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Gigante das assinaturas: DocuSign fatura US$1,5 bi e dobra de tamanho no Brasil

Empresa de tecnologia focada em gestão de documentos e assinaturas digitais mostra que tem apetite de sobra para investir na América Latina. Para eles, “quem vai para o digital, não volta para o papel”

Escritório no Brasil: empresa dobra de tamanho duas vezes no país em pouco mais de um ano (DocuSign/Divulgação)
KS

Karina Souza

Publicado em 11 de março de 2021 às 19h35.

Última atualização em 11 de março de 2021 às 21h19.

A DocuSign, empresa de tecnologia com valor de mercado de 43 bilhões de dólares, cresceu de forma significativa no último ano. Globalmente, aumentou o volume de negócios em 49% e atingiu a marca aproximada de US$ 1,5 bilhão em receita. O resultado está bastante relacionado ao aumento nas assinaturas da plataforma – a receita gerada a partir dessa, que é a principal linha de negócio da companhia, aumentou 50%, para US$ 1,3 bilhão. Hoje, a empresa tem 892 mil clientes, aumento de 42% em relação ao ano de 2019.

No mesmo dia em que a empresa anuncia os resultados, um resultado recente do S&P 500 mostra que a tecnologia continua sendo altamente procurada por investidores. Nesta quinta-feira, uma recuperação nas ações do setor impulsionou o índice para um fechamento recorde, com investidores indo atrás de empresas que ficaram para trás na última semana, segundo o Wall Street Journal.

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Mas, nem só nos Estados Unidos a tecnologia foi valorizada. No Brasil, a pandemia e a necessidade de negócios digitais seguros também trouxe boas perspectivas para a DocuSign, na visão de Gustavo Brant, vice-presidente da empresa para a América Latina. Em entrevista exclusiva à EXAME, o executivo afirma que a filial dobrou de tamanho em 2020 (em relação ao de 2019) e já fez o mesmo em 2021, em apenas três meses.

“Queremos cuidar do começo ao fim de todos os problemas relacionados à assinatura. Desde a preparação de um documento até toda a análise e inteligência da massa de contratos que as empresas têm. A gente vê um mercado fértil para isso no Brasil e deve continuar investindo nele nos próximos anos”, afirma.

Sem dizer valores, o executivo afirma que uma das linhas que deve receber grande parte dos investimentos é a de infraestrutura. Para uma empresa que garante que a assinatura eletrônica pode substituir completamente o papel, os aportes são mais do que compreensíveis – na opinião do executivo, são ponto fundamental para a empresa manter a liderança que possui.

Para explicar o porquê disso ele cita o fato de que a DocuSign oferece garantia de “quatro noves” em contrato aos seus clientes. Ou seja: garante que o sistema estará disponível em 99,99% do tempo em que o consumidor quiser ou precisar usar. Até mesmo quando ele estiver sem internet.

Esse recurso foi colocado à prova recentemente em um contrato firmado com a Souza Cruz, a maior companhia de tabaco do Brasil. Hoje, contratos que precisam ser levados até fazendeiros em regiões onde a internet não alcança já são feitos com a tecnologia da DocuSign, trazendo economia de tempo e de custos para a empresa.

Outro cliente que firmou contrato recentemente com a empresa é a Caixa Seguradora. A empresa migrou de malotes enviados constantemente a Brasília para assinaturas digitais e, com isso, evitou um prejuízo de R$ 35 milhões por ano.

As grandes empresas sempre foram o foco da operação brasileira, de acordo com o vice-presidente da DocuSign. Essa, aliás, é uma diferença significativa em relação à América do Norte – em que as pequenas empresas foram os principais clientes.

Outra diferença significativa em relação ao exterior está nos setores que se interessaram primeiro pela companhia. Nos Estados Unidos e Canadá, o setor imobiliário foi o principal destaque, enquanto no Brasil esse lugar é do setor financeiro. Em ordem de interesse em firmar negócios com a companhia, estão, depois dele: seguros, educação, saúde e varejo.

Para garantir segurança aos clientes (novos e antigos) -- em um ano marcado por vazamentos --  a empresa defende a tecnologia como um pilar essencial e afirma que investe milhões em cibersegurança anualmente. "Uma forma de mostrar o quão sério é o nosso compromisso com isso está nos contratos que firmamos com clientes. A cláusula de vazamento de dados não estabelece um limite para indenização", diz Gustavo.

Planos para 2021

Em um mundo com tantas oportunidades, investir para crescer é uma estratégia lógica – e que, para a Docusign, passa por investimentos em diversificação de escopo. No ano passado, a companhia adquiriu a startup Seal Software, pioneira em análise de contratos por inteligência artificial.

Para a empresa, isso representa um passo importante na estratégia de se tornar uma plataforma completa de gestão de contratos. Com a aquisição, o serviço de pesquisar rapidamente por contratos legais e comerciais (e não apenas por palavras-chave), identificando rapidamente riscos e oportunidades deve ganhar ainda mais fôlego.

Antes, a companhia atuava como uma revendedora da Seal e disponibilizava o serviço aos clientes com o nome de DocuSign Insight. Por meio dele, uma empresa de telecomunicações reduziu o tempo de revisão de contratos em mais de 80%. Com a aquisição, a empresa deve trazer a inteligência artificial para outras linhas de negócio da empresa.

Outra aquisição realizada em 2020 foi a da LiveOak Technologies, por 38 milhões de dólares. A partir da tecnologia usada pela startup, a DocuSign pretende lançar um novo produto que se concentra em tecnologia audiovisual para concluir um ato quando os signatários e os tabeliães estão em lugares diferentes.

A DocuSign não está sozinha nas aquisições por escopo. Um estudo conduzido recentemente mostra que, dos US$ 2,8 trilhões movimentados em fusões e aquisições no último ano 56% deles foram relacionados a este objetivo – e não a ganho de escala.

“Hoje, a maior parte das empresas busca alianças que possam trazer eficiência de escopo, não necessariamente ganhos de escala. É uma transformação bastante relacionada aos desafios do ambiente digital e aos esforços rápidos para se adaptar a um ambiente em constante mudança”, afirma Kai Grass, sócio da Bain&Company.

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