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Fleury esquenta briga com Dasa ao comprar o Labs D’Or

Negócio de R$ 1,04 bilhão é anunciado a poucos dias da assembleia da rival que deve aprovar a compra da MD1

Fleury: o contrato definitivo será assinado depois de diversas análises, daqui a três ou quatro meses (Fleury/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2010 às 17h35.

São Paulo - A compra do Labs D’Or pelo Fleury, anunciada hoje (16/12), acirrou a disputa no setor de análises clínicas. Por 1,04 bilhão de reais, a aquisição permitirá ao Fleury elevar sua fatia de mercado dos atuais 6% para 10%, segundo o presidente da empresa, Mauro Figueiredo, em teleconferência com jornalistas. Não é pouca coisa, quando se considera que o mercado brasileiro movimenta cerca de 11 bilhões de reais por ano.

Quando a aquisição do Labs D’Or for concluída, a receita líquida estimada do Grupo Fleury vai ultrapassar a marca de 1,25 bilhão de reais. A conta ainda não considera os potenciais ganhos de sinergia. Segundo a empresa, esses ganhos ainda estão em avaliação. No acumulado dos nove primeiros meses, a receita do Fleury alcançou 702 milhões de reais.

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O contrato definitivo será assinado depois de diversas análises, daqui a três ou quatro meses. O pagamento do 1,04 bilhão de reais referente à operação será feito na forma de dinheiro e de ações do grupo Fleury. Essa foi a 25ª aquisição do grupo Fleury nos últimos nove anos e também a maior da história do grupo.

A aquisição mostra como o mercado de análises clínicas está aquecido. O acordo foi anunciado a poucos dias da assembleia geral de acionistas de sua maior concorrente, a Dasa. Na próxima semana, a companhia deve aprovar a aquisição da holding MD1, que controla quatro bandeiras de laboratórios: Sergio Franco, CDPI, Multi Imagem e Pro Echo. Os analistas já dão como certo aval dos acionistas ao negócio – uma transação que elevará a receita da Dasa para cerca de 2 bilhões de reais.

Armas do inimigo

Sendo os dois únicos laboratórios brasileiros listados na Bovespa, é inevitável que o mercado os compare a toda hora. E um ponto que chama a atenção no movimento do Fleury é que as aquisições, nos últimos tempos, foram a principal arma da Dasa para crescer – e não o da rival.

Enquanto a Dasa enfatizou a compra de concorrentes menores e deixou de lado o crescimento orgânico, o Fleury reforçou justamente o contrário. No primeiro trimestre de 2009, a taxa orgânica de expansão da Dasa foi de 26,7%. No terceiro trimestre deste ano, já havia caído para 6,5%. Para o Fleury, esse indicador ficou em 11,9% - e desde o quarto trimestre do ano passado, a empresa tem superado a Dasa neste quesito.

"Na nossa visão, a Dasa deveria obter maior crescimento orgânico que o Fleury. Mas esse não tem sido o caso nos últimos dois trimestres, e a Dasa vem crescendo menos que o Fleury", segundo relatório do Raymond James, assinado por Guilherme Assis e Daniela Bretthauer.


Expansão orgânica

Assim, ao investir em aquisições, o Fleury tenta uma resposta à única estratégia que ainda mantém a Dasa na dianteira, já que o seu ritmo de expansão orgânica é menor. Isso não quer dizer que o Fleury vá deixar esse assunto de lado. O grupo ainda prevê investimentos de 200 milhões de reais em 2011 para expansão orgânica.

A parte prevista para o Rio de Janeiro será revista agora, após a aquisição do Labs D’Or. A empresa é a responsável pela área de medicina diagnóstica da rede de hospitais D’Or. A rede D’Or faz parte do portfólio da área de investimentos de longo prazo do Grupo BTG Pactual.

O Fleury terá prioridade na realização de exames nos hospitais da rede D’Or, mas vai escolher em quais deseja atuar, minimizando assim as perdas na atuação em hospitais recém-construídos, por exemplo. Caso a transação seja concluída, a dívida líquida do grupo ficará confortável, segundo Figueiredo. O endividamento ficará em cerca de 0,5 vez o ebitda. Atualmente há cerca de 353 milhões de reais em caixa.

De acordo com a corretora Raymond James, o mercado de análises clínicas brasileiro ainda é bastante pulverizado, com 1.500 empresas. A Dasa já avisou que possui novos alvos que poderão agregar até 1 bilhão de reais em receitas por ano. Com um baixo nível de endividamento e dinheiro em caixa, o Fleury também pode voltar às compras. O diagnóstico, em suma, é de que essa briga só está começando.

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