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Como funciona a nova (e polêmica) política de bônus da GOL

Empresa aérea pagará 820 mil reais em bônus por cada mês em que a meta de redução de combustível for atingida

As possíveis mudanças de rota para reduzir as distâncias dependerão sempre da autorização da torre de comando, o que deve coibir os excessos (Raul Junior / VOCÊ S.A.)
DR

Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2013 às 18h59.

São Paulo - Em janeiro deste ano uma nova política de eficiência entrou em vigor na GOL . Agora, os funcionários da equipe embarcada – que trabalham em voo – receberão bônus conforme a economia de combustível alcançada e a agilidade das operações em solo entre um voo e outro.

Durante um ano, todos os 280 mil voos da empresa foram analisados e os profissionais embarcados que mostraram melhor eficiência foram observados de perto.

“Individualizamos os dados de tempo de voo e economia de combustível e encaixamos os profissionais em diferentes quadrantes quanto à relação entre eficiência e economia de combustível”, afirma Pedro Scorza, diretor de operações da GOL.

A partir dessa observação, a meta da GOL foi fazer com que todo os funcionários operassem com essa eficiência. “Estabelecemos o objetivo de atingir o orçamento médio desses comandantes.”

Caso esse alvo seja atingido, a empresa economizará 1,89 milhão de reais por mês. Por enquanto o resultado tem sido satisfatório. Em Janeiro foram economizados 2,35 milhões de reais em combustível. Em fevereiro a poupança foi de 2,3 milhões.

Bônus

A cada meta mensal atingida, 820 mil reais serão distribuídos aos 4 500 embarcados – o que totaliza aproximadamente 182 reais por mês de desafio cumprido. O pagamento será semestral.

Segundo Scorza, são 18 as iniciativas de economia de querosene e ganho de eficiência que a GOL avalia – entre elas está a recente compra de 60 aeronaves (14% mais eficientes na gestão do combustível) e um projeto de utilização de biocombustíveis a partir de 2017. A economia poderá chegar a 40 milhões por ano.

Além das inovações em gestão, há novidades técnicas em curso. “Já temos implementado políticas otimização do uso do APU [Auxiliary Power Unit, unidade auxiliar de energia]”, diz Scorza. Essa unidade também é alimentada pelo combustível e é responsável por manter a autonomia de itens da aeronave em funcionamento - como luzes, ar condicionado, entre outros componentes – mesmo em solo.


Custo

Atualmente, o combustível representa aproximadamente 43% do custo de operação de uma empresa aérea. Apesar do QAV (Querosene de Aviação) custar menos que a gasolina do seu carro – aproximadamente R$ 1,75 por litro, segundo a Agência Nacional do Petróleo –, um avião não é nada econômico. São, em média, 12 litros de QAV para cada quilômetro de voo.

Exatamente por isso não é de se espantar que haja uma preocupação com economia desse precioso líquido.

Segundo um analista do setor que pediu para não ser identificado, a maior parte das empresas aéreas adota práticas para economia do QAV, combustível para aviação . As metas de redução no consumo também em existem, mas, via de regra, não são bonificadas. “Ninguém nunca fez isso no Brasil”, afirma. "Esse tipo de política é o retrato claro de uma empresa que está financeiramente na UTI."

Não por acaso, o analista destaca que já há informações de que a Agência Nacional de Aviação Civil ( Anac ) pretende redobrar a fiscalização para evitar quaisquer problemas com segurança.

O diretor de operações da GOL não nega que o formato da prática é “inovador”. “O tipo de análise, rastreabilidade e controle são inovadores. Estamos identificando oportunidades de economia em cada voo e em cada etapa da operação”, diz Scorza.

A polêmica, no entanto, resvala nas questões de segurança. Até que ponto os funcionários poderiam chegar para garantir o bônus semestral?

Embora não tenha essa resposta, Scorza reitera que a prática é toda monitorada e não envolve grandes acrobacias. São apenas três ações capazes de melhorar a eficiência da operação. Em linhas gerais: encurtamento das rotas, subidas e descidas mais constantes durante o voo e melhoria na gestão do tempo em solo.

As possíveis mudanças de rota para reduzir as distâncias dependerão sempre da autorização da torre de comando. “Invés de fazer um trajeto curvo, o comandante pede autorização para seguir uma linha reta, economizando algumas milhas do trajeto”, explica Scorza.

