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Elizabeth Banks, de atriz frustrada a magnata do cinema

A vida atribulada de Banks – atriz, cineasta, e empresária – ainda é algo raro para as mulheres em Hollywood, onde ela foi aos poucos se tornando destaque

Banks não tem planos de parar de atuar, mas também não está atrás de papéis principais para si mesma

Banks não tem planos de parar de atuar, mas também não está atrás de papéis principais para si mesma

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Da Redação

Publicado em 3 de janeiro de 2018 às 17h45.

Última atualização em 3 de janeiro de 2018 às 18h01.

Los Angeles – Elizabeth Banks não mede as palavras. Não há razão para isso quando se tenta fazer as coisas acontecerem.

Sentada em seu escritório, em um bangalô nos estúdios da Universal, o salto plataforma que usou para uma sessão fotográfica substituído por um par de sapatos baixos, Banks, 43 anos, foi muito franca quando perguntada por que trocou a vida de atriz de comédias pela de produtora e diretora.

“Eu era uma atriz frustrada. Estava entediada”, disse.

Agora, está muito ocupada. A Brownstone Productions, produtora que criou há 10 anos com o marido, Max Handelman, tem contrato com quase todos os grandes estúdios, e projetos para cinema e TV.

Ela está entre os fundadores da WhoHaha, uma plataforma on-line para mulheres comediantes; ainda atua, mais recentemente no papel dela mesma, como namorada do Larry David em “Segura a Onda”, e no papel de Gail, a comentarista ao mesmo tempo ácida e meiga de “A Escolha Perfeita 3” (cuja franquia foi criada e produzida pela Brownstone).

A vida atribulada de Banks – atriz, cineasta, e empresária – ainda é algo raro para as mulheres em Hollywood, onde ela foi aos poucos se tornando destaque, mesmo que o público só a conheça como a vulgar Effie Trinket, de “Jogos Vorazes”.

Sua estreia como diretora em “A Escolha Perfeita 2”, de 2015, rendeu US$30 milhões e estreou em primeiro lugar, arrecadando mais de US$ 280 milhões mundialmente.

Ao superar as expectativas, o filme imediatamente a colocou em um time onde há poucas mulheres (saltando à frente de alguns homens). Agora está dirigindo e produzindo um novo filme da série “As Panteras”, da Sony, a partir de uma ideia sua.

O fato de que muitos de seus próximos projetos se concentram nas mulheres é parte feminismo – “Estou combatendo a narrativa masculina na vida de todas nós” –, parte conveniência.

“Ao vender suas ideias, você está sempre procurando aprovação. E, se é mulher, é mais fácil conseguir isso se trabalhar com filmes cujos personagens principais são femininos.”

Em um momento no qual a indústria do entretenimento se vê desamparada por causa de alegações de má conduta sexual, a ascendência de uma mulher cujos filmes giram principalmente em torno de assuntos femininos parece providencialmente bem cronometrada.

Mesmo assim, as realizações de Banks serão medidas não apenas em termos de mudança social, mas também de dinheiro.

“Ela sabe que, para realmente mudar a situação, você precisa de um sucesso comercial. Liz é uma empresária de verdade”, disse Donna Langley, presidente da Universal Pictures, o estúdio por trás de “A Escolha Perfeita”.

Langley aprovou Banks para dirigir a sequência, e o estúdio tem um amplo acordo de desenvolvimento de filmes com a Brownstone; no final do ano passado, comprou os direitos do sucesso infantil “The Paper Bag Princess”, que pode ser outra oportunidade de produção e direção para ela.

Com a Brownstone, Banks também tem um acordo televisivo com a Warner Bros. e vendeu um piloto estrelando Laverne Cox como uma falsa vidente para a ABC.

Sua filosofia para o sucesso de produção em Hollywood têm três partes: acesso (o que ela tem como atriz), gosto (o seu tende mais para produções de massa do que independentes) e influência (que ela conquistou depois de “A Escolha Perfeita 2”).

A amiga Melissa McCarthy disse que Banks tem uma boa visão global do mundo e dessa indústria. “Ela é realista.” Elas se conheceram, e logo se deram bem, quando o marido de McCarthy, Ben Falcone, atuou com Banks em “O Que Esperar Quando Você Está Esperando”.

“Ela tem esse lado assertivo, e digo isso como um elogio. É parecida com os antigos executivos de estúdio de 1942; ficaria muito bem de terno e charuto. Ben sempre a chama de magnata”, disse McCarthy.

