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Investigadores japoneses querem que Carlos Ghosn assine confissão

Na sexta-feira, os advogados de Ghosn fizeram um pedido especial para que seu cliente pudesse comparecer à corte

Carlos Ghosn (Bloomberg/Bloomberg)

Carlos Ghosn (Bloomberg/Bloomberg)

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AFP

Publicado em 6 de janeiro de 2019 às 10h44.

Carlos Ghosn, detido no Japão por suposta fraude, pode ser libertado da prisão com a "única condição" de assinar uma confissão escrita em japonês, língua que não compreende, declarou o filho do presidente da Renault, Anthony Ghosn, em entrevista ao jornal francês Journal du Dimanche (JDD).

Assegurando que seu pai está "disposto a se defender" perante um tribunal de Tóquio na próxima terça-feira (8), a partir das 10h30 (23h30 em Brasília), Anthony Ghosn explicou que a "única condição imposta para a sua liberdade é uma confissão".

"O paradoxal, é que a confissão está escrita apenas em japonês", enquanto "ele não fala este idioma", reclamou o filho.

Ele pode "dizer ao promotor que rejeita as acusações contra ele, ou confessar e ser libertado. Há sete semanas, sua decisão é bastante clara", ressaltou.

"Não tenho nenhuma notícia direta dele, tenho apenas por meio de seus advogados japoneses. Está em boa forma. Está disposto a se defender energicamente, e está muito focado em responder às acusações contra ele", disse o jovem de 24 anos, que falou pela primeira vez com a imprensa.

A audiência "será muito importante", acrescentou. "Pela primeira vez, poderá falar sobre os fatos da acusação, expressar sua visão. Acho que todos ficarão muito surpresos ao ouvir sua versão da história. Até agora, só ouvimos a acusação falar. Terá dez minutos para falar e não vai desistir", acrescentou Anthony Ghosn.

Na sexta-feira, os advogados de Ghosn fizeram um pedido especial para que seu cliente pudesse comparecer à corte e tomar conhecimento por parte da Procuradoria, publicamente, dos motivos de sua detenção.

O pedido foi feito com base em um dispositivo especial do artigo 34 da Constituição japonesa. O tribunal não pode rejeitá-lo.

Segundo o seu filho, "ele resiste, ainda que tenha perdido cerca de dez quilos comendo três bowls de arroz por dia. As condições não são muito saudáveis. Mas ele assume tudo isso como um desafio e lê livros que enviamos quase todos os dias".

Detido em 19 de novembro e ainda preso, Ghosn está obrigado a se manter em silêncio, e seus advogados não podem assistir aos interrogatórios, nem têm acesso às provas do caso.

Na última segunda, o tribunal de Tóquio decidiu prorrogar sua detenção por mais dez dias, até 11 de janeiro, no âmbito de um novo mandado de prisão por suspeitas de fraude.

Ghosn é acusado de ter feito a Nissan acobertar "perdas em investimentos pessoais" durante a crise financeira de outubro de 2008, o que ele nega, segundo seus advogados citados pela imprensa japonesa. A quantia em jogo chega a 1,85 bilhão de ienes (em torno de 16,6 milhões de dólares).

Para resolver este problema financeiro, teriam conseguido que um amigo da Arábia Saudita o avalizasse e teria feito transferências por uma quantia equivalente na conta deste último, partindo de uma conta de uma filial da Nissan.

Este tipo de delito normalmente prescreve ao fim de sete anos, mas a lei permite suspender o correr do relógio durante as estadas no exterior - várias no caso de Ghosn, que passava apenas um terço do tempo no Japão.

Segundo a imprensa, a Procuradoria também suspeita de que Ghosn tenha movimentado cerca de 45 milhões de dólares da Nissan para seus "contatos" no Líbano e em outros países.

Ghosn também está detido por uma primeira acusação de suspeita de sonegação de renda nos relatórios anuais da Nissan entregues às autoridades financeiras.

Sua mão direita, o executivo americano Greg Kelly, administrador da Nissan, detido em 19 de novembro no Japão junto com Ghosn, foi solto no dia de Natal.

Em paralelo, a administração da aliança Renault-Nissan se encontra em dificuldades.

Nissan e Mitsubishi Motors tiraram Ghosn da presidência do conselho de administração, mas o grupo francês Renault o mantém no cargo até agora e entregou a diretoria-executiva, a título interino, a seu número dois, Thierry Bolloré.

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