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Franceses querem aumentar intercâmbio comercial com o Brasil

Relação entre os países atingiu valor recorde em 2004, mas os empresários apostam que ainda há espaço para crescer. Para tanto, a França organiza uma série de eventos para divulgar as oportunidades de negócios com os brasileiros

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Brasil e França mantêm relações comerciais centenárias. A Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB), por exemplo, completará 104 anos de atuação em 2005. No ano passado, a Rhodia, gigante mundial do setor químico, comemorou 85 anos de presença no país. Os estoques de investimentos franceses no Brasil estão na casa dos 12 bilhões de dólares e a corrente comercial entre os dois países atingiu o valor recorde de 4,477 bilhões de dólares em 2004 um incremento de 28,5% sobre o ano anterior. Animados por esses números, empresários de ambos os lados querem incentivar ainda mais esse intercâmbio.

Mais do que um desejo, companhias, associações e governos dos dois países trabalham em um projeto de promoção, entre os franceses, dos produtos brasileiros e das oportunidades de investimentos no país. Batizado de "Temporada do Brasil na França", a programação inclui a realização de eventos culturais e encontros de negócios neste ano. Entre os principais, está um fórum econômico, programado para 14 de abril, para o qual são aguardadas as presenças de autoridades brasileiras e investidores, para analisar as oportunidades para o capital francês no país. Outro momento aguardado é a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à França, em julho.

"Queremos mostrar aos franceses que o Brasil é um país vencedor que ainda não foi totalmente reconhecido", afirma Jean Marie Lannelongue, presidente da CCFB e membro do conselho do banco Société Générale no Brasil. "Vamos mostrar a competitividade e a diversidade da economia brasileira", diz.

Mão dupla

No ano passado, o saldo comercial do Brasil com a França ficou negativo, resultado de 2,1 bilhões de dólares em exportações e 2,2 bilhões em importações. De acordo com Lannelongue, a "Temporada do Brasil na França" não pretende apenas incentivar o maior consumo de produtos brasileiros, mas também divulgar oportunidades de investimento francês no país.

Devido à longa relação entre as duas nações, as empresas francesas estão espalhadas por diversos setores da economia brasileira desde a indústria de base até o varejo. Segundo Lannelongue, não há projeções precisas sobre quanto seu país poderá investir no Brasil neste e nos próximos anos, mas é certo que a aprovação das Parcerias Público-Privadas (PPPs) abriu um grande espaço para o aporte de novos capitais franceses. Porém, assim como as empresas brasileiras, as francesas ainda têm muitas dúvidas sobre a segurança jurídica do modelo. Além disso, setores potencialmente interessantes, como o saneamento básico, ainda carecem de um marco regulatório claro.

Ritmo lento

Não há também projeções sobre o potencial de crescimento do intercâmbio comercial entre os dois países. Mas é fato que, apesar do desempenho recorde de 2004, a taxa de crescimento da corrente de comércio é menor que a de outros parceiros do Brasil. Entre 1984 e 2004, por exemplo, a corrente comercial Brasil/França passou de 1,2 bilhão de dólares para 4,4 bilhões um incremento de 270%.

No mesmo período, a corrente comercial com a China saltou de 818,4 milhões de dólares para 9,1 bilhões uma expansão de mais de 1 000%. Mesmo com a Argentina, cuja relação comercial foi sacudida pela crise econômica de nossos vizinhos na virada do século e pelas suas tentativas de barrar as exportações brasileiras, o intercâmbio comercial cresceu de 1,3 bilhão, em 1984, para 12,9 bilhões.

Para acelerar a expansão das trocas comerciais com a França, Lannelongue aposta em alguns fatores. O primeiro é o próprio crescimento das economias envolvidas. Neste ponto, o Brasil poderá sair em vantagem, já que sua taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) é maior que a francesa. No ano passado, o PIB francês cresceu 2,3%, de acordo com a Insee, agência oficial de estatística. Já o Brasil cresceu cerca de 5%, segundo as estimativas do governo e do mercado.

O segundo fator é a própria maturação de investimentos franceses recentes no Brasil, como as montadoras Renault e Peugeot. As importações de peças da matriz e as exportações de veículos acabados para a França, por exemplo, podem incrementar o comércio bilateral.

Por fim, Lannelongue afirma que o Brasil precisa se promover mais. "Talvez os brasileiros não estejam se vendendo muito bem", diz. E dar um empurrãozinho no marketing do país no exterior é justamente o objetivo da Temporada Brasil, neste ano, na França.

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