Os profissionais em solo não são bonificados por resultado o que, em tese, reduziria o risco de alguma imprudência por parte de um comandante de operação um pouco mais ambicioso.

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São Paulo - Em janeiro deste ano uma nova política de eficiência entrou em vigor na GOL . Agora, os funcionários da equipe embarcada – que trabalham em voo – receberão bônus conforme a economia de combustível alcançada e a agilidade das operações em solo entre um voo e outro.

Durante um ano, todos os 280 mil voos da empresa foram analisados e os profissionais embarcados que mostraram melhor eficiência foram observados de perto.

“Individualizamos os dados de tempo de voo e economia de combustível e encaixamos os profissionais em diferentes quadrantes quanto à relação entre eficiência e economia de combustível”, afirma Pedro Scorza, diretor de operações da GOL.

A partir dessa observação, a meta da GOL foi fazer com que todo os funcionários operassem com essa eficiência. “Estabelecemos o objetivo de atingir o orçamento médio desses comandantes.”

Caso esse alvo seja atingido, a empresa economizará 1,89 milhão de reais por mês. Por enquanto o resultado tem sido satisfatório. Em Janeiro foram economizados 2,35 milhões de reais em combustível. Em fevereiro a poupança foi de 2,3 milhões.

Bônus

A cada meta mensal atingida, 820 mil reais serão distribuídos aos 4 500 embarcados – o que totaliza aproximadamente 182 reais por mês de desafio cumprido. O pagamento será semestral.

Segundo Scorza, são 18 as iniciativas de economia de querosene e ganho de eficiência que a GOL avalia – entre elas está a recente compra de 60 aeronaves (14% mais eficientes na gestão do combustível) e um projeto de utilização de biocombustíveis a partir de 2017. A economia poderá chegar a 40 milhões por ano.

Além das inovações em gestão, há novidades técnicas em curso. “Já temos implementado políticas otimização do uso do APU [Auxiliary Power Unit, unidade auxiliar de energia]”, diz Scorza. Essa unidade também é alimentada pelo combustível e é responsável por manter a autonomia de itens da aeronave em funcionamento - como luzes, ar condicionado, entre outros componentes – mesmo em solo.


Custo

Atualmente, o combustível representa aproximadamente 43% do custo de operação de uma empresa aérea. Apesar do QAV (Querosene de Aviação) custar menos que a gasolina do seu carro – aproximadamente R$ 1,75 por litro, segundo a Agência Nacional do Petróleo –, um avião não é nada econômico. São, em média, 12 litros de QAV para cada quilômetro de voo.

Exatamente por isso não é de se espantar que haja uma preocupação com economia desse precioso líquido.

Segundo um analista do setor que pediu para não ser identificado, a maior parte das empresas aéreas adota práticas para economia do QAV, combustível para aviação . As metas de redução no consumo também em existem, mas, via de regra, não são bonificadas. “Ninguém nunca fez isso no Brasil”, afirma. "Esse tipo de política é o retrato claro de uma empresa que está financeiramente na UTI."

Não por acaso, o analista destaca que já há informações de que a Agência Nacional de Aviação Civil ( Anac ) pretende redobrar a fiscalização para evitar quaisquer problemas com segurança.

O diretor de operações da GOL não nega que o formato da prática é “inovador”. “O tipo de análise, rastreabilidade e controle são inovadores. Estamos identificando oportunidades de economia em cada voo e em cada etapa da operação”, diz Scorza.

A polêmica, no entanto, resvala nas questões de segurança. Até que ponto os funcionários poderiam chegar para garantir o bônus semestral?

Embora não tenha essa resposta, Scorza reitera que a prática é toda monitorada e não envolve grandes acrobacias. São apenas três ações capazes de melhorar a eficiência da operação. Em linhas gerais: encurtamento das rotas, subidas e descidas mais constantes durante o voo e melhoria na gestão do tempo em solo.

As possíveis mudanças de rota para reduzir as distâncias dependerão sempre da autorização da torre de comando. “Invés de fazer um trajeto curvo, o comandante pede autorização para seguir uma linha reta, economizando algumas milhas do trajeto”, explica Scorza.

Os profissionais em solo não são bonificados por resultado o que, em tese, reduziria o risco de alguma imprudência por parte de um comandante de operação um pouco mais ambicioso.

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