Quando chegou a Los Angeles, formada pelo American Conservatory Theather de San Francisco, Banks tinha objetivos claros. “Vim para ser a Julia Roberts, só que pararam de fazer comédias românticas no momento em que cheguei aqui. Eu só me apaixonei uma vez em um filme.” (“A Minha Casa Caiu”, de 2014.)

Em 2001, conseguiu um papel em “Mais Um Verão Americano”, o que levou a mais comédias, mas logo viu que a carreira que tinha imaginado não ia se materializar.

“O tipo de filme e os papéis que imaginei fazer não existiam. Não estão mais fazendo estrelas femininas. Não vou virar uma Reese Witherspoon.”

O primeiro filme produzido pela Brownstone foi “Substitutos” (2009), baseado em uma história em quadrinhos e estrelado por Bruce Willis; depois veio “A Escolha Perfeita”, do livro de Mickey Rapkin, que mostra um coral feminino a capela que acaba chegando ao campeonato internacional de canto. Banks se lembra de ter visto uma cena semelhante na Penn Station.

“Eu me lembro desse sujeito cantando ‘Rocket Man’ do Elton John e isso me tocou. Max falou: ‘Você se lembra de como os caras cantando a capela eram nerds, mas dedicados?’ Parecia uma ideia engraçada, esse tipo de canto se tornar uma manifestação nerd.”

O primeiro filme, em 2012, com um orçamento modesto e estrelado pela recém-famosa Anna Kendrick, foi uma surpresa e fez de Rebel Wilson, no papel de Fat Amy, um sucesso. Banks deu a ela um papel maior e um namorado na sequência.

“Como atriz, Elizabeth tem a capacidade única de ver o filme como um todo, não só sua própria parte, por isso não estranho que tenha se transformado em uma boa diretora”, disse Gary Ross, que a dirigiu em “Seabiscuit – Alma de Herói” e “Jogos Vorazes”.

Banks ficava de olho nos monitores no set, fazendo perguntas, pois se preparava para dirigir, e começou fazendo um anúncio para a Associação Cardiológica Americana.

A outra revelação foi cortesia da pesquisa do Instituto Geena Davis sobre Gênero na Mídia e outras instituições, que destacou como as mulheres estavam sub-representadas na frente e atrás das câmeras.

“Percebi que o problema não era eu”, disse Banks. Seus colegas de elenco de “Mais Um Verão Americano”, Amy Poehler, Paul Rudd, Bradley Cooper, todos construíram grandes carreiras, mas os homens chegaram lá mais rapidamente.

“Eu pensava: ‘O que está acontecendo? Um deles é um super-herói da Marvel agora, e eu não consigo nem um papel pequeno em um filme independente’. Rudd (Homem-Formiga), meu amigo, recebe 70 por cento mais ofertas de papeis do que eu. Há um monte de material para homens entre as idades de 20 e 50. A quantidade não é a mesma para nós atrizes”, observou.

“Foi uma grande revelação.”

Banks não tem planos de parar de atuar, mas também não está atrás de papéis principais para si mesma.

“Quantos filmes de grande sucesso estão sendo feitos sobre mulheres que estão na casa dos 40 anos?” (Ela contou dois em 2017: “Viagem das Garotas” e “Perfeita é a Mãe 2”.)

“Fiz minha carreira sendo extravagante em papéis menores, de qualquer forma. É uma espécie de zona de conforto minha”, disse Banks, que foi indicada a três Emmys, como atriz convidada em “Um Maluco na TV” e “Modern Family”.

Em “A Escolha Perfeita 3”, que foi dirigido por Trish Sie, o grupo de cantoras Barden Bellas se junta a um tour da USO, inspirada pela experiência de Banks com a organização em 2015. (“Eu sabia muito bem que nem todo mundo que encontrei na turnê saberia quem eu sou. Falaram coisas como: ‘Ah, a Cher veio no mês passado’.”)

Sua visão de “As Panteras”, cujo elenco pode contar com Kristen Stewart e Lupita Nyong’o, é sobre um grupo que combate o crime internacional com um toque feminista. “Hoje em dia não temos que pedir desculpas por ser durona com os homens”. Nesse, ela vai atuar.

“Tenho grandes planos para o projeto. Vai ser tudo ou nada”, afirmou Banks.

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