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Líder que só pensa em dinheiro sacrifica pessoas, diz guru

Para Raj Sisodia, companhias precisam ter propósitos que vão além do lucro


	Raj Sisodia: "o lucro é positivo, mas a empresas precisam de um propósito além dele"
 (HSM/Divulgação)

Raj Sisodia: "o lucro é positivo, mas a empresas precisam de um propósito além dele" (HSM/Divulgação)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 6 de novembro de 2014 às 11h01.

São Paulo - Uma empresa precisa medir o seu sucesso pelo impacto que ela causa na sociedade, e não pelo seu resultado financeiro. É o que defende o indiano Raj Sisodia, cofundador do movimento Capitalismo Consciente e autor do livro homônimo.

Sisodia falou a executivos durante a HSM Expomanagement nesta quarta-feira, em São Paulo. "Uma companhia é a coisa mais humana que se pode encontrar na sociedade, porque afeta a vida das pessoas o tempo todo. Ela não é uma máquina, é um organismo vivo", disse.

De acordo com o pensador, todas as decisões de uma organização devem ser tomadas levando em conta que ela faz parte da sociedade. E, para isso, é necessário ter um propósito além do lucro.

"O lucro é positivo e sem ele não se realiza nada, mas as empresas precisam atingir um propósito por serem rentáveis e não o contrário. Elas têm que usar o lucro para conseguir causar o impacto que querem".

Para Sisodia, é o propósito que motiva as pessoas e desperta em cada um a vontade de servir ao próximo, o que, no fim, acaba convertido em maior lucratividade.

Segundo ele, esse é o segredo de algumas trajetórias bem-sucedidas, como a do Google. "O grande objetivo do Google é divulgar informações e facilitar o acesso a elas. Em cima disso é que ele construiu a sua cultura", exemplificou.

Ele reforça que todos os públicos de relacionamentos de uma empresa constituem um sistema interdependente: clientes, funcionários, fornecedores e investidores. "Se você se preocupar só com um, acaba destruindo os outros. É preciso criar um sistema em que todos saem ganhando".

Equilíbrio

Uma companhia que consegue equilibrar bem essas esferas, na visão dele, é a Whole Foods. Com valor de mercado de US$ 14 bilhões, ela é uma das varejistas mais bem-sucedidas dos Estados Unidos, segundo ele.

Fundada em 1978, a Whole Foods escolheu como missão produzir alimentos mais saudáveis (sem corantes artificiais, conservantes e ingredientes processados) e melhorar a cadeia alimentar do planeta.

Lá, de acordo com Sisodia, o salário mais alto não pode ser 19 vezes maior do que a remuneração média da equipe. "No Walmart, por exemplo, essa proporção pode chegar a 1.100 para um. A Whole Foods não espreme ninguém. Tudo é feito com muita transparência e não se gasta muito em marketing", contou.

Para conseguir resultados como este, o guru diz que as empresas devem atrair executivos pelo seu propósito, e não pelo bônus. "Se você tiver líderes que só pensam em dinheiro, eles vão sacrificar as pessoas", disse.

É necessário, também, ter parceiros e investidores que querem provocar um impacto positivo na sociedade e não estão interessados somente no retorno. "A chave é se perguntar: estamos fazendo algo que vai solucionar mais problemas do que criar?", disse.

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