Mercado Livre dos produtores rurais, startup Clicampo capta R$ 40 milhões
Agtech fundada em 2021 conecta pequenos agricultures e varejistas nas grandes capitais por meio de um marketplace
Maria Clara Dias
Publicado em 15 de junho de 2022 às 07h30.
Última atualização em 15 de junho de 2022 às 13h19.
A Clicampo, startup que conecta produtores rurais a restaurantes e varejistas em grandes cidades, anunciou a captação de R$ 40 milhões em uma rodada semente liderada pelos fundos Valor Capital Group e MAYA Capital.
Também participaram do aporte os investidores-anjo Marcelo Abritta, fundador da Buser; Rafael Costa, fundador da Across Capital e ex-Vulcan Capital; Luis Cascão, fundador da Truepay, além dos times fundadores das startups Agrolend e Pier.
Fundada em 2021 a Clicampo nasceu para solucionar uma das principais ineficiências da agricultura nacional: os gargalos logísticos que causam desconexão entre o que é produzido por pequenos e médios agriculturores e as gôndolas de lojistas e os cardápios de restaurantes nas grandes capitais. Em outra frente, a Clicampo também se dispõe a auxiliar esses varejistas e restaurantes em busca de fornecedores de alto padrão, com itens frescos que seguem certos padrões de qualidade.
Para isso, a Clicampo funciona como um marketplace, um "Mercado Livre" para agricultores familiares, conectando produtores que anunciam seus produtos online e restaurantes e varejistas nas metrópoles. Para acabar com a morosidade e desconexão, a startup também fica a cargo da parte logística, realizando as entregas até o ponto de venda, assim como o gigante de e-commerce citado para fins de comparação.
À frente da startup estão os empreendedores José Miguel Noblecilla, Luiza Batista, Bruno Mengatti e Yuri Janotti, executivos com passagens nas áreas de marketing, vendas tecnologia, operações e produto de empresas como Rappi, Uber e Wildlife Studios. Já na presidência está Victor Bernardino, filho de uma proprietária de restaurantes que permaneceu no setor por quase três décadas, enquanto seu pai foi criado em meio a agricultura familiar.
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Segundo Bernardino, CEO da empresa, o público potencial da Clicampo está em torno de 4 milhões famílias de agricultores que encaram certos percalços na produção, incluindo a remuneração castigada pelas ineficiências que podem acontecer ao longo da cadeia. De olho nisso, a Clicampo se compromete a remunerar os produtores numa média até três vezes superior à praticada pelo mercado.
“Após um ano de testes de mercado, esse investimento vem para consolidar nossa proposta de valor e provar que a agricultura nacional de pequeno porte tem um grande potencial rentável para todas as etapas da cadeia, especialmente para as famílias produtoras locais”, diz.
Atualmente, a startup atua nas cidades de Belo Horizonte e Campinas. Uma terceira cidade, também atendida pela Clicampo, não é divulgada pelos fundadores.
Com o aporte, a intenção á investir em novas tecnologias e recuros na plataforma, fortalecer as comunidades de agricultores rurais que já comercializam itens por ali e também chegar a novas praças. Até o final do ano, a meta é estar em até cinco cidades do país, e depois crescer 20 vezes nos próximos dois anos. Em termos de volume, a intenção é comercializar cerca de 3.000 toneladas de alimentos frescos por mês.
É um crescimento que será apoiado pela inclusão de novas áreas de atuação e também novos segmentos de venda, como pequenos varejistas, grandes cadeias de restaurantes e startups de supermercados digitais.
“Vamos investir fortemente na sustentação dessa tese, desenvolvendo tecnologias para a plataforma, expandindo nosso time com profissionais altamente talentosos e conectados a esse propósito. Buscamos também criar parcerias de longo prazo com diferentes players do mercado que estão nessa mesma missão”, diz.
Desenvolvimento social
Enquanto mira num público desassistido de opções logísticas e financeiras para escalar suas produções, a Clicampo também pretende assumir um papel social no desenvolvimento econômico de pequenos agricultores do país. Uma das maneiras para isso se dá no apoio a comunidades e pólos produtores especialmente isolados. Um desses locais é a região de Brumadinho, em Minas Gerais.
Por lá, a Clicampo ajuda agricultores da região impactados pela queda da barragem em 2019 em parceria com o projeto Superação Brumadinho, ação conduzida pelo Sistema FAEMG/SENAR/INAES, o Sindicato Rural junto aos agricultores locais e o NovoAgro. A expectativa, segundo a startup, é de impactar até 300 pequenos produtores afetados pelo desastre, permitindo um crescimento de até 40% em sua renda familiar.