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Em fase de transição, BRF deve ter resultados voláteis

Companhia enfrenta um processo de transição para focar em vendas de maior valor agregado e reduzir a fatia de produtos básicos em seus negócios externos

Pizzas da Sadia, da BRF: companhia teve lucro líquido de R$ 287 milhões no terceiro trimestre de 2013, 216% maior que em 2012 (Adriano Machado/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2014 às 15h15.

São Paulo - A empresa de alimentos BRF , maior exportadora global de carne de frango, ainda deve apresentar altos e baixos em seus resultados trimestrais em 2014, durante processo de transição em que busca focar em vendas de maior valor agregado e reduzir a fatia de produtos básicos em seus negócios externos.

Um desafio adicional é um mercado de exportações pouco brilhante, segundo especialistas consultados pela Reuters.

As notícias sobre as mudanças estruturais na companhia em 2013, incluindo a troca de integrantes da cúpula da empresa, foram inicialmente bem recebidas pelos investidores, mas o baque de um resultado abaixo do esperado no terceiro trimestre deixou o mercado cauteloso.

"Em 2013, as ações da BRF estavam subindo até o terceiro trimestre, mas a partir daí o papel cedeu e vem com tendência de baixa... já caíram 8 por cento", disse o gerente da equipe de analistas do BB Investimentos, Nataniel Cezimbra.

As mudanças realizadas desde que Claudio Galeazzi assumiu a presidência da companhia incluíram reorganização e novas diretorias, redução de portfólio e lançamento de produtos em áreas específicas visando aumentar rentabilidade.

"Os primeiros trimestres mostraram isso (ganho de eficiência), mas o terceiro trimestre assustou pela queda significativa nas vendas... ficou uma incerteza no mercado", disse o analista do BB Investimentos.

A BRF teve lucro líquido de 287 milhões de reais no terceiro trimestre de 2013, 216 por cento maior na comparação com o ano passado, mas veio abaixo da expectativa do mercado e da própria companhia.


Agora, disse o analista, quando sair o resultado do quarto trimestre, o mercado estará atento para saber se a companhia está gerando mais receita com volume ou com a venda de produtos de maior valor agregado.

Outro analista de um banco de investimentos que cobre o setor, mas pediu para não ser identificado, ressaltou que neste período de transição os resultados podem ser afetados.

"O último (trimestre) mostrou um desarranjo que atrapalhou a BRF. Poderemos ver resultados mais voláteis nos próximos trimestres", disse a fonte.

As primeiras prévias de bancos apontam para um quarto trimestre difícil para a BRF. No relatório do Banco Safra, a estimativa é de volume fraco e compressão de margens.

"Daqui em diante, esperamos melhora relevante nos resultados somente após o primeiro semestre, conforme os primeiros impactos do 'Plano de Aceleração de Crescimento' começarem a surgir, e houver tempo suficiente para os mercados de exportação esboçarem recuperação", apontou o banco em relatório.

O BTG Pactual também apontou a expectativa de um começo ainda mais fraco para a BRF neste ano, porque além de fracas vendas internas, o banco vê a continuidade de um ciclo de baixa nas exportações de carne de frango. Mas o BTG realçou que a atual diretoria "transmite a mensagem certa, que sustenta nossa visão de longo prazo de um exemplo altista".

Um integrante do setor, que também pediu anonimato, comentou que a estratégia da BRF coincide com as metas da indústria brasileira, de reforçar a exportação de produtos com maior valor agregado.


Segundo ele, a medida já se refletiu em 2013 com aumento da receita com as exportações de carne de frango do Brasil, apesar do volume menor, mas ponderou que o setor não viverá picos de crescimento da ordem de 10 por cento, como anteriormente.

"O mercado (de exportação de carne de frango) deve ter crescimentos menores, salvo exceções com novos eventos, como surtos repentinos de doenças, como os de gripe aviária", explicou.

As exportações de frango do Brasil recuaram 0,7 por cento em volume, para 3,89 milhões de toneladas, enquanto a receita cresceu 3,4 por cento para 7,97 bilhões de dólares.

A nova realidade da avicultura, porém, impõe desafios para a companhia que tem como meta reforçar sua presença no mercado internacional.

"Antes, a empresa era muito conservadora, não tinha esta vertente de crescimento (externo) tão forte...", disse a fonte da corretora de um banco de investimentos.

A BRF, que não comentou as avaliações do analistas, tem buscado reforçar a sua presença em mercados externos não só com exportações, mas com unidades, como o recente lançamento da pedra fundamental de uma planta industrial em Abu Dhabi, importante mercado consumidor de frango.

Segundo ele, os investidores esperam um perfil mais arrojado da companhia.

