Fim da era do iPhone? Apple reporta queda de 9% nas vendas do celular
Empresa do presidente Tim Cook desenvolveu novos braços de faturamento, como serviços por assinatura, mas iPhone ainda responde por metade da receita
Carolina Riveira
Publicado em 30 de outubro de 2019 às 19h30.
Última atualização em 31 de outubro de 2019 às 11h44.
A Apple apresentou seus resultados do terceiro trimestre nesta quarta-feira 30, com números novamente decepcionantes para o iPhone , seu principal produto.
O celular, que introduziu a categoria smartphone no mundo em 2007, teve queda de 9,2% nas vendas entre julho e setembro, respondendo por 33,4 bilhões de dólares. As vendas caíram em todas as regiões, exceto nas Américas e na região de Ásia e Pacífico (que não incluem China e Japão), onde subiram 7%.
O desempenho de vendas do iPhone já vinha baixo ao longo de todo o ano de 2019. No segundo trimestre do ano (terceiro do ano fiscal da Apple), a queda nas vendas havia sido de 12% em relação ao mesmo período de 2018, e de 17% no primeiro trimestre.
Enquanto isso, a Apple tenta sobreviver de outras formas. Apesar da queda nas vendas do iPhone, o faturamento da empresa subiu 1,8% no terceiro trimestre (quarto trimestre do ano fiscal da Apple), para 64 bilhões de dólares no período entre julho e setembro. O lucro caiu menos que as expectativas, tendo baixa de 3%, para 13,7 bilhões de dólares.
A empresa do presidente Tim Cook vem tentando ganhar dinheiro com produtos como assinatura de seu serviço de música, o iTunes, e serviços financeiros, como o Apple Pay. O objetivo é tentar usar o público de 900 milhões de usuários do iPhone pelo mundo para vender serviços constantes. A categoria de serviços teve alta de 18% no trimestre e respondeu por 17% das vendas.
A venda dos chamados wearables também é uma frente em crescimento, com alta de 5% nas vendas com produtos como os AirPods (fones de ouvido sem fio), o relógio inteligente Apple Smartwatch e a Apple TV. A empresa pode lançar ainda um óculos de realidade aumentada em 2020.
Apesar dos novos braços, a Apple ainda depende largamente do iPhone, que respondeu neste trimestre por 52% das vendas -- no mesmo período de 2018, o iPhone respondia por 58% das vendas.
A empresa afirmou aos investidores que o iPhone 11, lançado no mês passado, está sendo bem recebido e que a empresa deve ter boas vendas de Natal. A expectativa é que o iPhone 11 represente entre 85,5 bilhões e 89,5 bilhões de dólares em vendas no último trimestre de 2019, entre outubro e dezembro. A Apple decidiu por não incluir no iPhone 11 a tecnologia 5G, que ficou para 2020.
Luca Maestri, diretor financeiro da empresa, disse esperar que a performance do iPhone melhore na comparação com o restante de 2019 e que os wearables serão "muito fortes". As ações da Apple subiam 1,87% por volta das 19h, após o fechamento do mercado e o anúncio dos resultados.
Embora as novas frentes devam seguir crescendo em participação no balanço, por ora, os custos em desenvolvê-las também estão subindo na mesma proporção. Os gastos operacionais subiram 9%, bem acima da alta de 1,8% do faturamento. Nesta sexta-feira 1, a Apple vai lançar a Apple TV+, serviço de streaming concorrente da Netflix e que, em breve, deve representar nova frente de ganhos -- enquanto isso, só sobraram os gastos, e a principal série do novo catálogo já custou mais do que Game of Thrones, da HBO.
A temporada de resultados não foi das melhores também para outras empresas de tecnologia. A Alphabet, companhia-mãe do Google, divulgou queda de 23% no lucro na segunda-feira, com crescimento dos gastos em desenvolvimento e infraestrutura e dificuldade em continuar fazendo aumentar a receita de anúncios. A varejista Amazon também reportou queda de 26% nos lucros na semana passada, sobretudo devido a altos custos do programa de assinaturas Prime, que oferece frete grátis e entregas em um dia.