Rodrigo Padilla, da P&G Health: "eu não quero ficar brigando por participação de mercado, eu quero desenvolver categorias" (Procter & Gamble/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 3 de agosto de 2023 às 09h23.
Última atualização em 4 de agosto de 2023 às 11h29.
Gigante em bens de consumo com marcas como Gillete, Pantene e Oral-B, a Procter & Gamble quer alcançar o mesmo reconhecimento e força de mercado com a unidade de negócios de saúde. A divisão é embrionária dentro de um grupo fundado há quase 200 anos e ganhou novo status em 2018 quando a companhia anunciou a aquisição do braço de saúde da farmacêutica alemã Merck, um negócio que movimentava em torno de 1 bilhão de dólares em vendas de suplementos e vitaminas.
No Brasil, o novo momento se traduz em um time de 260 profissionais trabalhando em ideias e oportunidades para crescer a área. “Nós tínhamos produtos de saúde, mas que eram tratados muito sob o ponto de vista de bens de consumo. Agora, temos outro tipo de relação. Na prática, operamos quase como duas organizações, P&G e Health”, afirma Rodrigo Padilla, vice-presidente e gerente-geral da P&G Health Brasil. O executivo tem mais de 17 anos de P&G, passando por diferentes setores e categorias, e assumiu o negócio em meados de 2021.
A marca Vick é o carro-chefe do setor e responde por 50% do faturamento. À frente do negócio, Padilla tem como objetivo diversificar cada vez e ampliar essa receita.
Pelos poucos números que abre, tem conseguido. A unidade tem crescido em torno de 30% ano a ano, resultado que deve permitir que a meta de fazer o primeiro bilhão seja cumprida antes do tempo.
"A gente vai ter que revisar a meta, provavelmente vamos chegar neste ano fiscal de 2024", diz. A projeção é de que a cifra seria alcançada no ano fiscal seguinte, em 2025.
No prateleira de iniciativas para fazer a unidade avançar, a companhia aposta no portfólio de suplementos e multivitamínicos, dois setores que permitem que os produtos entrem no mercado com mais rapidez – remédios com prescrição demandam períodos maiores de desenvolvimento e de aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
E ainda em medicamentos como Alginac e Citoneurin, desenvolvidos para o tratamento de inflamações e que chegaram com a aquisição da Merck - atualmente, eles crescem a um ritmo de 30% ao ano.
Uma parte importante da estratégia para a P&G é a ampliação dos públicos para os medicamentos. “Eu não quero ficar brigando por participação de mercado, eu quero desenvolver categorias”, diz Padilla.
Até por isso, a unidade de negócios procura tirar proveito de toda a expertise de comunicação de produtos criada pela multinacional ao longo de décadas para estimular novas ocasiões de consumo, aos moldes do que tem construído com Vick.
A marca, no portfólio da P&G desde 1985, é tratada hoje como uma família de produtos, com o portfólio que vai do VapoRub tradicional a itens com passiflora e melatonina.O futuro da divisão também passa pelo crescimento inorgânico. Desde a aquisição da Merck, a P&G já fez outras compras em lugares como Austrália, Estados Unidos e Europa. E o Brasil, como segundo maior mercado para a categoria de saúde na América Latina, deve ter novidades ao curto prazo.
“Nós estamos sempre indo às compras. Estamos sempre saindo com a nossa bolsinha para ver se tem algo disponível”, afirma Padilla. A procura aqui é por empresas que combinem presença de marca, potencial de inovação em produtos e elevada capacidade fabril.
Hoje, além de fábricas em Louveira, no interior de São Paulo, e no México, que alimentam o mercado local, a área ainda é muito dependente de produções terceirizadas nacional e internacional, o que impacta em custos e desafios logísticos. “Nós queremos internalizar ao máximo a nossa produção”.
A motivação está em linha com as ambições globais da companhia para a unidade de saúde, cuja expectativa é de que a operação alcance 10 bilhões de dólares em faturamento no intervalo de 3 anos. Para chegar à meta, a P&G tem na conta que 2 bilhões de dólares desse valor podem vir a partir de aquisições.
No ano fiscal encerrado em junho passado, o setor movimentou US$ 5 bilhões, apenas 6% dos US$ 82 bilhões registrados pela multinacional.