Intermédica compra Unimed ABC, a 3ª aquisição em dois anos
Com a compra da Unimed ABC, Intermédica faz a terceira aquisição no setor de planos de saúde em dois anos
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2016 às 13h14.
Última atualização em 26 de abril de 2018 às 10h40.
São Paulo - Depois de nove meses de negociações, o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) fechou ontem a compra da Unimed ABC.
Com a operação, que deve ser divulgada na segunda-feira e não teve valor revelado, a gestora de hospitais e planos de saúde se consolida como a terceira maior operadora no segmento médico-hospitalar do País.
Essa é a terceira aquisição feita pelo grupo desde 2014, quando o fundo americano Bain Capital pagou, segundo estimativas do mercado, cerca de R$ 2 bilhões pelo controle da NotreDame Intermédica.
Desde então, a empresa subiu duas posições no ranking das maiores operadoras do País em número de beneficiários no segmento médico-hospitalar.
Segundo dados da Associação Nacional de Saúde (ANS), que ainda não consideram a aquisição, o ranking é liderado pela Amil, com 3,87 milhões de vidas, seguido por Bradesco (3,81 milhões), NotreDame Intermédica (1,958 milhão), Hapvida (1,943 milhão) e Sulamérica (1,75 milhão).
Com a aquisição da Unimed ABC, a NotreDame Intermédica incorpora 70 mil vidas, um hospital, cinco centros clínicos e duas unidades de atendimento 24 horas. Para ser concretizada, a operação deve passar pelo aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Segundo o presidente do Grupo NotreDame Intermédica, Irlau Machado Filho, a compra faz parte da estratégia de expansão do grupo que, apesar da crise e da contração do setor, espera fechar o ano com um crescimento de 9% na carteira de beneficiários.
"Além das aquisições, estamos crescendo graças a uma combinação de gestão eficiente, controle de custos e preços de planos que chegam a ser 20% mais baratos do que a concorrência", resume Machado Filho.
Com 12 hospitais próprios e atuação concentrada no Rio de Janeiro e em São Paulo, a empresa consegue atender 65% dos sinistros em rede própria, eliminando custos. Segundo Machado Filho, procedimentos dentro de casa chegam a ser 40% mais baratos do que os feitos em rede credenciada.
O desempenho da operadora - que fechou 2015 com faturamento de R$ 2,9 bilhões (crescimento de 18% em relação a 2014) e um aumento de 20% no número de beneficiários (saúde e odontológico) - destoa do cenário geral do mercado de planos de saúde.
Pela primeira vez em dez anos, o setor registrou retração em 2015, reflexo da crise e do aumento do desemprego - os planos oferecidos por empresas respondem por dois terços do mercado. Com isso, quase 2 milhões de beneficiários deixaram os planos desde o início do ano passado.
Na avaliação de Paulo Furquim de Azevedo, coordenador do Centro de Estudos em Negócios do Insper, em função da atenção aos custos e dos preços mais competitivos, a empresa pode ter se beneficiado do movimento de downgrade que o setor tem vivido.
Para Azevedo, além da crise em si, o setor sofre com um alto grau de ineficiência, o que faz com que empresas que eliminem algumas imperfeições, consigam se destacar.
"Companhias que chegam com alta tecnologia de informação e de gestão estão conseguindo um espaço de transformação não só em planos, como em hospitais e laboratórios", afirma, citando outro modelo em expansão: as clínicas populares de consulta médica, como Dr. Consulta.
Para Walter Cintra Ferreira Jr, professor da FGV e coordenador do curso de especialização em administração hospitalar e de sistemas de saúde, o movimento de consolidação do mercado tende a se fortalecer ainda mais. "Quem não tem escala e gestão não consegue mais se estabelecer nesse mercado."