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Ibovespa fecha em queda com guerra da Ucrânia, mas sobe 1% na semana

Aversão a risco derruba bolsas globais e fortalece dólar ao redor do mundo; petróleo dispara quase 7%

Painel de cotações da bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 4 de março de 2022 às 18h29.

Última atualização em 4 de março de 2022 às 18h55.

Ibovespa hoje: o principal índice da B3 encerrou a sexta-feira, 4, em queda, acompanhando o cenário negativo no exterior, onde investidores seguem atentos à guerra entre Rússia e Ucrânia. Após nove dias de confronto, o sentimento de aversão a risco aumentou depois que tropas russas ocuparam, na noite passada, a área da usina nuclear ucraniana de Zaporizhia — a maior da Europa.

Os projéteis lançados pela Rússia causaram um incêndio no local, aumentando o temor de um  vazamento como o de Chernobyl. Porém, as autoridades ucranianas reforçaram que não foi detectado um vazamento radioativo.

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“Os mercados caíram nesta sexta-feira de olho no fim de semana e das tensões na Europa. Ninguém quer passar posicionado sábado e domingo com tanta ponta solta no mundo, em especial com todo o ruído envolvendo uma grande usina nuclear ucraniana”, afirmou, em nota, André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton Investimentos.

Ainda assim, o Ibovespa fechou longe das mínimas, recuando 0,60%, aos 114.473 pontos. Em seu ponto mais baixo, o índice recuou 1,54%, aos 113.389 pontos. Na semana, o Ibovespa acumulou ganhos de 1,18%, na contramão do clima global negativo.

No exterior, o acirramento do confronto voltou a derrubar as bolsas internacionais. Na Europa, os principais índices recuaram mais de 3%, enquanto o índice Moex, da bolsa russa, seguiu fechado para negociações pelo quinto dia consecutivo. Nos Estados Unidos, os principais índices também fecharam o dia em queda, refletindo o sentimento global de instabilidade.

O movimento levou investidores a buscar opções mais seguras de investimento, o que fortalece o dólar globalmente. O dollar index, que mede a variação da moeda americana frente a uma cesta de moedas fortes, avançou pelo segundo dia consecutivo. Por aqui, o dólar comercial também subiu ante o real após registrar forte queda de 1,55% na sessão passada.

A incerteza externa ofuscou os dados positivos na economia doméstica. Divulgado nesta sexta, o produto interno bruto (PIB) brasileiro teve crescimento acima do esperado no quarto trimestre e recuperou em 2021 as perdas da pandemia de covid-19. No acumulado do último ano, a economia registrou expansão de 4,6%, depois de encolher 3,9% em 2020, taxa recorde da série histórica iniciada em 1996.

Analistas, no entanto, seguem cautelosos com o desempenho da economia para este ano. “Além da leitura de hoje deixar um baixo carrego para 2022, de 0,3%, no âmbito nacional, a taxa Selic elevada somada ao elevado patamar de preços, os impactos do fenômeno La Niña na produção agrícola e o cenário eleitoral devem frear o crescimento no ano”, comentaram, em nota, analistas do BTG Pactual.

Destaques da bolsa

As maiores quedas do Ibovespa no dia ficaram com Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4). Vale lembrar que, na véspera, as empresas aéreas já haviam ficado entre as maiores quedas do Ibovespa com a escalada do confronto entre Rússia e Ucrânia. Entre outros pontos, a guerra traz preocupação sobre o mercado energético, elevando os preços do petróleo e do combustível das aeronaves.

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No entanto, a disparada de quase 7% do preço do petróleo não foi suficiente para elevar os preços das ações brasileiras. No caso da Petrobras (PETR3/PETR4), também pesaram negativamente as falas do presidente Jair Bolsonaro. Na véspera, Bolsonaro disse que não vai interferir na política de preços de combustíveis da estatal, mas afirmou que a empresa poderia ter lucros menores em momentos de crise para evitar a disparada de preços para os consumidores brasileiros.

Na ponta positiva do índice, as maiores altas foram de ações exportadoras de commodities, que se beneficiaram da alta do dólar e da diminuição da oferta causada pelo conflito na Ucrânia. Subiram as exportadoras de celulose Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11), junto com Vale (VALE3), siderúrgicas e Bradespar (BRAP4), acionista da Vale.

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