HRT recebe 1a sonda e busca mais duas no mercado
A primeira sonda, da canadense Tuscany, será instalada nos próximos dias no bloco 1-SOL-170, vizinho da Petrobras
Da Redação
Publicado em 17 de janeiro de 2011 às 10h58.
Rio de Janeiro - A primeira sonda da HRT que vai perfurar a bacia do Solimões mal acabou de chegar ao Brasil e o presidente da empresa, Márcio Mello, já foi ao mercado em busca de mais duas unidades para o primeiro trimestre de 2011.
"Até julho teremos seis sondas perfurando no Solimões", disse Mello à Reuters, elevando a previsão inicial de quatro para seis sondas na campanha dos 21 blocos que possui na bacia em plena floresta amazônica.
A primeira sonda, da canadense Tuscany, será instalada nos próximos dias no bloco 1-SOL-170, vizinho da Petrobras, no município de Tefé, depois de uma viagem de 15 dias em balsa até o meio da selva. A segunda sonda, segundo Mello, chegará em 20 dias, e as duas últimas da primeira encomenda chegam até fevereiro. Todas as bases da empresa na região já receberam licenciamento ambiental, informou.
"Quero que a primeira perfuração no Solimões seja feita até fevereiro, se a mãe natureza permitir", ressaltou Mello, referindo-se às fortes chuvas nesta época na região amazônica.
Místico, Mello só anda descalço pela sua empresa, "para sentir a energia da terra". E em sua sala uma imensa estrutura geológica de cristal e a luneta sempre a postos para observar as formações geológicas no mar evidenciam sua paixão pela geologia.
Há décadas no setor e com a experiência de 24 anos na Petrobras, além de outros tantos à frente de pequenas empresas de seviços, Mello considera a pouco explorada bacia do Solimões "o maior potencial exploratório em terra do hemisfério sul", e prevê que a bacia vai se transformar na maior bacia produtora em terra do Brasil.
Segundo Mello, em Solimões é encontrado o melhor petróleo do país, "são milhões de barris de 43 a 47 API", garante.
E a Amazônia também não é mistério para o ex-funcionário da Petrobras. A estatal tem operações no local há anos e anunciou no final de 2010 a descoberta de indícios de petróleo e gás natural. Na Petrobras, Mello foi um árduo defensor da exploração em novas fronteiras como a Amazônia e, principalmente, do pré-sal, região que ele agora diz querer distância, pelo menos no Brasil.
"A HRT não aceita não ser operadora, quando o pré-sal for considerado da Petrobras, não vamos", afirmou, explicando que, pela dificuldade de competir com a estatal dentro do Brasil, a empresa aposta no pré-sal do oeste da África, onde está na Namíbia, e prospecta oportunidades em Angola.
Com a aprovação do sistema de partilha para as áreas do pré-sal, a Petrobras ganhou no final do ano passado o direito de ser operadora de todos os blocos que serão licitados na região, com uma participação garantida de 30 por cento.
11ª Rodada ANP
Mas, segundo Mello, isso não deixará a empresa fora da próxima licitação do governo para outras áreas, sob o sistema de concessão.
"Qualquer leilão da ANP, a HRT está interessada, seja mar, terra, mas sendo operadora", explicou.
Além dos planos no Brasil, a HRT vai aplicar alguns dos milhões de dólares obtidos na sua abertura de capital no ano passado nas suas atividades na Namíbia.
Em fevereiro inicia um trabalho completo de sísmica 3D no sul da África que, segundo Mello, nunca havia sido realizado.
"A Namíbia é uma bacia de Santos adormecida... esse estudo vai nos permitir furar três poços em 2012", antecipou, informando que em toda a sua história a Namíbia só teve nove poços perfurados.
Com produção mais expressiva prevista para a partir de 2014, Mello não se preocupa com surpresas no preço do petróleo nos próximos anos e prevê uma faixa entre 90-110 dólares o barril entre 2011 e 2012, "e crescente em 2013 e 2014".
Para ele, o setor produtivo vai sustentar esse crescimento.
Segundo maior acionista da empresa, com 7 por cento do capital, superado apenas pelo fundo de investimentos South-Eastern Asset Management, que detém 12 por cento, Mello quer tornar a HRT a maior empresa independente de petróleo do mundo em cinco a seis anos.
Para isso conta, além da sua longa experiência na Petrobras e em empresas de serviço que criou antes da HRT, com uma diretoria formada por três ex-diretores da estatal, entre eles um ex-presidente e ex-ministro, Eduardo Teixeira, e três ex-diretores da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Somados a eles, mais 1.500 funcionários, incluindo 70 ex-petroleiros da Petrobras.
Para crescer a HRT vai usar até 2014 o caixa reforçado pela abertura de capital, hoje em 1,5 bilhão de dólares, mas que serão acrescidos em breve por warrants de 250 milhões de dólares, de acordo com Mello, que serão exercidos por acionistas. De 2010 a 2014, serão investidos 2,1 bilhões de dólares.
"Com juros e os warrants projetamos caixa de 3 bilhões de dólares nos próximos quatro anos, a companhia está capitalizada para cumprir suas obrigações", afirmou, confirmando a primeira produção da empresa para julho.