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Margens menores e menos concentração: o ensino privado sem Fies

Resultados da Kroton, a serem divulgados hoje, devem escancarar as dificuldades das grandes redes, que vêm perdendo terreno para as pequenas e médias

SALA DE AULA DA KROTON: No segundo trimestre, a Kroton anunciou queda de 4,1 ponto percentual em sua margem Ebitda
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Da Redação

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 06h28.

Última atualização em 9 de novembro de 2018 às 06h57.

O maior grupo de ensino privado do mundo, a Kroton , divulga seus resultados antes da abertura do mercado desta sexta-feira num balanço que deve mostrar que a vida continua dura após o encolhimento no Fies , o programa de financiamento estudantil do governo federal. As grandes redes de ensino do país vivem um dilema sem solução à vista: ou mantêm uma agressiva estratégia de captação de alunos, colocando em risco suas margens, ou priorizam os resultados, e abrem mão de crescimento.

O dilema ficou escancarado ontem, quando a segunda maior empresa do setor, a carioca Estácio, divulgou seus resultados. A empresa conseguiu cortar custos e expandir em 26% o Ebitda (resultado antes de impostos e amortizações), mas captou 25% menos alunos no ensino presencial, o que derrubou sua base de alunos presenciais em 10%. O relatório trimestral fez as ações da Estácio caírem 8% ontem e levou as da Kroton junto, com queda de mais de 5%. Como os desafios das duas companhias são semelhantes — e boa parte dos investidores são os mesmos — o resultado da Kroton hoje também deve impactar o da Estácio.

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No segundo trimestre, a Kroton anunciou queda de 4,1 ponto percentual em sua margem Ebitda, decorrente de provisionamento para financiar por conta própria os novos alunos. As outras duas empresas listadas do setor, a Ânima e a Ser, sofrem os mesmos desafios das líderes. A Ser mantém uma agressiva política de cortes de custos para compensar a perda de captação — que foi de 5% no terceiro trimestre. A Ânima, por sua vez, que divulga resultados no dia 13, conseguiu economizar 35 milhões de reais nos últimos 12 meses em melhorias operacionais para dar conta do cenário mais desafiador.

Em 2017, o número de alunos financiados pelo Fies foi de 170.000, ante 690.000 em 2014. No auge da euforia, mais de metade dos novos alunos de grandes grupos de ensino entravam financiados pelo governo, com risco zero para as instituições. Como foram os grandes grupos os que mais se prepararam para se beneficiar do Fies, o mercado se concentrou. Agora, o movimento é o contrário. A Kroton tinha 10,2% do mercado presencial em 2015, e 9,4% em 2017, segundo cálculos da consultoria Atmã. A mesma perda de terreno se vê no ensino a distância, grande aposta das instituições para compensar a retração no ensino tradicional. O número total de novos alunos, segundo a Atmã, cresceu 20% em 2017, para 908.000 no ano. Mas Kroton e Estácio expandiram a base em apenas 10% no período.

O jogo do ensino superior privado mudou. O futuro será de margens menores, e maior competição pelas matrículas. A bolsa reflete os desafios das grandes: depois de crescer 160% entre 2016 e o final de 2017, as ações da Kroton caíram mais de 40% nos últimos 12 meses.

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