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Investigada pela Lava Jato, OAS pede recuperação judicial

Grupo venderá ativos para pagar dívidas e capitalizar seu negócio principal, a construção pesada


	OAS: Grupo venderá ativos para pagar dívidas e capitalizar seu negócio principal, a construção pesada
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

OAS: Grupo venderá ativos para pagar dívidas e capitalizar seu negócio principal, a construção pesada (Dado Galdieri/Bloomberg)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 31 de março de 2015 às 15h46.

São Paulo – Uma das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, a OAS apresentou hoje, 31, pedido de recuperação judicial de nove de suas empresas à Justiça do estado de São Paulo.

De acordo com comunicado divulgado pela própria empresa, este seria o melhor caminho encontrado pelo grupo para renegociar suas dívidas com credores e fornecedores.

Segundo nota, ela decidiu também que concentrará esforços naquilo que “é sua principal vocação, a construção pesada”.

A OAS enfrenta restrição de crédito desde o final do ano passado, quando passou a ser investigada pelos contratos fechados com a Petrobras, na Operação Lava Jato da Polícia Federal.

De acordo com o presidente da OAS Investimentos, Fabio Yonamine, o setor de infraestrutura depende de financiamento para o desenvolvimento dos projetos, restrito pelas instituições financeiras.

Ao mesmo tempo, clientes suspenderam pagamentos e novas contratações. Como consequência, as agências de rating rebaixaram a nota da OAS, o que levou ao vencimento antecipado de suas dívidas.

Outros financiamentos também foram paralisados. Por exemplo, o fundo de pensão dos funcionários da Caixa (Funcef) suspendeu o aporte de R$ 200 milhões que deveria ter feito até março na OAS Empreendimentos, empresa do ramo imobiliário do grupo OAS.

A empresa, que tem R$ 8 bilhões em dívidas, já suspendeu o pagamento de qualquer passivo desde o início do ano. 

Para continuar operando, a empreiteira irá vender ativos no processo de recuperação judicial “para dar segurança aos investidores de que não correrão risco de ter seu negócio contestado na Justiça pelos credores da OAS”, afirma Diego Barreto, diretor de desenvolvimento corporativo da construtora.

As dívidas contraídas até a data de hoje (31 de março) serão congeladas e renegociadas. De acordo com a empresa, pagamentos de salários e benefícios de colaboradores não serão afetados pelo processo.

Serão colocadas à venda a participação da OAS S.A. na Invepar (24,44% do negócio),a fatia no Estaleiro Enseada (17,5%), a OAS Empreendimentos (80%), a OAS Soluções Ambientais (100%), a OAS Óleo e Gás (61%) e a OAS Defesa (100%). Também serão negociadas a Arena Fonte Nova (50%) e a Arena das Dunas (100%).

O que atrasa o plano da OAS são ações na Justiça, inclusive uma americana, em que credores acusam a empresa de desviar patrimônio para garantir a venda da Invepar, concessionária de diversos ativos, entre eles o Aeroporto de Guarulhos. Parte da venda está até bloqueada.

Outros envolvidos

A OAS não será a única empresa ligada à Petrobras que pode entrar com esse recurso.

Sem o principal financiador, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e queda em ratings internacionais, grupos envolvidos na Lava Jato começam a desmoronar.

A Galvão Engenharia viu as obras de rodovia ficarem inviáveis e a Schahin também pode entrar com pedido de recuperação. A empresa de óleo e gás deste grupo, que fornece sondas para a Petrobras, tem uma dívida de US$ 1 bilhão vencendo neste ano.
 

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