Negócios

iFood lança cartão e opção corporativa para pedir "na conta da firma"

EXCLUSIVO: com criação do iFood Empresas, companhia torna-se a primeira a permitir que funcionários usem aplicativo de delivery para gastos corporativos

iFood Empresas: nova funcionalidade vai criar opção para refeições corporativas no mesmo aplicativo que já é usado por pessoas físicas (iFood/Divulgação)

iFood Empresas: nova funcionalidade vai criar opção para refeições corporativas no mesmo aplicativo que já é usado por pessoas físicas (iFood/Divulgação)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 29 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 29 de julho de 2019 às 11h09.

Pediu pizza na reunião? Almoçou com cliente para negócios da empresa? Ficou até de madrugada no trabalho? Para facilitar situações do mundo corporativo em que outrora seria preciso guardar a nota fiscal da refeição e pedir um burocrático e demorado reembolso, a empresa de refeições iFood vai lançar uma opção corporativa para os pedidos feitos no aplicativo.

O novo projeto do iFood foi revelado com exclusividade a EXAME e será divulgado oficialmente nesta segunda-feira, 29. A solução faz parte de uma nova unidade de negócios, o iFood Empresas, criada internamente há quatro meses para desenvolver diferentes soluções para refeições em empresas.

Por ora, serão dois os produtos lançados. Além dos pedidos feitos pela conta da empresa, o iFood Office (escritório, em inglês), haverá também o iFood Card, um cartão pré-pago que pode ser oferecido aos funcionários para pagamento de refeições específicas.

"O iFood Empresas surgiu porque percebemos que, na jornada de alimentação das empresas, existem muitas oportunidades de trazer a inovação e a tecnologia que o iFood já tem como base nos serviços a pessoas físicas", diz Paula Rabelo, gerente do iFood Empresas. A executiva veio para o iFood especialmente para tocar o novo braço corporativo, já tendo atuado no desenvolvimento de produtos para empresas nas farmacêuticas americanas Eli Lilly e AbbVie.

Sem abusar

Na conta corporativa do iFood, empresas poderão limitar os pedidos a depender de suas políticas de gastos próprias. Os gestores conseguirão criar perfis de usuários e delimitar para cada grupo diferentes regras para uso da conta corporativa, como horário e valor limite para refeição, além de diferentes permissões que se adequem a cada cargo e área de atuação.

O sistema é parecido com o que já fazem, por exemplo, aplicativos de transporte como Uber, 99 e Cabify, nos quais é possível fazer viagens a trabalho e direcionar o gasto diretamente para a empresa, sem que o usuário seja cobrado.

A ideia é que, com o modo corporativo no app, funcionários não precisem pedir reembolso a cada viagem, ao mesmo tempo em que gestores e setores de custos, por sua vez, podem controlar rigorosamente trajetos -- e, no caso do iFood, refeições -- com a tecnologia.

Já o cartão do iFood Card poderá ser oferecido como bonificação a funcionários ou mesmo parceiros de negócios ou clientes. A empresa pode emitir o cartão em formato físico ou virtual e, em seguida, coloca um saldo pré-pago para uso nos estabelecimentos cadastrados no iFood (o cartão só é usado uma única vez, de modo que não substitui um vale-refeição). Rabelo aponta que é comum, por exemplo, que empresas ofereçam vouchers de determinados restaurantes como bonificação, e que o cartão do iFood pode substituir esse método e, mais ainda, expandir as opções de restaurante à disposição do cliente.

Para além do dia-a-dia das empresas, como reuniões e almoços de negócios, o iFood acredita que as soluções apresentadas serão especialmente atraentes para viagens corporativas, já que a companhia tem mais de 80.000 restaurantes conveniados em mais de 500 cidades.

Por enquanto, a seção corporativa do app só vai funcionar para pedidos via delivery, não incluindo, portanto, pagamento presencial em restaurantes -- o que pode ser feito por pessoas físicas usando o QR Code da carteira digital do iFood em alguns restaurantes parceiros.

Como todos os serviços corporativos serão oferecidos no mesmo app que já é usado por pessoas físicas, há ainda chance de que o segmento corporativo alavanque o número de clientes fora do trabalho, já que vai familiarizar com o aplicativo funcionários que, até então, talvez não usassem os serviços do iFood. "Esperamos que a experiência do cliente dentro do ambiente corporativo possa alavancar também o mercado de pessoa física. Entendemos que há uma grande sinergia entre as duas coisas", diz Rabelo.

Com operações no Brasil, no México e na Colômbia, o iFood recebe atualmente mais de 18 milhões de pedidos por mês no segmento de pessoas físicas. A empresa não divulga seu faturamento, mas já recebeu mais de 591 milhões de dólares em investimentos desde sua fundação, em 2011, de acordo com o site de informações financeiras de startups Crunchbase (o iFood e o grupo Movile não divulgam os valores oficialmente).

iFood Card: dentro os serviços para empresas, iFood lançou também cartão pré-pago que pode ser oferecido como bonificação a clientes ou funcionários (iFood)

Todo mundo no B2B

Com o iFood Empresas, a startup brasileira será a primeira do setor de refeições por delivery a entrar de fato no modelo de negócios voltado a empresas e não só a consumidores (o B2B, ou business to business, "de negócio para negócio"). “Decidimos construir uma unidade focada nesse público para entender quais as maiores dores das empresas e apresentar soluções para elas”, diz Rabelo. 

O iFood já atua no B2B ao tratar diretamente com os restaurantes parceiros, tão importantes na plataforma quanto os usuários. Mas o iFood Empresas posiciona de forma inédita a estratégia, como já vêm fazendo empresas de diferentes setores que nasceram no segmento B2C (business to customer, ou "de negócio para consumidor") mas vêm se voltando ao mercado corporativo para ampliar as receitas -- dos já citados braços corporativos da Uber ao "Magalu as a service" do Magazine Luiza para lojistas parceiros ou a versão para negócios do aplicativo de mensagens WhatsApp.

O iFood diz estar em conversa com empresas para adotarem os novos serviços, mas não revela quantos clientes espera prospectar nem metas de pedidos e número de usuários para o segmento corporativo neste ano. Por enquanto, os primeiros a usarem a solução serão os mais de 3.000 funcionários do grupo Movile, dono do iFood, que começam a ter acesso à ferramenta a partir desta segunda-feira.

O mercado de refeições coletivas (realizadas por prestadores de serviços conveniados às empresas) movimentou 19,3 bilhões de reais no Brasil em 2018, e o de refeições por convênio (como Vale-Refeição ou cupons para determinados restaurantes) chegou a 13,9 bilhões de reais, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc). O objetivo do iFood, por enquanto, é menos substituir o vale-refeição ou os refeitórios das empresas, e mais auxiliar os funcionários quando porventura estiverem trabalhando no horário das refeições.

Mas com mais de 20 milhões de refeições sendo feitas nas empresas todos os anos -- e uma importante fatia delas podendo ser usadas para reuniões de trabalho --, o iFood acredita que o B2B tem também muito espaço no setor de alimentação. “Temos um mercado enorme no segmento corporativo e acreditamos muito nesse potencial”, completa Rabelo. 

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoBenefíciosiFood

Mais de Negócios

Jumbo Eletro: o que aconteceu com o primeiro hipermercado do Brasil

Esta empresa fatura R$ 150 milhões combatendo a inflação médica no Brasil

Equity: a moeda da Nova Economia e o segredo do sucesso empresarial

A 'pandemia' de ansiedade movimenta este negócio milionário de chás e rituais para relaxar