Ghosn promete permanecer no Japão se conseguir liberdade sob fiança
"Vou respeitar todas as condições exigidas pelo tribunal", declarou o empresário que, em breve, perderá sua posição como chefe da Renault
AFP
Publicado em 21 de janeiro de 2019 às 09h47.
Última atualização em 21 de janeiro de 2019 às 10h00.
Em uma nova tentativa de obter a liberdade sob fiança, Carlos Ghosn , que está detido há dois meses em Tóquio, prometeu permanecer no Japão se for libertado, ressaltando sua inocência.
O tribunal de Tóquio deve examinar nesta segunda-feira às 17h (6h no horário de Brasília) o pedido de Ghosn, acusado de quebra de confiança e de outras práticas financeiras ilegais. Seus pedidos anteriores foram rejeitados, devido ao risco de fuga e de adulteração de provas.
"Uma vez que o tribunal deve considerar meu pedido de liberdade sob fiança, quero ressaltar que irei residir no Japão e que vou respeitar todas as condições exigidas pelo tribunal", declarou o empresário, de 64 anos, que em breve perderá sua posição como chefe da Renault, em um declaração divulgada por seus representantes nos Estados Unidos.
Preso há 64 dias, ele se compromete a participar de todo o processo, "não apenas porque sou legalmente obrigado a fazê-lo, mas porque estou ansioso para finalmente ter a oportunidade de me defender".
"Não sou culpado das acusações contra mim e estou muito interessado em defender minha reputação no tribunal", conclui a declaração.
Desde sua prisão em 19 de novembro, Ghosn fez uma única aparição pública, em 8 de janeiro, perante o tribunal de Tóquio. Na ocasião, disse que "sempre agiu com integridade".
De acordo com seu porta-voz, Devon Spurgeon, sua família encontrou um apartamento em Tóquio, onde ele poderia morar à espera da conclusão do processo, com uma pulseira eletrônica paga por ele.
No entanto, este sistema não existe no Japão, informou à AFP o ministro japonês da Justiça.
A montadora Nissan, que provocou sua queda ao expor "graves ações", de acordo com seus termos, e transmitiu essas informações à Justiça, rompeu em 7 de janeiro o contrato de sua luxuosa casa, pela qual pagava mais de 12.000 dólares mensais de aluguel.
Ghosn também prometeu que entregaria seus três passaportes (francês, libanês e brasileiro) e não entraria em contato com pessoas ligadas ao caso, além de contratar guardas de segurança, com a aprovação do Ministério Público, para monitorar seus movimentos, disse Spurgeon.
Quanto à aliança automotiva, muito enfraquecida por este caso, neste fim de semana surgiram novos rumores de fusão na imprensa japonesa. O cenário de uma fusão entre as duas empresas "não está na mesa", desconversou o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire.
O Estado francês, acionista da Renault, defende a "durabilidade" da aliança entre a Renault e a Nissan, lembrou ele.
Já o presidente da Nissan, Hiroto Saikawa, nunca escondeu suas dúvidas sobre uma eventual integração com a Renault, seu maior acionista, com 43% do capital. A empresa japonesa possui 15% das ações do grupo francês, mas não tem direito a voto na assembleia geral.
Espera-se que a Renault convoque seu conselho de administração nos próximos dias para nomear um substituto para o Ghosn, já dispensado pelos aliados japoneses Nissan e Mitsubishi Motors.