A Warner vai perder a magia depois de Harry Potter?
Maior sucesso do estúdio na década, o fim da saga do bruxo adolescente já leva o estúdio a buscar uma nova fórmula para se manter no topo
Tatiana Vaz
Publicado em 6 de dezembro de 2010 às 05h27.
São Paulo – A saga de Harry Potter, o mágico adolescente mais famoso de todos os tempos, chega ao fim em julho do ano que vem, com a segunda parte do último filme da série, para tristeza de fãs em todo o mundo. E para preocupação do estúdio Warner Bros. A empresa faturou cerca de 7,5 bilhões de dólares em vendas de ingressos desde que a primeira versão do filme, que chegou às telas em 2001. O desafio da empresa agora é definir que magia usar para não ver suas receitas caírem depois desse grande sucesso.
A primeira parte da última história do jovem feiticeiro, Harry Potter e as Relíquias da Morte, arrecadou 125 milhões de dólares em seu final de semana de estreia nos Estados Unidos e Canadá. No Brasil, o filme passou a ser exibido no dia 19 de novembro e, apenas nas duas primeiras semanas, atraiu mais de 2,4 milhões de espectadores.
“Estamos começando a olhar o potencial de outros personagens como possíveis franquias”, afirmou Alan Horn, presidente e chefe de operações mundial da Warner, em entrevista recente ao Business Week. “Se Sherlock Holmes poderia ser uma franquia? Sim, poderia”, disse ele em relação ao filme que arrecadou 523 milhões de ingressos em todo mundo no ano passado.
Do mágico para os super-heróis
Os filmes de Harry Potter, junto com outras séries lucrativas como O Senhor dos Anéis e Matrix, fizeram o estúdio Warner ser o mais rentável em sete dos últimos dez anos. Mas boa parte dos resultados são atribuídos ao mágico. Em 2009, Harry Potter e o Enigma do Príncipe foi responsável por 14% dos 2,11 bilhões de dólares faturados pelo estúdio com ingressos de cinemas, segundo a empresa Box Office Mojo, um site especializado no setor.
“Os filmes da série já arrecadaram 1 bilhão de dólares a mais que os seis filmes de Star Wars juntos, e proporcionaram ao estúdio estabilidade em uma indústria imprevisível”, diz David Bank, analista da RBC Capital Markets. “Realmente não será fácil substituir nas telas o sucesso de Harry e seus amigos da Escola Hogwarts de Magia e Bruxaria”.
Por enquanto, a Warner trabalha em vários projetos baseados em super-heróis da DC Comics - propriedade do estúdio desde 1969. Em junho, a empresa lançará um filme do Lanterna Verde, estrelado pelo ator Ryan Reynolds, além de novas versões do Super Homem e Batman. Mulher-Maravilha, Flash, Arqueiro Verde e Aquaman são outros personagens que devem estar em breve nas telas de cinema.
Seja apelando para superpoderes, seja escalando o mitológico Sherlock Holmes para descobrir uma saída, o fato é que a Warner corre contra o tempo para não ser engolida pela lacuna que será deixada pelo fim da história de seu principal produto nos últimos dez anos. Tudo seria mais fácil se pudesse ser resolvido com uma varinha de condão. Mas, um dia, até a magia de Harry Potter teria de terminar. Infelizmente, os executivos da Warner não têm uma cicatriz na testa que os protega de tempos mais difíceis.