vontade gerada foi perdida com o acesso desigual”, disse Gore. “Isso é absolutamente crítico para dar certo, precisamos melhorar nisso.”

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