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JBS deve convocar assembleia sobre afastamento dos Batista até 6ª

Caso contrário, o BNDESpar, como principal acionista minoritário, poderá chamar a reunião extraordinária, de acordo com uma fonte

JBS: o BNDES já tem o apoio de outros minoritários, incluindo a Caixa (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 29 de junho de 2017 às 17h11.

Rio de Janeiro - O grupo JBS tem até sexta-feira para convocar uma assembleia geral extraordinária (AGE) solicitada pelos acionistas minoritários para discutir o afastamento da família Batista do dia a dia da companhia.

Caso contrário, o BNDESpar, como principal acionista minoritário, poderá chamar a reunião extraordinária, de acordo com uma fonte próxima das discussões.

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Na semana passada, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que por meio da BNDESpar tem mais de 21 por cento do capital da JBS, protocolou um pedido para uma reunião extraordinária sobre mudanças no comando da maior processadora de carne do mundo, fomentado pelos escândalos envolvendo o nome da empresa.

Pelo entendimento dos minoritários, a JBS tem 8 dias corridos do envio do pedido para convocar a AGE. "Se trabalha com a lei. Os 8 dias são referentes ao prazo que a empresa tem para convocar a AGE. Caso contrário, o BNDESpar pode convocar", disse a fonte que pediu para não ter seu nome revelado, pois não está autorizada a falar sobre o assunto. "A data conta a partir do envio da carta que chegou na tarde de quarta-feira passada", acrescentou.

O BNDES já tem o apoio de outros minoritários, incluindo a Caixa Econômica Federal, que detém pouco mais de 4 por cento das ações da JBS, para uma cruzada contra a família Batista e pela profissionalização da gestão da empresa. "O objetivo principal é conduzir o processo de substituição de pessoas da empresa", frisou a fonte.

O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, defendeu na segunda-feira a revisão da composição do conselho de administração da JBS e o afastamento da família Batista do comando da companhia.

Representantes da JBS não comentaram o assunto nesta quinta-feira.

A troca do presidente-executivo da JBS é considerada por minoritários como chave para a mudança de rumos da empresa que foi abalada inicialmente pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, em março, e em maio pelo conteúdo das delações premiadas de executivos da empresa no âmbito da Lava Jato, que envolveram o presidente da República, Michel Temer.

Desde as delações dos executivos da empresa até a véspera, as ações da companhia acumulam queda de cerca de 35 por cento.Às 13:18, as ações da JBS exibiam alta de 1,6 por cento, cotadas a 6,25 reais, enquanto o Ibovespa mostrava estabilidade.

Em maio, os irmãos Joesley e Wesley Batista renunciaram aos postos de presidente e vice-presidente do conselho da JBS, após formalização de acordos de delação premiada dos executivos com o Ministério Público.

Além disso, a controladora J&F, que detém cerca de 42 por cento da JBS, fechou acordo de leniência, com pagamento de multa recorde de 10,3 bilhões de reais.

Wesley foi substituído por seu pai, José Batista, na vice-presidência do conselho da JBS, mas seguiu como membro do colegiado e como presidente-executivo da companhia.

Os minoritários têm pressa na troca do comando da JBS para tentar resgatar a imagem da companhia que tem elevadas dívidas de curto prazo e se vê obrigada a vender ativos para honrar com seus compromissos.

A empresa anunciou que fará um desinvestimento da ordem de 6 bilhões de reais.

"Achamos o maior desafio do ponto de vista da empresa (no momento) é a escolha do presidente-executivo. Os demais cargos, que não são tão relevantes assim, são mais fáceis de trocar", avaliou a fonte, sem indicar quem poderia ser escolhido para função.

Uma segunda fonte, também próxima das discussões, afirmou ainda que o novo presidente da empresa poderia vir de fora da JBS para dar um choque de credibilidade na empresa.

"O Conselho (da JBS) está avaliando as alternativas (para os Batista)", disse a fonte.

A JBS anunciou na quarta-feira a criação de um Comitê de governança, tema que já vinha sendo tratado, segundo uma segunda fonte, há bastante tempo, antes do vazamento do conteúdo das delações, mas encontrava uma certa dificuldades para ser implementado.

"É importante uma política de governança, mas tem que se criar uma política e uma cultura de governança na empresa. Acima de tudo tem que ter vontade e patrocínio", disse a fonte.

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