Em pleno 2023, vender ursinhos de pelúcia rende R$ 150 milhões a duas empresárias gaúchas. Veja como
Atualmente, rede tem 72 lojas, mas quer chegar a 120 até o final do ano que vem, dobrando o número de ursinhos vendidos
Repórter de Negócios
Publicado em 30 de setembro de 2023 às 08h00.
As sócias Natiele Krassmann e Veronicah Sella se conheceram em Nova York. As duas estavam participando da NRF, uma das principais feiras de varejo do mundo, e se encontraram quando procuravam um chope para beber. Dali, se aproximaram e visitaram um modelo de negócio que as inspiraram para criar a Criamigos, uma rede de lojas de ursinhos de pelúcia fundada em Gramado, na serra gaúcha.
A proposta da empresa é possibilitar que o cliente construa a pelúcia com o funcionário. Ele escolhe o animal, a cor, as roupas e até se quer gravar um recado em voz para ser ouvido quando o bichinho for apertado. Atualmente, são 72 lojas espalhadas pelo Brasil. Quase todas tocadas por franqueados.
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Agora, sete anos depois da fundação, a Criamigos está dando um novo passo para ampliar a receita. Além do modelo de franquia por lojas inteiras, entendeu que havia oportunidade para oferecer operações mais enxutas, de quiosques. A decisão levou em consideração os preços dos aluguéis nos shoppings, que estão mais altos.
Com isso, vai praticamente dobrar de tamanho em 2024, para 120 unidades e um hotel, que está em construção. Para faturamento, a meta é fechar 2023 faturando 150 milhões de reais, um aumento de cerca de 15% em relação aos 120 milhões de reais de 2022.
Como são os bichinhos de pelúcia hoje
Bem diferente dos ursinhos antigos, há até bastante tecnologia nas pelúcias vendidas hoje pela Criamigos. Primeiro, porque é tudo customizado. O cliente tem a experiência de "fazer" o ursinho de pelúcia do zero. Ele escolhe o animal que quer e na própria loja grava uma mensagem de voz para ser ouvida depois. Depois, enche o ursinho para ele ficar fofinho, e ainda escolhe a roupa para o bichinho usar.
Outro detalhe é que vai muito além de ursinho. No caso da Criamigos, há unicórnios, gatos, cachorros, pandas e vacas, por exemplo.
Dos produtos que a Criamigos usa para fazer os ursinhos, quase todos são brasileiros. Eles vêm de fárbicas tercerizadas que recebem homologação para produzir os itens para a rede. A maioria dos homologados ficam no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e em São Paulo.
Qual foi a estratégia para expansão
Quando começaram a Criamigos com uma loja própria em Gramado em 2016, as empresárias não raro ouviam perguntas como “quem são essas duas doidas querendo vender ursinhos de pelúcia em plena era digital?”. Mas a operação vingou e já no ano seguinte abriram a seguinte, em Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Em 2018, foram mais cinco, em cidades como Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo.
“No início, fizemos um cálculo que para ficarmos sem prejuízo, tínhamos que vender 16 ursinhos de pelúcia por dia. Um urso a cada meia hora”, diz Sella. “Agora no início de outubro, vamos completar 1 milhão de ursos vendidos ”.
A estratégia da Criamigos foi expandir por meio das capitais dos Estados. Foi assim que chegaram a 72 unidades abertas em sete anos. “Fomos uma marca muito capilarizada, tínhamos a preocupação de levar o produto para o maior número de pessoas distantes da matriz, que nasceu em Gramado”, afirma Krassmann.
Como querem expandir agora
Agora, o entendimento é de que para crescer, precisam lançar novos formatos de lojas. Por isso, começaram a apostar em quiosques, operações enxutas, de cerca de 9 metros quadrados, que ficam nos corredores dos shoppings.
“Até então, éramos meio contra quiosques”, diz Krassmann. “Tínhamos medo de que o espaço menor não pudesse validar a nossa experiência, em que o cliente interage com a construção do ursinho de pelúcia. Mas fizemos uma validação em um shopping de Porto Alegre e faturou muito bem”.
O percurso acontece igual, mas ao redor do quiosque. Primeiro escolhe o personagem, grava a voz e coloca o enchimento. Depois, escolhe as roupas, registra o nascimento em uma “certidão” e finaliza colocando o boneco dentro da caixa. A ideia de levar as lojas para quiosques é que o aluguel fique mais em conta e para facilitar a penetração em novos mercados, principalmente no interior.
Agora perto do Dia das Crianças, inclusive, devem abrir novas operações. Segundo as empresárias, é normal que próximo da data novas lojas abram, já esperando o aumento da procura. Na Criamigos, 70% do faturamento vem nos últimos três meses do ano, entre o Dia das Crianças e o Natal.
“Queremos ser o presente de aniversário do amigo, do sobrinho, e para isso, temos que estar em vários lugares, ter mais unidades”, afirma Sella. “E também queremos ampliar a receita, sendo opções de presentes em outras datas que ainda não temos muita penetração, como Dia das Mães”.
Como está o hotel da Criamigos
Além das novas lojas e novos produtos para datas comemorativas, a Criamigos prepara o desenvolvimento de seu primeiro hotel. Ele ficará em Gramado, no Rio Grande do Sul, e está avaliado em 100 milhões de reais. Desse montante, 60% vem das empresárias e o restante de aportes que estão captando.
O hotel terá 32 suítes temáticas, com uma média de 50 metros quadrados por quarto. A ideia, claro, é que seja uma operação familiar, para que os pais viajem com suas crianças. “As crianças estão no meio da decisão das famílias”, afirma Sella. “Os pais decidem de restaurantes a carros pela ótica das crianças. Por isso, fizemos um empreendimento pensado para crianças”.
Empresa faz parte do ranking Negócios em Expansão
A Criamigos foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.
A empresa ficou na 28ª colocação na categoria de 30 a 150 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 85,27%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 22,1 milhões. Em 2022, subiu para R$ 40,9 milhões.
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