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Hertz pode pedir recuperação judicial nos EUA e setor entra em alerta

A pandemia do coronavírus impactou fortemente o negócio de aluguel de carros no mundo todo; no Brasil, as locações recuaram mais de 90% em abril

Rede americana pode pedir recuperação judicial (Hertz/Divulgação)

Rede americana pode pedir recuperação judicial (Hertz/Divulgação)

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Juliana Estigarribia

Publicado em 5 de maio de 2020 às 12h26.

Última atualização em 5 de maio de 2020 às 13h18.

Um possível pedido de recuperação judicial da locadora de veículos Hertz, nos Estados Unidos, acendeu um alerta no setor globalmente. Com as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, empresas têm amargado quedas vertiginosas. No Brasil, o quadro não é diferente: em abril, as locações recuaram mais de 90%.

"Com as restrições de mobilidade, o setor parou. Estamos enfrentando uma crise generalizada", afirma Paulo Miguel Jr., presidente do conselho nacional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla).

O movimento de forte retração abalou o setor no mundo todo. No caso específico da Hertz, nos Estados Unidos, as restrições da pandemia aprofundaram a crise de caixa que a empresa vinha amargando.

As ações da companhia no mercado americano abriram em forte queda na manhã desta terça-feira, 05, com a notícia de um possível pedido de recuperação judicial, caso não consiga reestruturar uma dívida que pode chegar a 17 bilhões de dólares.

No Brasil, a Hertz foi adquirida pela Localiza em 2016, por 337 milhões de reais. Procurada, a Localiza Hertz informou que, por se tratar de empresas com mercados e governanças distintas, não vai comentar o assunto.

Em outros momentos de retração da economia, a queda nas diárias se concentrava mais fortemente entre as pessoas físicas. Os segmentos corporativo, de turismo e terceirização de frotas por empresas geralmente mantinham uma parcela importante da demanda.

Agora, a queda das locações é generalizada, inclusive em um negócio que vinha crescento muito, o de motoristas de aplicativo. Com a expansão do Uber, 99 e Cabify, as locadoras de veículos passaram a alugar o automóvel para estes profissionais, em contratos mensais que incluem manutenção.

Segundo Miguel Jr., as locadoras cobravam 1500 reais de mensalidade para motoristas de aplicativo antes da pandemia. Com as restrições de mobilidade impostas pela covid-19, as locações nesta categoria recuaram 80% somente em abril.

Hoje, o valor da mensalidade para motoristas de aplicativo caiu para cerca de 600 reais, em um movimento das empresas para tentar manter o profissional. "Senão, o veículo acaba voltando para o pátio da locadora."

Segundo apurou a reportagem da EXAME, algumas locadoras tiveram que emprestar pátios para estocar carros: nem o negócio de aluguel nem o de venda de seminovos está andando.

Conjuntura

O setor de locação de veículos emprega, diretamente, 75.000 pessoas no Brasil. Localiza (que opera localmente com a Hertz), Movida e Unidas são as grandes redes, mas cerca de 11 mil locadoras de pequeno e médio porte operam em todo o país.

Em um cenário de forte queda da receita, a Abla levou pleito ao governo federal para incluir o setor na lista de serviços essenciais, que precisam permanecer funcionando durante a pandemia. Segundo a entidade, as associadas atendem a empresas de diagnósticos, hospitais, órgãos de saúde e segurança pública.

"Os aeroportos estão fechados e a demanda despencou, mas estes serviços precisam continuar funcionando", diz Miguel Jr.

Num cenário em que as previsões podem mudar a qualquer momento, a Abla trabalha com uma estagnação do setor em 2020. Conforme o dirigente, as locadoras vinham apresentando um crescimento de 15% a 20% anualmente.

"Diante da pandemia, fica difícil fazer qualquer previsão."

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