J&F: a investigação da JBS nos EUA é baseada no Ato de Práticas de Corrupção no Exterior (Paulo Fridman/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 31 de maio de 2017 às 10h09.
Última atualização em 31 de maio de 2017 às 17h06.
O Departamento de Estado americano e o Ministério Público Federal(MPF) no Brasil trabalham em conjunto para chegar a uma solução única no acordo de leniência da J&F, controladora da JBS disseram fontes ouvidas pelo 'Estado'.
Esse caminho evita que a companhia seja punida pelos mesmos crimes nos dois países, mas aumenta a pressão para o pagamento de pesadas multas.
Na noite desta terça-feira, 30, no Brasil, representantes da J&F e procuradores do MPF fecharam um acordo. O grupo pagará R$ 10,3 bilhões em 25 anos. Os irmãos Joesley e Wesley Batista insistiam no valor de R$ 8 bilhões.
As duas cifras são inferiores à multa de US$ 3,5 bilhões imposta no caso da Odebrecht/Braskem, cuja solução foi anunciada pelo Departamento de Justiça em dezembro. O acordo foi fechado em conjunto com as autoridades da Suíça e do Brasil, que ficou com 80% do total da penalidade.
"Se o Departamento de Justiça está envolvido, isso aumenta a pressão sobre a companhia, por envolver questões criminais. Cada vez que potenciais acusações criminais estão envolvidas, as empresas ficam sob forte pressão para resolver a situação", observou Richard Cassin, editor do FCPA Blog, a mais respeitada publicação dedicada à aplicação da legislação anticorrupção nos EUA. Apesar de não ter informações específicas sobre o caso, ele segue há 11 anos a atuação do Departamento de Justiça.
A investigação da JBS nos EUA é baseada no Ato de Práticas de Corrupção no Exterior (FCPA, na sigla em inglês), que pune o pagamento de subornos em outros países por empresas que tenham negócios nos EUA ou ações negociadas nas bolsas de valores americanas. A JBS tem sua principal operação nos EUA, onde é uma das líderes do setor de proteína animal.
Na semana passada, a companhia confirmou que contratou um escritório de advocacia americano para representá-la nas negociações com o Departamento de Justiça, que não se manifesta sobre casos em andamento.
Em palestra realizada em São Paulo na quarta-feira, um dos principais responsáveis pela área de combate à corrupção da instituição, Trevor McFadden, disse que as autoridades americanas preferem cooperar com seus parceiros internacionais e alcançar soluções globais que distribuam as penalidades entre os países implicados - o que ocorreu no caso da Odebrecht.
Em um sinal da crescente cooperação entre os dois países, McFadden havia se reunido em Brasília dois dias antes de sua palestra com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Em São Paulo, Trevor afirmou que a colaboração entre os EUA e o Brasil no combate à corrupção é intensa. "Em uma base quase diária, nossos procuradores e agentes mantêm contato, trocam informações e dão assistência mútua quando apropriado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.