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Mercado Livre entra na onda do live commerce com nova plataforma de vendas

Chamada de Mercado Livre Live, plataforma vai exibir programas ao vivo e diários dentro do app do Meli; 100 marcas devem participar do novo projeto inicialmente

Comprar via lives: Mercado Livre aposta em plataforma própria para live commerce (Lucas Agrela/Exame)
KS

Karina Souza

Publicado em 5 de novembro de 2021 às 08h00.

Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 18h55.

Você pode nunca ter ouvido falar da expressão “live commerce”, mas o conceito é relativamente fácil de entender: é uma versão para a internet dos antigos canais de vendas -- bem ao estilo Polishop e Shoptime, por assim dizer. Pode parecer algo inusitado, mas longe de ser desprezível: é uma tendência que deve movimentar US$ 600 bilhões até 2027, segundo a Research and Markets. E, é claro, o Brasil não fica de fora dessa dança. O live commerce chegou com força ao país durante a pandemia e só ganhou força desde então. Prova disso é que, para além das lives realizadas nos canais digitais em momentos de pico de vendas, o Mercado Livre vai lançar uma plataforma permanente para divulgar o próprio programa diário de vendas.

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Chamada de Mercado Livre Live, a plataforma será testada primeiro no Brasil e contará com o próprio time de criadores de conteúdo do Meli, além de vendedores e colaboradores da companhia. Para começar o projeto, lançado nesta sexta-feira (5), foram selecionadas 100 marcas, vendedores e colaboradores para fazerem parte da produção de conteúdo. A ideia é que, num segundo momento, mais vendedores possam entrar na plataforma e, pensando numa “terceira fase”, será possível que qualquer pessoa possa vender os próprios produtos ao vivo via live streaming.

“Queremos democratizar o social commerce, fortalecendo nossa plataforma para que marcas, vendedores e criadores de conteúdo possam realizar transmissões ao vivo e vender produtos, contando seus benefícios, realizando reviews mais detalhadas e mostrando seu funcionamento ou uso. A plataforma representa o futuro do e-commerce. Iniciaremos essa estratégia no Brasil, por ser um mercado mais maduro em que as lives commerces têm maior penetração, e expandiremos para toda a América Latina”, afirma Tainá Saramago, gerente regional de Live Commerce do Mercado Livre, em comunicado.

Entrando em detalhes, as lives serão diárias e integradas ao marketplace da companhia. As gravações serão realizadas tanto de forma remota quanto presencial. Para isso, a companhia afirma que foram construídos cinco estúdios de filmagens no escritório da empresa em Osasco, cada um representando uma vertical de conteúdo que terá foco nessa primeira etapa: Tecnologia, Beleza e Cuidado Pessoal, Ofertas, Moda e Casa & Móveis. Para os influenciadores selecionados, a gravação será realizada à distância, nas próprias casas deles.

A nova iniciativa vem em boa hora para o Meli. Em resultados anunciados nesta quinta-feira, a companhia anunciou que seu volume de vendas (GMV) chegou a 7,3 bilhões de dólares de julho a setembro, um avanço notável de 29,7% -- mas longe dos 117,1% de expansão registrados um ano antes. Mesmo assim, a empresa fechou o trimestre com 1,9 bilhão de dólares em receita e, no Brasil (que responde por mais da metade desse valor) a expansão foi de 69%. Ou seja, capacidade para investir não falta, mas não dá para ficar parado.

Em meio à retomada da vida presencial, impulsionada pela vacinação, o Mercado Livre quer manter a dianteira anunciando primeiro do que seus concorrentes uma plataforma dedicada ao live commerce. No ano passado, diferentes ações foram conduzidas por varejistas brasileiras: Magalu, Renner e Americanas foram alguns exemplos de empresas que afirmaram ter bons resultados com campanhas conduzidas dessa maneira. Esta última, inclusive, criou a própria plataforma de live commerce no ano passado, de forma pioneira no país.

Se tudo correr bem para o Meli, as perspectivas para a empresa crescer ainda mais em vendas estão bastante claras -- e deixam a empresa ainda mais próxima de referências no segmento fora do Brasil. Na China, berço do live commerce, o Taobao -- e-commerce do Alibaba -- tem 80% da audiência desse formato do país e aumentou em 150% o número de usuários em 2020 em relação a 2019. Segundo o Alibaba, a ferramenta já ajudou a gerar quase dois milhões de empregos. Nos Estados Unidos, quem lidera a corrida é a Amazon, com a ferramenta “Amazon Lives”, que também teve bastante sucesso em 2020.

Fato é que vale a pena competir. Além do mercado bilionário, fatores sensoriais contribuem para o aumento do live commerce globalmente. De acordo com uma pesquisa conduzida pela consultoria Analytic Partners, uma impressão de um vídeo vale três vezes mais do que uma imagem estática na tela de quem assiste em termos de retorno de investimento.

Ou seja, na era em que as pessoas procuram por maneiras cada vez mais rápidas de resolver compras online, tirar dúvidas e -- por que não? -- aprender com marcas, tudo isso se possível somado às recomendações de seus influenciadores favoritos, o clássico bordão “quem sabe faz ao vivo” vai continuar atual para definir o futuro do varejo na internet.

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