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Dudalina vai dobrar de tamanho antes de ter novo presidente

Segundo Sônia Hess, presidente e herdeira da camisaria, a meta é atingir faturamento de R$ 1 bilhão até 2016 e, daí então, começar a pensar na aposentadoria


	Sônia Hess, presidente da Dudalina: "Procuramos lugares em que haja um mercado consumidor potencial forte, não necessariamente ligado à moda".
 (Divulgação)

Sônia Hess, presidente da Dudalina: "Procuramos lugares em que haja um mercado consumidor potencial forte, não necessariamente ligado à moda". (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 08h18.

São Paulo - Sônia Hess, presidente da camisaria Dudalina, é uma das maiores empreendedoras do Brasil. Mesmo assim, não pretende ficar nessa para sempre. Sua empresa já possui 93 lojas, 3.500 pontos de vendas multimarcas e fatura 515 milhões de reais por ano. É um belo império que Sônia espera dobrar até 2016, atingindo faturamento de 1 bilhão de reais. Depois disso, porém, ela pretende passar o bastão e assumir um lugar no conselho diretor, de onde poderá observar de longe a colheita dos frutos que seus pais começaram a plantar com uma lojinha de secos e molhados no interior de Santa Catarina em 1957 e ela ajudou - e muito - a regar.

Em entrevista à EXAME.com, Sônia comentou sobre a sucessão e sobre os planos de expansão, que terão início em 2014 com a inauguração da primeira loja no exterior. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Exame.com: Vocês abrirão a primeira loja fora do Brasil no próximo mês. Por que escolheram a Cidade do Panamá?
Sônia Ress: Decidimos pelo Panamá porque acredito que através dele conquistaremos o público da América Latina. O país se tornou um ponto de tráfego aéreo muito importante para toda a região. Além disso, para os latino-americanos é mais confortável ir até lá do que vir ao Brasil, onde não se fala o espanhol.

Exame.com: Além dessa loja, quais são os próximos passos no exterior?
Sônia: Em 2014, abriremos pelo menos mais duas franquias: uma em Zurique, até abril, e outra em Verona, um pouco mais para frente. Estamos estudando outras cidades ainda.

Exame.com: Não são cidades muito voltadas para a moda...
Sônia: Não são, mas não estamos preocupados com isso. Procuramos lugares em que haja um mercado consumidor potencial forte, não necessariamente ligado à moda. Fizemos um estudo profundo de estratégia de localização, focando nos resultados de vendas. Além disso, já temos a marca em Milão, a capital mundial da moda, há alguns anos (a Dudalina é vendida dentro de uma grande loja multimarcas).

Exame.com: Até 2010, a Dudalina respondia por 70% das exportações de camisas no Brasil. Hoje, os números são bem menores. O que mudou?
Sônia: Há uma diferença aí. Nós exportávamos muito, mas quase tudo era para outras marcas. Em 2010, decidimos fortalecer a nossa marca no Brasil para poder exportá-la junto com nossos produtos.

Exame.com: A meta de faturar 1 bilhão de reais até 2016 continua de pé?
Sônia: Sim. Com a entrada no mercado internacional, a expansão no brasileiro e o lançamento de novos produtos, pretendemos crescer 25% ao ano até 2016. Isso será feito pensando nos meios de produção também, porque nós produzimos mais de 80% de tudo o que vendemos e pretendemos continuar assim.



Exame.com: Quais são os planos para continuar essa expansão no Brasil?
Sônia: Devemos abrir mais lojas pelo país, mas ainda não temos o número exato. O que sabemos com certeza é que abriremos pelo menos cinco lojas próprias da Individual, marca da Dudalina um pouco mais casual.

Exame.com: Vocês pretendem diversificar os produtos para além das camisas?
Sônia: Já temos outros produtos nas lojas, como calças e bermudas. Para o ano que vem, pretendemos que 20% do nosso faturamento venha desse novo ramo.

Exame.com: E por que o ano 2016?
Sônia: Porque, depois dele, eu pretendo sair da presidência da Dudalina e ficar apenas no Conselho da empresa. Já estou preparando meu sucessor, um executivo que está conosco há alguns anos e não é da família. Toda a minha diretoria, aliás, está preparando seus sucessores, porque ninguém pode subir sem deixar alguém preparado no lugar.

Exame.com: O que a senhora fará com o tempo livre?
Sônia: Ainda tenho tempo para decidir isso, mas acho que antes de tudo tiraria um sabático. Talvez morar fora do Brasil... Terei 61 anos e trabalho desde os 8, nunca tive um tempo só para mim. Mas ainda nem discuti esses planos com meu marido (risos). Também não sei se vou dar conta de ficar longe. Talvez eu precise entrar numa cabine de descompressão, para me acostumar à falta de adrenalina (risos).

Exame.com: Até lá, com esses planos de expansão, a vida da senhora deve ficar mais difícil, não?
Sônia: Minha vida é uma diversão. Hoje a noite vou para Teresina inaugurar uma loja, amanhã volto para São Paulo e vou para Blumenau, onde fica nossa sede. No dia seguinte volto para São Paulo. Terça que vem vou a Blumenau de novo e, a partir do dia 13, visitarei todas as nossas fábricas e lançarei três novas coleções até o fim do ano. Mas eu não preciso de tantas horas para dormir (risos). Sou muito prática, não sofro. A correria me dá prazer.

Exame.com: Nessa correria, como fica a família?
Sônia: Meu marido me dá muita força, tiro meu chapéu para ele. Ele é empreendedor também e trabalha em Campinas, interior paulista. Como eu fico em São Paulo, nos vemos praticamente só nos fins de semana. Ele e meus três netos são a maior alegria da minha vida. Em breve terei outra netinha.

Exame.com: A senhora é a sexta de 16 filhos. Por que decidiu assumir o comando da empresa?
Sônia: Todos os meus irmãos em algum momento passaram por aqui, mas cada um seguiu seu caminho. Temos médicos, advogados, dentistas... Eu fui ficando porque a confecção é minha grande paixão. Em 2003, quando meu irmão partiu para a carreira pública, o Conselho me nomeou presidente. Quero deixar um legado interessante. Gosto muito do que eu faço, adoro o ramo. Quero inspirar as pessoas.

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