"Estas mudanças visam buscar este tipo de arrojo que os acionistas gostariam que a companhia tivesse... Mas estas mudanças geram ruídos internos e externos (no período de transição)", acrescentou.

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São Paulo - A empresa de alimentos BRF , maior exportadora global de carne de frango, ainda deve apresentar altos e baixos em seus resultados trimestrais em 2014, durante processo de transição em que busca focar em vendas de maior valor agregado e reduzir a fatia de produtos básicos em seus negócios externos.

Um desafio adicional é um mercado de exportações pouco brilhante, segundo especialistas consultados pela Reuters.

As notícias sobre as mudanças estruturais na companhia em 2013, incluindo a troca de integrantes da cúpula da empresa, foram inicialmente bem recebidas pelos investidores, mas o baque de um resultado abaixo do esperado no terceiro trimestre deixou o mercado cauteloso.

"Em 2013, as ações da BRF estavam subindo até o terceiro trimestre, mas a partir daí o papel cedeu e vem com tendência de baixa... já caíram 8 por cento", disse o gerente da equipe de analistas do BB Investimentos, Nataniel Cezimbra.

As mudanças realizadas desde que Claudio Galeazzi assumiu a presidência da companhia incluíram reorganização e novas diretorias, redução de portfólio e lançamento de produtos em áreas específicas visando aumentar rentabilidade.

"Os primeiros trimestres mostraram isso (ganho de eficiência), mas o terceiro trimestre assustou pela queda significativa nas vendas... ficou uma incerteza no mercado", disse o analista do BB Investimentos.

A BRF teve lucro líquido de 287 milhões de reais no terceiro trimestre de 2013, 216 por cento maior na comparação com o ano passado, mas veio abaixo da expectativa do mercado e da própria companhia.


Agora, disse o analista, quando sair o resultado do quarto trimestre, o mercado estará atento para saber se a companhia está gerando mais receita com volume ou com a venda de produtos de maior valor agregado.

Outro analista de um banco de investimentos que cobre o setor, mas pediu para não ser identificado, ressaltou que neste período de transição os resultados podem ser afetados.

"O último (trimestre) mostrou um desarranjo que atrapalhou a BRF. Poderemos ver resultados mais voláteis nos próximos trimestres", disse a fonte.

As primeiras prévias de bancos apontam para um quarto trimestre difícil para a BRF. No relatório do Banco Safra, a estimativa é de volume fraco e compressão de margens.

"Daqui em diante, esperamos melhora relevante nos resultados somente após o primeiro semestre, conforme os primeiros impactos do 'Plano de Aceleração de Crescimento' começarem a surgir, e houver tempo suficiente para os mercados de exportação esboçarem recuperação", apontou o banco em relatório.

O BTG Pactual também apontou a expectativa de um começo ainda mais fraco para a BRF neste ano, porque além de fracas vendas internas, o banco vê a continuidade de um ciclo de baixa nas exportações de carne de frango. Mas o BTG realçou que a atual diretoria "transmite a mensagem certa, que sustenta nossa visão de longo prazo de um exemplo altista".

Um integrante do setor, que também pediu anonimato, comentou que a estratégia da BRF coincide com as metas da indústria brasileira, de reforçar a exportação de produtos com maior valor agregado.


Segundo ele, a medida já se refletiu em 2013 com aumento da receita com as exportações de carne de frango do Brasil, apesar do volume menor, mas ponderou que o setor não viverá picos de crescimento da ordem de 10 por cento, como anteriormente.

"O mercado (de exportação de carne de frango) deve ter crescimentos menores, salvo exceções com novos eventos, como surtos repentinos de doenças, como os de gripe aviária", explicou.

As exportações de frango do Brasil recuaram 0,7 por cento em volume, para 3,89 milhões de toneladas, enquanto a receita cresceu 3,4 por cento para 7,97 bilhões de dólares.

A nova realidade da avicultura, porém, impõe desafios para a companhia que tem como meta reforçar sua presença no mercado internacional.

"Antes, a empresa era muito conservadora, não tinha esta vertente de crescimento (externo) tão forte...", disse a fonte da corretora de um banco de investimentos.

A BRF, que não comentou as avaliações do analistas, tem buscado reforçar a sua presença em mercados externos não só com exportações, mas com unidades, como o recente lançamento da pedra fundamental de uma planta industrial em Abu Dhabi, importante mercado consumidor de frango.

Segundo ele, os investidores esperam um perfil mais arrojado da companhia.

"Estas mudanças visam buscar este tipo de arrojo que os acionistas gostariam que a companhia tivesse... Mas estas mudanças geram ruídos internos e externos (no período de transição)", acrescentou.

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