Empreendedores argentinos faturam R$ 300 milhões no Brasil com compra e venda de celulares usados
Mais barato e sustentável, Trocafone atende demanda do mercado de celulares usados no Brasil. Desde 2014, quase dois milhões de aparelhos já foram vendidos
Isabela Rovaroto
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 08h00.
Última atualização em 19 de outubro de 2022 às 08h08.
A Trocafone, empreendimento líder na compra e venda de celulares seminovos no Brasil, faturou R$ 300 milhões no último ano. Com aquisições, a empresa que já vendeu quase dois milhões de aparelhos usados em oito anos espera crescer 40% em 2022, com receita bruta de R$ 500 milhões.
Com o objetivo de criar um portfólio mais completo para o varejo, a Trocafone comprou o Grupo PLL, líder de mercado no atendimento e na prestação de serviço de pós-venda para seguradoras, varejo e operadoras de celular. O investimento de R$ 125 milhões foi anunciado nesta quarta-feira, 19.
“Com a união das duas empresas vamos alcançar um volume de 500 mil reparos de smartphones por ano. Com a chegada do Grupo PLL contaremos com soluções amplas e diferenciadas, tendo como principal foco o consumidor final e o meio ambiente”, afirma Guillermo Freire, Co-CEO da Trocafone.
Como funciona a Trocafone
Criada em 2014, a empresa comercializa celulares e tablets seminovos em diferentes plataformas:
- site próprio
- lojas físicas
- marketplaces parceiros, como Lojas Mericanas e Magalu
- operadoras telefônicas parceiras, como Claro, Tim e Vivo
Trata-se de um negócio com uma cultura baseada no recommerce, que promove a inclusão digital e traz benefícios econômicos para a sociedade ao mesmo tempo que contribui para a redução de lixo eletrônico.
A empresa compra aparelhos usados, faz a manutenção e oferece garantia de um ano aos compradores. Em média, os aparelhos tem dois anos de uso e os preços são 40% menores.
Os modelos mais procurados pelos consumidores brasileiros no primeiro semestre foram o Iphone 7 e o Samsung Galaxy S9, que podem ser encontrados no e-commerce com valores a partir de R$1.139,00 e R$869,00, respectivamente. Outros aparelhos como Iphone 8 e XR tiveram bastante procura, seguido pelo modelo Galaxy S10.
Em maio, a empresa lançou o Shopping Machine. O serviço permite que as pessoas vendam seus aparelhos que não utilizam mais diretamente em máquinas instaladas em shoppings e supermercados.
Os interessados preenchem dados de identificação pessoal e do aparelho. Em seguida, o celular é analisado e, em caso de aprovação, o cliente é informado o valor do aparelho. Caso concorde, o usuário recebe o pagamento na mesma hora via PIX.
Também é possível fazer o orçamento de qualquer aparelho ou fazer a reciclagem de aparelhos. No último caso, qualquer telefone, mesmo sem condições de uso, será pago uma taxa de R$ 20.
A expectativa da empresa é comprar mais de 10 mil aparelhos nos primeiros seis meses, por meio das 12 máquinas automáticas instaladas em São Paulo.
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Como o negócio começou
Para o empreendedor argentino Guillermo Freire, fundador da Trocafone, o modelo de negócio atua na economia circular, diminuindo o descarte de lixo eletrônico e barateando o acesso aos aparelhos. “Temos como missão democratizar o acesso à tecnologia e reduzir o lixo eletrônico. Queremos oferecer mais possibilidades aos consumidores brasileiros que desejam ter um aparelho moderno e funcional, com segurança e confiabilidade”, diz.
Freire e seu sócio Guillermo Arslanian se conheceram nos Estados Unidos. A história dos empreendedores com o mercado de celulares usados começou após um assalto. Na época, Freire estava desempregado quando seu celular foi furtado. Sem dinheiro, ele começou a procurar por celulares seminovos. "Eu comprei um aparelho usado que apresentou problemas em pouco tempo e não tinha garantia. Naquele momento eu vi uma oportunidade ", diz.
Juntos, os empreendedores começaram a estruturar um marketplace para compra e venda de celulares seminovos. Com o objetivo de escalar o negócio, os empreendedores se mudaram para o Brasil e escolheram o país como principal mercado. A sede da Trocafone fica na Lapa, em São Paulo.
"Em quatro meses, construímos uma plataforma de compra e venda de celulares usados com investimento de 30 mil dólares", diz Freire.
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Quais são os planos da empresa
O Grupo PLL é a primeira aquisição da Trocafone, que visa se tornar nos próximos anos a maior referência em smartphones seminovos da América Latina. A prioridade no momento é a integração das duas empresas. “As operações serão integradas até o final do ano, e as equipes passarão por processos de treinamentos para aproveitar o ótimo momento de ambas as empresas, que estão apresentando crescimento muito forte. Esta aquisição fortalece o grupo e nos permite manter os planos de investimento e crescimento em 2023”, diz Freire.
Outro serviço no radar da Trocafone são os seguros para celulares. "Nossa ideia é atuar no mercado de seguros para reduzir o preço das mensalidades. Hoje, um seguro chega a custar 30% do valor do aparelho e grande parte dos brasileiros não têm acesso. Queremos que mais pessoas consigam manter seus smartphones".
Para 2023, a expectativa é crescer mais 40% e replicar o modelo de negócio usado com celulares com outros tipos de eletrônicos, como TVs e notebooks. Um exemplo é recente campanha de troca de TVs chamada Troca Tudo, lançada em parceria com a Magalu para a Copa do Mundo.
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