Exame Logo

Goldman Sachs é “tóxico e destrutivo”, afirma executivo de saída, no NYT

Em artigo no The New York Times, Greg Smith critica a busca desenfreada por dinheiro de um dos maiores bancos de investimento do mundo depois de pedir demissão

Em seu último dia de Goldman Sachs, Greg Smith afirma que um dos maiores bancos de investimento do mundo enfrenta um "declínio de fibra moral" (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 14 de março de 2012 às 21h35.

São Paulo - Greg Smith trabalhou por quase 12 anos no Goldman Sachs . Hoje é seu último dia na empresa. E a despedida não poderia ser mais polêmica: em um artigo publicado no The New York Times, ele explica por que o ambiente de trabalho em um dos maiores bancos de investimentos do mundo é "tóxico e destrutivo".

Em uma base de 30.000 funcionários, Smith já fora escolhido entre apenas dez para dar as caras em um vídeo institucional de recrutamento do Goldman, dirigido a plateias universitárias mundo afora. Mas os tempos parecem ter mudado. "Eu sabia que era hora de partir quando me dei conta que não poderia mais olhar nos olhos dos estudantes e sustentar que este é um bom lugar para trabalhar", escreveu.

O que fez o executivo mudar radicalmente de lado e pedir demissão? Ele afirma que os interesses dos clientes continuam sendo marginalizados em função da preocupação do Goldman em ganhar dinheiro. E que o banco é muito integrado às finanças globais para continuar agindo desta forma.

Smith também sustenta que quando os livros de história escreverem sobre a firma, é possível que apontem o atual presidente do Goldman, Gary Cohn, e seu CEO, Lloyd Blankfein, como os responsáveis por deixar a antiga cultura da firma escapar entre os dedos, promovendo um visível “declínio de fibra moral”.

A razão para a derrocada, segundo Smith, é o fato de o banco ter passado a promover seus executivos unicamente em função do lucro apresentado por eles. Como consequência, os clientes passaram a ser persuadidos a comprar quaisquer ativos de que o Goldman estivesse tentando se livrar, mesmo que eles fossem obscuros e com baixíssima liquidez.

Ao longo da carreira, o executivo afirma ter sido consultor de dois dos três maiores hedge funds do planeta, cinco das maiores gestoras de recursos nos Estados Unidos e três dos maiores fundos soberanos no Oriente Médio e Ásia. "Sempre tive orgulho de aconselhar meus clientes a respeito do que eu acreditava ser certo para eles, mesmo quando isso significava menos dinheiro para o Goldman. Mas essa visão está se tornando extremamente impopular por lá", completa.

Finalmente, Smith mira sua metralhadora giratória para os diretores do banco que, segundo ele, não raro chamam seus clientes de muppets, bichinhos animados de uma lendária série televisiva. “Não é preciso ser um cientista espacial para chegar à conclusão de que, daqui a dez anos, os analistas juniores que se sentam no canto da sala e ouvem sobre muppets e o quanto o banco consegue arrancar de um cliente não se tornarão exatamente cidadãos modelos.”

O artigo do executivo foi responsável por levar o tópico “Goldman Sachs” aos Trending Topics no Twitter americano. Em matéria publicada no Wall Street Journal, uma fonte não identificada do banco discordou da visão de Greg Smith, afirmando que a única forma do negócio ser bem sucedido é quando os clientes do Goldman também saem ganhando. O banco ainda não se pronunciou oficialmente.

Veja também

São Paulo - Greg Smith trabalhou por quase 12 anos no Goldman Sachs . Hoje é seu último dia na empresa. E a despedida não poderia ser mais polêmica: em um artigo publicado no The New York Times, ele explica por que o ambiente de trabalho em um dos maiores bancos de investimentos do mundo é "tóxico e destrutivo".

Em uma base de 30.000 funcionários, Smith já fora escolhido entre apenas dez para dar as caras em um vídeo institucional de recrutamento do Goldman, dirigido a plateias universitárias mundo afora. Mas os tempos parecem ter mudado. "Eu sabia que era hora de partir quando me dei conta que não poderia mais olhar nos olhos dos estudantes e sustentar que este é um bom lugar para trabalhar", escreveu.

O que fez o executivo mudar radicalmente de lado e pedir demissão? Ele afirma que os interesses dos clientes continuam sendo marginalizados em função da preocupação do Goldman em ganhar dinheiro. E que o banco é muito integrado às finanças globais para continuar agindo desta forma.

Smith também sustenta que quando os livros de história escreverem sobre a firma, é possível que apontem o atual presidente do Goldman, Gary Cohn, e seu CEO, Lloyd Blankfein, como os responsáveis por deixar a antiga cultura da firma escapar entre os dedos, promovendo um visível “declínio de fibra moral”.

A razão para a derrocada, segundo Smith, é o fato de o banco ter passado a promover seus executivos unicamente em função do lucro apresentado por eles. Como consequência, os clientes passaram a ser persuadidos a comprar quaisquer ativos de que o Goldman estivesse tentando se livrar, mesmo que eles fossem obscuros e com baixíssima liquidez.

Ao longo da carreira, o executivo afirma ter sido consultor de dois dos três maiores hedge funds do planeta, cinco das maiores gestoras de recursos nos Estados Unidos e três dos maiores fundos soberanos no Oriente Médio e Ásia. "Sempre tive orgulho de aconselhar meus clientes a respeito do que eu acreditava ser certo para eles, mesmo quando isso significava menos dinheiro para o Goldman. Mas essa visão está se tornando extremamente impopular por lá", completa.

Finalmente, Smith mira sua metralhadora giratória para os diretores do banco que, segundo ele, não raro chamam seus clientes de muppets, bichinhos animados de uma lendária série televisiva. “Não é preciso ser um cientista espacial para chegar à conclusão de que, daqui a dez anos, os analistas juniores que se sentam no canto da sala e ouvem sobre muppets e o quanto o banco consegue arrancar de um cliente não se tornarão exatamente cidadãos modelos.”

O artigo do executivo foi responsável por levar o tópico “Goldman Sachs” aos Trending Topics no Twitter americano. Em matéria publicada no Wall Street Journal, uma fonte não identificada do banco discordou da visão de Greg Smith, afirmando que a única forma do negócio ser bem sucedido é quando os clientes do Goldman também saem ganhando. O banco ainda não se pronunciou oficialmente.

Acompanhe tudo sobre:Bancosbancos-de-investimentoEmpresasEmpresas americanasFinançasGoldman SachsJornaisMercado financeiroThe New York Timeswall-street

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame