"Houve várias propostas pela Jequiti", diz seu presidente
Lásaro do Carmo Jr. afirma que a empresa cogitou criar uma parceria, mas agora o foco é aumentar os investimentos para crescer
Da Redação
Publicado em 8 de fevereiro de 2011 às 12h58.
São Paulo - A Jequiti fechou 2010 com um faturamento de 360 milhões de reais – o valor é 64,8% superior ao de 2009. E, neste ano, a expectativa é de faturar 508 milhões de reais. Os números são um bom indicador do porquê, com ou sem banco PanAmericano, a marca de cosméticos é a maior aposta do Grupo Silvio Santos.
Em meio à crise causada pelo rombo, a Jequiti chegou a ser alvo de “várias propostas”, segundo Lásaro do Carmo Jr., presidente da empresa e vice-presidente do Grupo Silvio Santos, em entrevista à EXAME.com. Mas, depois que o empresário e apresentador se livrou da sombra do PanAmericano, a ordem é voltar a investir. “Não necessitamos de aporte de nenhum parceiro para crescer”, diz. Leia os principais trechos da entrevista:
São Paulo - A Jequiti fechou 2010 com um faturamento de 360 milhões de reais – o valor é 64,8% superior ao de 2009. E, neste ano, a expectativa é de faturar 508 milhões de reais. Os números são um bom indicador do porquê, com ou sem banco PanAmericano, a marca de cosméticos é a maior aposta do Grupo Silvio Santos.
Em meio à crise causada pelo rombo, a Jequiti chegou a ser alvo de “várias propostas”, segundo Lásaro do Carmo Jr., presidente da empresa e vice-presidente do Grupo Silvio Santos, em entrevista à EXAME.com. Mas, depois que o empresário e apresentador se livrou da sombra do PanAmericano, a ordem é voltar a investir. “Não necessitamos de aporte de nenhum parceiro para crescer”, diz. Leia os principais trechos da entrevista:
EXAME.com - A Jequiti não deve mais ser vendida pelo Grupo Silvio Santos, então?
Lásaro do Carmo Jr - A Jequiti nunca esteve no plano de ser 100% vendida. Chegou-se a cogitar... Olha, houve várias propostas. Chegamos a cogitar uma sociedade com um parceiro estratégico, mas no momento não há nada. No mundo dos negócios, nunca diga nunca, mas o nosso objetivo hoje é continuar trabalhando muito. Não necessitamos de aporte de nenhum parceiro para crescer.
EXAME.com - Agora a Jequiti é a maior aposta do grupo?
Carmo Jr – Ela sempre foi, mesmo com o PanAmericano. Por causa dos resultados gerados, a Jequiti sempre foi vista como uma empresa de futuro dentro do grupo. Há outras empresas que também terão um futuro brilhante, mas a Jequiti é a nossa grande aposta.
EXAME.com - Mas a Jequiti está longe de ser responsável pela maior parte do faturamento, como era o banco.
Carmo Jr - Ela está longe. Mas tinha possibilidade de gerar lucratividade muito maior num futuro próximo. Nesse ano, os três grandes focos do grupo são SBT, Liderança Capitalização (dona da Tele Sena) e a Jequiti. E o grande foco do grupo é cosméticos, simplesmente por uma questão mercadológica. Se a gente vê o Brasil hoje caminhando para o segundo lugar do mundo em cosméticos, já é o segundo em perfumaria, seria um contra-senso não apostar no segmento.
EXAME.com - Quais serão os primeiros passos da Jequiti no Grupo Silvio Santos pós-PanAmericano?
Carmo Jr - No dia-a-dia da empresa, não muda nada. A Jequiti nunca dependeu do PanAmericano financeiramente. As parcerias que temos com o banco são comercialmente importantes e interessantes para as duas empresas e serão mantidas, como o cartão de crédito cedido aos nossos consultores.
EXAME.com - Quanto será investido pela empresa em 2011?
Carmo Jr - O número ainda não está fechado. De acordo com nossa velocidade de crescimento, eu vou definindo o investimento de forma sustentável; mas, no mínimo, podemos esperar uma alta de 35% sobre o investido em 2010. Os recursos virão do próprio Grupo Silvio Santos e do mercado. Nossa área de inovação, pesquisa e desenvolvimento deverá receber mais de 15 milhões de reais de investimentos.
EXAME.com - Qual a projeção de crescimento para este ano?
Carmo Jr - Vamos crescer “modestos” 40%. No nosso orçamento, planejamos faturar 508 milhões de reais.
EXAME.com – E como a empresa pretende alcançar essa meta?
Carmo Jr - Com um foco muito grande no crescimento do canal de vendas. Temos uma procura muito grande de mulheres querendo ser consultoras, e temos aumentando o tamanho dos nossos pedidos. Nossas consultoras, além de serem novas, estão a cada dia mais produtivas. Fora no final de ano, em que o pedido chega a um média de 350 reais por vendedora, a média do pedido é de 280 reais. O valor vem crescendo todo ano. Vamos focar no tamanho do pedido da consultora e no tamanho do nosso canal.
