Ecovix: plano prevê o pagamento da dívida somente daqui a 20 anos, com juro de 0,5% ao ano (Ecovix/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de junho de 2018 às 20h50.
São Paulo - O Grupo Ecovix vota nesta terça-feira, 26, plano de recuperação judicial do Estaleiro de Rio Grande, prevendo alienação de ativos e o ingresso da companhia em atividade portuária.
A expectativa dos envolvidos é de aprovação do plano na Assembleia Geral de Credores (AGC), com o que pretendem atrair um novo sócio, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. A Ecovix faz parte do Grupo Engevix, envolvido na Operação Lava Jato. Paralelamente, a Ecovix foi alvo das investigações da Operação Greenfield, que apura irregularidades nos fundos de pensão.
A dívida prevista no processo de recuperação judicial da Ecovix soma mais de R$ 7 bilhões e entre os principais credores estão a chinesa Cosco (China Ocean Shipping Company), com cerca de US$ 150 milhões, o Bradesco, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e a norte-americana NOV (National Oilwell Varco).
O plano prevê o pagamento da dívida somente daqui a 20 anos, com juro de 0,5% ao ano. Na reestruturação, serão emitidas debêntures para todos os credores quirografários, com deságio de 76%. Aos credores extraconcursais, que ficam de fora do plano de recuperação judicial pela lei e têm garantias, será proposta a troca de dívida por debêntures sem deságio.
As garantias estão em um fundo de investimento em participação (FIP), que controla quatro recuperandas, subsidiárias da Ecovix. Essas empresas têm o direito sobre os imóveis e infraestrutura do estaleiro.
O FIP tem 25% de participação da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, alvo da Greenfield. Os 75% restantes são da Ecovix. A Funcef trava uma disputa com a Ecovix, já que a companhia entrou com o pedido de recuperação judicial sem aprovação do fundo de pensão, que também se opõe à liquidação do FIP.
O Banco do Brasil e a Caixa foram repassadores de recursos do Fundo da Marinha Mercante, somando R$ 200 milhões e aproximadamente R$ 120 milhões, respectivamente.
De acordo com fontes, ambos avaliam proposta de alongamento dessas dívidas, sem desconto, para pagamento em seis anos, com a contrapartida de liberação de R$ 7 milhões para a empresa. Fontes afirmam que o Banco do Brasil deve votar contra o plano. Procurado, o BB não comentou.
Os ativos da empresa em Rio Grande são avaliados em US$ 1 bilhão, incluindo o maior dique seco do Hemisfério Sul e dois pórticos, um para 600 toneladas e outro para 2 mil.
Originalmente, a assembleia estava marcada para 15 março, mas foi suspensa um dia antes da realização em razão de liminar concedida pela 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), em Porto Alegre. No fim de abril, o TJ-RS autorizou, por unanimidade, a retomada da AGC.
Concebido para produzir as plataformas petrolíferas da Petrobras, a obra foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e tem por sócio, entre outros o Banco do Brasil. A Petrobras cancelou todas as encomendas de plataformas diante do envolvimento da empresa na Lava Jato. O estaleiro é alvo também da operação Greenfield, que apura fraudes na Funcef (Caixa), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correio).
A assembleia está marcada para as 14h, em Rio Grande (RS). O Grupo Ecovix analisa a possibilidade de ingressar na atividade portuária, com atracação de embarcações e movimentação de cargas; na área de reparos em plataformas petrolíferas e embarcações; de processamento de aço para a indústria metalmecânica e prevê a finalização da plataforma P-71.