Irani aporta R$ 900 mil em startup que substitui plástico usando fungo para embalagens e decoração
Desde o início de seu Corporate Venture Capital, a companhia gaúcha já aportou 3,8 milhões de reais em negócios
Repórter de Negócios
Publicado em 4 de outubro de 2023 às 15h50.
Última atualização em 4 de outubro de 2023 às 20h02.
Uma das principais indústrias de papéis e embalagens do Brasil, a Irani investiu 900.000 reais na startup paranaense Mush. O aporte foi por meio da Irani Ventures, o braço de Corporate Venture Capital da companhia, que tem sede no Rio Grande do Sul. É a segunda investida da empresa nascida em 1941 em pouco mais de dois meses. Em agosto, aportaram 1,4 milhão de reais na growPack, que faz bioembalagens com palha de milho.
No caso da Mush, que recebeu o aporte agora, o foco também é sustentabilidade. A empresa criada em 2019 desenvolve produtos, principalmente de decoração, usando como matéria-prima um material biodegradável feito à base defungos oriundos de resíduos agrícolas e vegetais.
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Na prática, a tecnologia desenvolvida pela Mush controla o processo de crescimento do micélio, um conglomerado de hifas, que é uma rede de fibras finas, semelhantes a raízes. Essas hifas se desenvolvem em uma espécie de rede e agem como cola. A Mush pega esse material e usa como cola para grudar resíduos agrícolas. Depois, cria "placas" que podem ser customizadas de acordo com o produto. É o caso, por exemplo, das luminárias, cuja copa é feita deste material produzido pela Mush.
No portfólio da empresa, há luminárias, esculturas, painéis para parede, quadros e porta-velas. Há também trabalho com embalagens. Com o aporte, vão acelerar tanto a produção como a pesquisa para novos produtos.
Por que investir em fungos
A Corporate Venture Capital da Irani tem apostado em investir em startups que exploram insumos alternativos na produção de embalagens. Foi o caso, por exemplo, da growPack, em agosto, que recebeu 1,4 milhão de reais para continuar e acelerar a produção de embalagens com um componente orgânico presente na palha de milho.
“Enquanto indústria, queremos, cada vez mais, apoiar iniciativas inovadoras que tenham uma forte preocupação com o meio ambiente”, diz Fabiano Alves Oliveira, diretor de Pessoas, Estratégias e Gestão da Irani. “Temos o desenvolvimento sustentável como pilar do negócio na Irani, então as investidas precisam estar alinhadas com a nossa tese”.
No caso específico da Mush, pesou ainda que a companhia entendeu que a startup tem grandes chances de escala. “Quando estávamos selecionando startups para receber investimento da Irani Ventures, procurávamos uma empresa com tecnologia de ponta, capaz de transformar resíduos em matéria-prima e que suas soluções estivessem aderentes à nossa tese de novas embalagens”, afirma Paulo Beck, Head de Investimentos da Grow+, que faz a gestão da venture da Irani. “Encontramos na Mush muito mais do que uma empresa de transformação de resíduos: é uma empresa com processo inovador, tecnologia patenteada e pesquisadores suportados pelo CNPQ, que lhes permite manter um time robusto e multidisciplinar de pesquisa científica”.
Ou seja, a Irani entendeu que esta tecnologia tem capacidade de substituir outras embalagens, principalmente plástico ou papelão.
Qual a trilha de investimentos da Irani
Em 2022, a Irani Ventures anunciou o seu primeiro aporte financeiro, investindo 1,5 milhão de reais na Trashin, startup de economia circular com gestão de lixos de Porto Alegre. Em 2023, a segunda escolhida para o aporte foi a growPack, com 1,4 milhão de reais. Agora, a terceira investida é a Mush.
Ou seja, desde o início da CVC da Irani, a companhia gaúcha já aportou 3,8 milhões de reais em negócios.
Qual a estrutura da Irani hoje
Fundada em 1941, a Irani Papel e Embalagem é hoje uma das líderes do setor de embalagens no Brasil. Controlada desde 1994 pelo Grupo Habitasul, tradicional grupo empresarial da região Sul do país, produz papéis para embalagens, chapas e caixas de papelão ondulado, além de resinas naturais.
Hoje, tem unidades produtivas em Vargem Bonita (SC), Santa Luzia (MG), Indaiatuba (SP) e Balneário Pinhal (RS). Também responde por florestas em Santa Catarina eno Rio Grande do Sul. São 2.300 funcionários. Em 2022, teve recorde de lucro líquido, de 378,2 milhões de reais, uma alta de 32,6% em relação a 2021. Faturou no ano R$ 1,6 bilhão.