EXAME.com - O crescimento no número de consultoras já vem desacelerando...
Carmo Jr – É uma coisa normal. No início, dobrávamos de volume de consultoras. Encerramos 2010 com 160.000, e esperamos fechar esse ano com um pouco mais de 200.000. Não basta apenas cadastrar. Vamos cadastrar umas 60.000, mas 20.000 saem, porque a gente tem um controle muito rígido. De vez em quando, eu escuto empresas falando que têm 250.000 consultoras no Brasil. Não têm. É cadastro podre, que está aí, adormecido. O nosso não; é cadastro ativo. Então é óbvio que desacelera com o passar do tempo, igualzinho às duas empresas líderes de mercado.
EXAME.com – Falando nelas, o mercado de cosméticos cresce muito, mas tem dois grandes concorrentes que estão nele há muito tempo. O que a Jequiti faz para se destacar nesse meio?
Carmo Jr - Eu acho isso uma grande oportunidade. Você pega um país continental como o Brasil, com uma diversidade de público gigantesca. E nesse país há apenas dois grandes players no porta-a-porta. Eu vejo isso não como uma ameaça, mas como uma oportunidade gigante de espaço. Por isso que a Jequiti nasceu há quatro anos e vai alcançar 500 milhões de faturamento neste ano. Desde 2008, nós fizemos uma reestruturação interna muito grande para não morrer de sucesso.
EXAME.com – Morrer de sucesso?
Carmo Jr - Nos dois primeiros anos da Jequiti, ela patinou muito porque iria morrer de sucesso. Ela não tinha uma estrutura apropriada para crescer. Se a empresa cresce e você não atende bem o seu cliente, a empresa morre. A Jequiti tinha produtos de qualidade, mas precisava melhorar muito na prestação de serviço, na entrega e no atendimento às consultoras. A gente focou muito nisso desde 2008. Hoje nosso índice de satisfação de consultores é muito alto. Entregamos em São Paulo muito mais rápido do que qualquer grande player. Eu gasto mais com isso, mas a gente preza pela alta qualidade e melhores serviços. Isso associado a um mercado extremamente crescente, impulsionado pela nova classe C ávida por consumo. E num mercado onde você tem duas grandes opções.
EXAME.com – A chegada do O Boticário na venda porta-a-porta, com a marca Eudora, preocupa?
Carmo Jr - Uma das coisas que a gente sempre fala é respeitar os concorrentes. Se ele tem dinheiro e gente competente, alguma coisa ele vai fazer. Mas uma marca como O Boticário é sempre um ponto de atenção. É uma marca de valor no Brasil e de muitos anos. É claro que a Jequiti respeita esse novo entrante, mas não muda a nossa determinação e a nossa vontade de crescer. Preocupar-se em combater quem está entrando é perda de energia.
EXAME.com – Há planos para novos centros de distribuição ou novas fábricas?
Carmo Jr – Nosso atual centro de distribuição está localizado em São Paulo e tem capacidade para 15.000 pedidos por dia. Em 2011, deveremos abrir mais dois centros de distribuição, um em Goiás para atender o Centro-Oeste e Norte do Brasil, e outro em Recife para o Nordeste.
EXAME.com - Qual vai ser a capacidade desses dois centros de distribuição?
Carmo Jr - A capacidade será de 30.000 pedidos por dia, distribuídos nos três centros. Existem também projetos bem avançados para centros de distribuição no Sul, mas no Nordeste e em Goiás faltam só alguns acertos. Isso melhora nossa logística e encurta o prazo para as consultoras da região. Ao aumentar a distribuição, você melhora o atendimento. Também temos o projeto conceitual da fábrica pronto e devemos começar a construí-la nesse ano. Só não começamos no final do ano passado, ou no começo desse ano, pelos problemas que você já sabe. Mas, de qualquer forma, a gente já ia começar. A fábrica não vai produzir tudo. Vai ser um modelo híbrido de fábrica e terceiros. Todos os terceiros sabem que vão continuar trabalhando conosco.
EXAME.com - Há intenção de ter pontos de venda, além do porta-a-porta e das consultoras?
Carmo Jr – Não. Somos uma empresa de venda direta com respeito total ao nosso canal de venda.
EXAME.com - Qual a garantia, para o mercado, que as contas da Jequiti não têm os mesmos problemas das do PanAmericano?
Carmo Jr - A mesma garantia dada por todas as outras empresas de cosméticos do Brasil e do mundo. A Jequiti é uma indústria séria, cujo modelo comercial impossibilita qualquer ação parecida com o que aconteceu no PanAmericano. Toda diretoria é composta por profissionais do mercado com bastante experiência no modelo de negócio e no segmento de cosméticos. Somos reconhecidos por todos nossos fornecedores e parceiros. Somos uma empresa jovem, mas com processos rigorosos dentro dos padrões de mercado e auditados.