Negócios

Desempenho do Pão de Açúcar prejudica Casino na França

Casino está cogitando unir as operações das subsidiárias da América Latina e fechar o capital de algumas empresas, segundo fontes


	Pão de Açúcar: desempenho das filiais do Casino no Brasil, segundo maior mercado depois da França, estão afetando a holding
 (Marcos Issa/Bloomberg)

Pão de Açúcar: desempenho das filiais do Casino no Brasil, segundo maior mercado depois da França, estão afetando a holding (Marcos Issa/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2016 às 08h13.

São Paulo - O grupo francês Casino, dono do Pão de Açúcar, está revendo suas estratégias no Brasil. Depois de um 2015 turbulento - resultado da queda do consumo por conta da recessão, desvalorização do real e descobertas de fraude na CNova, braço de comércio eletrônico da companhia -, o controlador da varejista Jean-Charles Naouri resolveu tomar medidas mais drásticas para tirar a companhia do "inferno astral" que se arrastou até o primeiro trimestre deste ano.

Depois de conseguir reduzir parte de seu pesado endividamento (que chegou a atingir 6,1 bilhões de euros em 2015) com a venda de dois ativos na Ásia este ano por 4 bilhões de euros, o desafio da multinacional agora é desatar o nó de sua complexa estrutura societária e melhorar os resultados do Brasil, seu segundo principal mercado, atrás da França.

As apostas, segundo fontes, são de que o Casino possa reunir seus ativos na América Latina em uma única empresa nos próximos meses.

Nesse processo, não está descartado que o grupo comece a comprar ações de suas empresas listadas na região, acelerando o processo de fechamento de capital de algumas de suas subsidiárias.

Além da CNova, que já oficializou o fechamento de capital na Nasdaq, menos de um ano depois de ser listada na bolsa americana, fontes afirmam que esse mesmo movimento poderá ser feito na Éxito, varejista da Colômbia, e no próprio Pão de Açúcar, cujas ações se desvalorizaram 57,4% somente no ano passado, apurou a reportagem.

Uma pessoa próxima à companhia não descarta que o Casino recompre ações de suas empresas listadas e afirma que há um comitê formado para pensar os negócios do grupo na América Latina.

Essa fonte, contudo, não informa se as subsidiárias de varejo do grupo - Éxito, na Colômbia; GPA e Via Varejo, no Brasil; além de negócios na Argentina e Uruguai - seriam reunidas em uma única companhia. Procurado, o GPA nega que irá fechar o capital.

O fato é que o Casino é um dos grupos com mais empresas listadas em diferentes mercados: além do Casino, na França, as ações da CNova ainda são negociadas nos EUA, as do Éxito na Colômbia, e as de GPA e Via Varejo no Brasil.

Os ativos asiáticos, vendidos no início do ano, estavam listados nas bolsas locais: Tailândia e Vietnã.

Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, Naouri disse que "uma das prioridades do grupo é a simplificação de sua estrutura societária complexa" Após essa declaração, o mercado passou a especular o que poderia ser essa simplificação.

Estratégia

No Brasil, a prioridade é retomar as vendas, que foram afetadas durante o ano passado e início deste ano. A bandeira Assaí, de atacarejo, continua impulsionando os negócios do grupo. Somente no primeiro trimestre, as vendas cresceram 36% e o total de lojas alcançou 97 unidades.

A expectativa é abrir 12 lojas Assaí por ano. O GPA intensificou as reformas de seus hipermercados Extra. O grupo Carrefour, principal concorrente do Casino, tem tido um desempenho de venda melhor no País e se mantém líder em varejo alimentar.

Desde o fim de 2014, o empresário brasileiro Abilio Diniz, ex-dono do Pão de Açúcar, tornou-se sócio do Carrefour.

Abilio e Naouri, antigos sócios no GPA (o Casino entrou no Brasil em 1999 e comprou o controle do grupo), travaram acirrada disputa societária, que só foi encerrada em 2013, quando o brasileiro deixou o negócio, que foi fundado por seu pai em 1948.

Desafios

Para Guilherme Assis, analista do Banco Plural, o grupo Pão de Açúcar demorou para acelerar a reforma de seu formato de hipermercados. "O Carrefour começou esse processo bem antes e tem registrado resultados melhores", disse.

As vendas do varejo da rede entre abril e junho também não estão reagindo como o esperado, o que já acende um alerta para os investidores da companhia para os resultados do grupo de alimentos para o segundo trimestre.

O desempenho do grupo fora do País já dá sinais de recuperação. Em dezembro passado, o Casino foi alvo do investidor ativista Carson Block, que tem ações da empresa e acusou a varejista de manipular seus resultados. Os papéis do Casino chegaram a cair mais de 10% somente naquele período.

Com a venda dos ativos na Ásia e redução de parte da dívida, o mercado aguarda o desfecho da simplificação societária em curso. Já no Brasil, os investidores e analistas esperam uma resposta mais rápida dos ajustes para o grupo retomar seu crescimento.

União

A combinação dos negócios entre a CNova, braço de comércio eletrônico do Casino, e a Via Varejo (união de Casas Bahia e Ponto Frio), anunciada em maio, deverá ser concluída em até três meses, disse uma fonte a par do assunto. Essa integração ocorre em meio a um turbilhão de más notícias envolvendo os dois negócios.

No caso da Via Varejo, as vendas foram afetadas em 2015 e no primeiro trimestre deste ano pela recessão no País.

Já a CNova, que abriu seu capital na bolsa americana em 2015 apostando na bolha das empresas de e-commerce, descobriu desvios de mercadorias avariadas por parte de funcionários no País nos últimos cinco anos, no valor de R$ 180 milhões.

Em maio, o Casino anunciou que a CNova vai fechar o capital na Nasdaq e a união dos dois negócios.

"Essa operação vai possibilitar sinergias de R$ 1,017 bilhão em 2016, com unificação dos estoques e fechamento de alguns distribuição de distribuição", disse uma fonte.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:CasinoComércioEmpresasEmpresas abertasEmpresas francesasPão de AçúcarSupermercadosVarejo

Mais de Negócios

15 franquias baratas a partir de R$ 300 para quem quer deixar de ser CLT em 2025

De ex-condenado a bilionário: como ele construiu uma fortuna de US$ 8 bi vendendo carros usados

Como a mulher mais rica do mundo gasta sua fortuna de R$ 522 bilhões

Ele saiu do zero, superou o burnout e hoje faz R$ 500 milhões com tecnologia