Ele saiu do Brasil aos 15. Hoje, lidera uma startup em Portugal que captou 17,5 milhões de euros
A iniciativa foi liderada pela Bright Pixel, braço de investimento de capital de risco em tecnologia do grupo português Sonae
Repórter de Negócios
Publicado em 25 de julho de 2023 às 05h31.
Última atualização em 25 de julho de 2023 às 10h40.
O sotaque do outro lado da câmera de videoconferência é de português de Portugal, mas a imagem é de um empreendedor brasileiro, Felipe Ávila da Costa. Gaúcho, de Porto Alegre, o profissional é o cofundador da Infraspeak, uma plataforma para gestão de facilities criada em 2015 na cidade do Porto, Portugal, um dos maiores hubs tecnológicos da Europa.
A startup oferece um software no qual os seus clientes podem integrar todos os serviços que contratam com empresas de facilities - aquelas por trás de cuidados com limpeza, jardinagem e segurança - e acompanhar em um único canal.“A partir daí, nós podemos pegar esses dados e transformar em alertas e em automações que permitam fazer coisas mais avançadas”, afirma Costa, também CEO da Infraspeak.
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Integrados a sensores, os dados reunidos na plataforma podem sinalizar, por exemplo, que determinada área precisa de limpeza, a necessidade detroca de equipamentos danificados ou mesmo auxiliar no pedido de orçamentos a parceiros que a empresa tem na rede.A Infraspeak tem mais de 800 clientes pelo mundo, a maioria nos setores de hotelaria e facilities, além de aeroportos e faculdades . Entre eles, a Brasanitas, Siemens, Nestlé, Leroy Merlin e a Vila Galé.
Como o valor será usado pela Infraspeak
A startup acaba de receber 7,5 milhões de euros – ou cerca de 39 milhões de reais -, uma extensão de rodada série A captada no final de 2021. A iniciativa foi liderada pela Bright Pixel, braço de investimento de capital de risco em tecnologia do grupo português Sonae, e acompanhada por investidores como Caixa Capital, de Portugal, e 500 Global, dos Estados Unidos.
A primeira fase da rodada contou ainda com:
- a Indico e a Caixa Capital, ambas de Portugal
- a Knight Capital, dos Países Baixos
- a Innovation Nest, da Polônia.
No total, a Infraspeak recebeu 17,5 milhões de euros, o equivalente a 92 milhões de reais.
O capital chega para fortalecer as posições da empresa na Europa e América Latina. Presente em cerca de 30 países, a startup tem nas duas regiões 85% do seu faturamento, com os números impulsionados por Portugal, Espanha, Reino Unido e Irlanda, no velho continente, e pelo Brasil.
Como a Infraspeak planeja entrar no mercado dos Estados Unidos
A evolução do negócio, segundo Costa, passa pelo reforço do time, com a contratação de 30 pessoas para complementar o quadro atual de 150 profissionais, e em produtos.E ainda a abertura de novas frentes, como a entrada na França e Dinamarca. ”Nós também vamos começar a comprar empresas em novos mercados para acelerar”, diz Costa.
O brasileiro chegou em Portugal aos 15 anos, em 2000, ainda no ensino médio e de olho em conquistar uma vaga para fazer a graduação no país. Anos depois, já formado em engenharia civil pela Universidade do Porto, passou cinco anos na incubadora da universidade, a UPTEC. Começou cuidando da comunidade de empreendedores e saiu como gerente do programa de aceleração.
Foi lá onde conheceu o engenheiro de software Luís Martins, português que chegou à incubadora com a ideia de criar uma plataforma de facilities. O brasileiro foi o seu mentor por 6 meses e, no fim da aceleração, os dois se uniram, Costa pediu demissão e, em abril de 2015, a Infraspeak chegou ao mercado. Meses depois, a startup estreou no Brasil, onde mantém escritório em Florianópolis, Santa Catarina.
Atualmente, cresce em torno de 100% ao ano. Em 2022, fechou em 4 milhões de euros, número que deve dobrar este ano. Na previsão mais otimista, pode chegar aos primeiros 10 milhões de euros em dezembro.
A execução bem-sucedida do planejamento pode ser fundamental para o próximo passo da empresa: entrar nos Estados Unidos. O mercado é um dos maiores do mundo e país de origem de uma das maiores empresas de gestão do mundo, a IBM.
A movimentação estará na estratégia para a captação de uma rodada série B, estimada para o segundo semestre do ano que vem, com valor entre 20 e 30 milhões de euros.