Grupo Pão de Açúcar chegará a R$ 1 bi no e-commerce e lança marketplace
O site do Pão de Açúcar será mais especializado, com vendas de kits gastronômicos e vinhos, enquanto o site do Extra deverá vender de pneus a colchões
Karin Salomão
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 14h29.
Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 15h35.
O Grupo Pão de Açúcar vende alimentos pela internet desde 1995, mas neste ano irá bater um recorde histórico. A expectativa é chegar a um valor geral de vendas de 1 bilhão de reais em 2020 nas vendas de alimentos feitos pela internet, por seus sites ou aplicativos.
No terceiro trimestre do ano, o comércio eletrônico cresceu 240% em relação ao mesmo período do ano passado, ao ganhar 202% mais clientes. Os produtos perecíveis ampliaram sua participação na cesta de compras em 230%.
Em 2019, o grupo faturou 61,5 bilhões de reais. No terceiro trimestre do ano, o e-commerce alimentar chegou a 6% da divisão de multivarejo, que teve receita bruta de 7,4 bilhões de dólares e não inclui as vendas do atacarejo Assaí.
Lançamento do marketplace
Até agora o grupo só vendia itens próprios. No início de novembro, lançou seu marketplace e já está incluindo parceiros grandes, como Ri Happy, Lego, Spicy, Cobasi, entre outros. A empresa sai de 15.000 itens disponíveis em seus sites para 30.000 itens em três meses e 400.000 no próximo ano. O site da marca do Pão de Açúcar será mais especializado, com vendas de kits gastronômicos e vinhos especiais, enquanto o site do Extra deverá vender de tudo, de pneus a colchões.
Segundo o grupo, a grande vantagem desse marketplace em relação a concorrentes é a frequência de compras dos consumidores. "O marketplace já nasce recebendo visitantes de maneira frequente e recorrente. Os vendedores já são impactados por um cliente qualificado e que retorna com frequência à plataforma", diz Rodrigo Pimentel, diretor do comércio eletrônico da companhia, em apresentação sobre suas iniciativas digitais a investidores e à imprensa.
São 240 milhões de visitas ao ano em todas as plataformas digitais. Se um consumidor de loja física compra cerca de 12 itens, a média nos sites é de 40 itens.
Sem mencionar os concorrentes, Jorge Faiçal, presidente da divisão de multivarejo, diz que as vendas de alimentos têm uma frequência muito maior do que vendas de eletrônicos. As vendas de mercado e alimentos são a última fronteira do comércio eletrônico — e um dos segmentos mais desejados nos últimos meses por causa da digitalização provocada pela pandemia. "Entregar pacote de arroz e feijão é fácil, mas entregar a cesta completa, com carne e alface, não são todos que têm a expertise”, afirma o executivo.
O Magazine Luiza entrou no delivery de refeições com o AiQFome, a B2W comprou o Supermercado Now e anunciou parceria com o grupo supermercadista Big, ex-Walmart, e o iFood comprou o SiteMercado.
O diretor diz que a empresa estuda entrar em outras plataformas de marketplace, mas ainda não há nada concreto nesse sentido. "O momento do digital no Brasil é de colaboração aberta", afirma.
Logística
Para atender o crescimento do comércio eletrônico, o supermercadista ampliou sua estrutura de logística e distribuição. No último semestre, a empresa abriu um novo centro de distribuição em São Paulo e um minicentro no Rio de Janeiro, dobrando sua capacidade nessas duas cidades. Abriu também centros de distribuição em Brasília e em Pernambuco — o e-commerce alimentar cresceu 564% no Nordeste para a varejista.
Cerca de 295 lojas também podem ser usadas para o clique e retire, em comparação a 126 unidades no começo do ano. A modalidade de retirada na loja é usada em 36% das vendas pela internet e 30% desses consumidores que vão até a loja acabam fazendo uma nova compra. Essa estrutura de logística e distribuição também deve ser oferecida aos parceiros do comércio eletrônico.