Miguel Caeiro, head da operação da VidMob para América Latina: "Nossa receita cresceu 4x por ano na América Latina há pelo menos dois anos" (Marco Pinto/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 19 de agosto de 2022 às 13h32.
Última atualização em 19 de agosto de 2022 às 15h15.
A presença ostensiva das redes sociais no dia a dia das pessoas mudou por completo a maneira de fazer publicidade e de ganhar dinheiro nesse mercado.
Um exemplo disso é a pujança de negócios de tecnologia em marketing — as chamadas martechs.
Nesta semana, uma das principais martechs do mundo, a americana VidMob anunciou a captação de US$ 110 milhões (o equivalente a R$ 560 milhões) numa rodada série D com cheque alto incomum nesses tempos de escassez de recursos para startups, unicórnios e afins.
Participaram do aporte negócios ligados à indústria criativa presentes em rodadas anteriores da empresa: Adobe, Shutterstock, BuildGroup e Spruce House.
A novidade é a entrada do fundo Shamrock Capital, venture capital focado em negócios da indústria criativa com dinheiro do family office de Roy E. Disney, sobrinho de Wall Disney.
O negócio da VidMob emprega inteligência artificial para decodificar tudo num vídeo publicitário capaz de chamar a atenção de quem está vendo o material nas redes sociais (e numa telinha de celular).
A tecnologia própria da VidMob cataloga imagens e sons captados frame a frame de um vídeo e, com base na análise de uma quantidade colossal de dados de vídeos publicitários, consegue mensurar no detalhe o que chama a atenção numa rede social.
É, provavelmente, a informação mais importante para um diretor de criação de publicidade hoje em dia, diz Miguel Caeiro, head da operação para América Latina da VidMob.
"Empregamos inteligência artificial para transformar uma peça criativa numa montanha de dados", diz Caeiro. "A ideia é acabar com o achismo na tomada de decisão sobre a estratégia de uma empresa nas redes sociais."
O assunto é da ordem do dia numa época de pessoas grudadas nas redes sociais — e bombardeadas de estímulos por todos os lados.
"Por dia, os dedos das pessoas 'scrollam' em média 300 metros na tela dos seus celulares", diz Caeiro. "Ouso dizer que na pandemia esse número chegou aos 2 quilômetros. Se destacar no meio disso tudo está muitod difícil."
A VidMob ganha dinheiro com a venda de assinaturas de um software na nuvem por meio do qual clientes podem ver estatísticas sobre o desempenho de campanhas de marketing nas redes sociais.
Em paralelo, consultores da martech podem orientar clientes sobre o que fazer para uma campanha bombar. Ou, ainda, criar o vídeo para o cliente com base no que os dados têm a dizer.
Com esse modelo de negócios, a VidMob está bombando na América Latina e, sobretudo, no Brasil.
"Nossa receita cresceu 4x por ano na América Latina há pelo menos dois anos", diz Caeiro.
Alguns cases da VidMob por aqui:
Fundada em 2014, a martech é comandada pelo fundador, o americano Alex Collmer, profissional com experiência diversa em marketing — ele é um dos board members do Ad Council, uma das associações de classe mais relevantes nos Estados Unidos para os setores de marketing e publicidade.
Antes do aporte dessa semana, a VidMob já havia captado:
Os recursos do aporte desta semana serão utilizados em boa medida para acelerar a expansão internacional — e o Brasil deve ser um das prioridades nesta etapa.
"Os brasileiros são ávidos pelas redes sociais, que já sabem disso e fazem daqui um laboratório para novas funcionalidades delas", diz Caeiro. "Isso sem falar na escala enorme do mercado publicitário brasileiro, bem como a alta qualidade dos profissionais daqui."
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