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JBS faz importação inédita de picanha dos EUA

A carne americana vem para atender a um mercado premium, cujo valor agregado viabiliza importações, apesar da tarifa de pouco mais de 10% no Brasil

JBS: "O brasileiro gosta de carne, existe potencial de consumo que pode ser explorado. Acho que é um mercado que tende a crescer muito", afirmou o diretor técnico da empresa (Divulgação/Divulgação)

JBS: "O brasileiro gosta de carne, existe potencial de consumo que pode ser explorado. Acho que é um mercado que tende a crescer muito", afirmou o diretor técnico da empresa (Divulgação/Divulgação)

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Reuters

Publicado em 2 de maio de 2017 às 17h53.

São Paulo/Brasília - A brasileira JBS, maior produtora global de carnes, realizou a primeira importação de carne bovina in natura norte-americana para o Brasil, um pequeno carregamento de 12 toneladas de picanha que vem para desenvolver um mercado premium no qual a companhia vê grande potencial no país.

A importação pela JBS de um tipo de corte que tem um apelo muito maior entre os consumidores brasileiros do que entre norte-americanos pode atingir pelo menos 150 toneladas ao mês, segundo as projeções iniciais da companhia, o equivalente a quase 10 por cento da produção de picanha da companhia no Brasil, e um indicativo do tamanho do nicho de mercado que a empresa busca.

A picanha dos EUA, produzida a partir de um gado com origem europeia, é mais macia por ter mais gordura entremeada do que a produzida com o boi predominante no rebanho nacional, das raças zebuínas, que resulta em uma carne mais "magra".

E vem para atender a um mercado premium, cujo valor agregado viabiliza importações, apesar da tarifa de pouco mais de 10 por cento no Brasil, atualmente o maior exportador global de carne bovina, enquanto os EUA são os maiores produtores.

"O brasileiro gosta de carne, existe potencial de consumo que pode ser explorado. Acho que é um mercado que tende a crescer muito", afirmou à Reuters o diretor técnico da JBS Carnes, Bassem Sami Akl Akl, lembrando que o negócio foi possível após os dois países firmarem, no ano passado, um acordo bilateral que permite também a exportação de carne brasileira in natura aos EUA.

Se a demanda brasileira pelo produto for boa neste primeiro momento, a importação da JBS poderia atingir até 200 toneladas por mês. A título de comparação, a JBS produz no Brasil 1.700 toneladas mensais de picanha.

"No momento em que você disponibiliza, está oferecendo mais opção. Vai ter quem se disponha a pagar um pouco mais, em detrimento de uma (picanha) nacional", declarou Bassem.

A importação de carne bovina in natura dos EUA, que passou a ser possível por qualquer empresa após o acordo de equivalência sanitária no ano passado, tem uma facilidade comercial para a JBS pelo fato de a companhia ter grande operação na América do Norte.

O diretor comercial da JBS Carnes, Antônio Sobrinho Almeida Souza, acrescentou que a companhia não precificou, neste primeiro momento, o valor de venda do produto, que inicialmente será comercializado nos "principais restaurante de São Paulo", até pelo pequeno volume da primeira carga que não poderia atender o varejo como um todo.

Souza acrescentou que a empresa tem ainda a meta de fornecer a carne dos EUA aos principais empórios e, mais adiante, vender o produto nas lojas Swift, da própria JBS.

"Vamos fazer essa experimentação, sentir o que mercado entende do produto, qual vai ser a aceitação, e aí vamos para todo o Brasil, com picanha, maminha, alcatra completa."

Souza disse ainda que a empresa já tem outras cargas de carnes do EUA já contratadas para desembarque no Brasil.

Esse primeiro carregamento, que chegou ao porto de Santos, já foi liberado e está atualmente em um armazém da companhia, onde será aberto em um evento simbólico na quarta-feira com a presença de representantes do governo dos EUA.

A JBS, assim como outras companhias do setor, tem interesse também em exportar carne in natura do Brasil aos EUA, um mercado que deverá ser dominado, entretanto, por um produto de menor valor agregado que a picanha.

A ideia é que as exportações brasileiras sejam concentradas em cortes de dianteiro para a produção de hambúrguer, um produto bastante consumido nos EUA, numa operação que já vem sendo realizada pela empresa e outras companhias do segmento.

Ao gosto do Brasil

A empresa vem trabalhando na importação de cortes nobres dos EUA desde o ano passado, e enviou para lá uma equipe para desossar a carne ao gosto do brasileiro, disse Bassem.

Questionado sobre qual unidade da JBS seria exportadora líquida de carne bovina, a dos EUA ou a do Brasil, o executivo disse que essa é uma "equação difícil de ser fechada hoje".

"Neste momento, o que mandamos para lá é uma commodity, produtos para industrialização", disse ele, referindo-se à matéria-prima para hambúrguer.

A JBS USA Carne Bovina, que inclui Austrália e Canadá, teve faturamento em 2016 de mais de 20,5 bilhões de dólares, o que representa mais do dobro do faturado pela unidade Mercosul.

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