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Ifood prevê entrega com drone em quatro minutos e detalha a operação

Em entrevista à EXAME, Roberto Gandolfo, vice-presidente de logística do iFood explicou como vai funcionar as entregas previstas para outubro

iFood inicia testes de entregas com drone (Divulgação/Reuters)

iFood inicia testes de entregas com drone (Divulgação/Reuters)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 12 de agosto de 2020 às 12h55.

O aplicativo de entregas iFood anunciou nesta quarta-feira, 12, o aval da Agência Nacional Aviação Civil (Anac) para voos experimentais com drones. A operação, que deve ser iniciada em outubro, busca trazer agilidade nos pedidos por meio de dois testes, que podem deixar parte da entrega até seis vezes mais rápida, como explicou Roberto Gandolfo, vice-presidente de logística do iFood em entrevista exclusiva à EXAME.

Como vai funcionar a operação?

Temos a aprovação para seguir em duas rotas. A primeira é um movimento que faz a comida sair da praça de alimentação de um shopping até a área de expedição para o entregador. Ao invés dele ter que entrar no shopping, o drone pode levar essa comida e reduzir o tempo de 12 para 2 minutos. Outra rota de até 2,5 km vai ao condomínio residencial e ali uma pessoa só termina a entrega deixando o pedido na portaria. No primeiro momento a operação acontece com os restaurantes de shoppings, por ser um ambiente mais controlado e propício para os testes. 

Para onde a operação está disponível e como será expandida? 

Pretendemos começar em outubro em Campinas, uma cidade no interior de São Paulo, próxima ao escritório sede, em Osasco, e onde temos um volume importante de pedidos e de restaurantes. Não temos ainda expectativa de atender outras regiões, mas o nosso interesse é ampliar rapidamente, sempre dependendo dos resultados.

Quais resultados é preciso ter? 

Segurança é o primeiro fator para que as rotas possam ser operadas; o segundo é produtividade relacionada ao tempo, então quantas entregas a mais somos capazes de fazer por conta do drone. Na primeira rota pensamos em algo como o trecho seis vezes mais rápido, e em outra rota pensamos em fazer 4 minutos ao invés de 10 ou 15, quando no raio de 2,5 km. Na prática, se isto for confirmado, toda a escala da operação muda bastante. Além disso, dependemos das aprovações rigorosas e necessárias da Anac. É importante dizer, por exemplo, que o drone pode carregar até dois quilos, e que as entregas sempre são assistidas remotamente por uma pessoa da empresa parceira Speedbird Aero.

Qual o investimento do projeto?

Não temos o número de investimento, pois esta é uma fase de pesquisa. Um ponto relevante é entender que estamos montando um sistema de logístico completo com as motos, bicicletas,  patinetes, e o o iFood Box, no qual o cliente pega seu pedido em uma caixa disponível no condomínio.

Os entregadores têm exigido mais direitos, como essa novidade afeta o trabalho deles?

O processo de desenvolvimento e uso do drone é pensado desde o ano passado e não tem relação com a demanda dos entregadores, mas entendemos que a vida deles ficará mais fácil uma vez que o drone se torna um modal complementar, elimina a etapa mais ineficiente para o entregador [como retirar o pedido dentro do shopping], permite que ele faça mais rotas curtas e pegue mais pedidos.

Como a pandemia afeta a operação do iFood?

Acabamos nos tornando um serviço utilitário. O número de restaurantes cadastrados no serviço subiu de cerca de 160 mil em março para 212 mil em junho, enquanto o número de entregas mensais feitas passou de 30 milhões para 39 milhões no período. Desse modo, percebemos que conseguimos ajudar os restaurantes que não podiam receber os clientes, bem como os entregadores que complementam suas rendas.

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