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De olho em expansão, empresa do “consertador de corações” investirá R$ 27 milhões

Os recursos serão destinados para pesquisa, ampliação da fábrica e contratação de novos profissionais

Rafael Braile, da Braile Biomédica: estamos ganhando mercado no Brasil e no exterior (Braile Biomédica/Divulgação)
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 27 de fevereiro de 2023 às 11h49.

Última atualização em 27 de fevereiro de 2023 às 11h51.

A Braile Biomédica está ampliando os investimentos para manter o ritmo de crescimento e buscar novos mercados. A empresa trabalha no setor de cirurgias cardiovasculares desenvolvendo dispositivos, oxigenadores, válvulas biológicas e stents.

A companhia foi criada em 1977 pelo cirurgião cardiovascular Domingo Braile, aluno e discípulo de Euryclides Zerbini, o primeiro cirurgião a realizar um transplante de coração na América Latina.

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Após retornar à São José do Rio Preto, cidade onde cresceu, o médico começou a desenvolver os próprios equipamentos para operar os pacientes, usando os conhecimentos em áreas pelos quais era apaixonado: medicina, mecânica e engenharia.

Aos poucos, com o crescimento da demanda pelos aparelhos, criou a Braile para atender médicos amigos que começavam a interiorizar os procedimentos cirúrgicos pelo país. Na época, os recursos eram escassos e as cirurgias e os equipamentos concentrados na capital paulista.

Ao longo dos anos, o médico e a empresa evoluíram no setor de doenças cardiovasculares. Braile também foi professor naFaculdade de Medicina de São José do Rio Pretoe da Unicamp.

Ele faleceu em 2020, um ano depois do lançamento da biografia "A Céu Aberto. A História de Domingo Braile, O Consertador de Corações".

Como o investimento será distribuído

Hoje, a Braile conta com 65 produtos registrados na Anvisa, distribuídos em 1.175 modelos e detém 32 patentes.

Além do Brasil, origem de 85% da receita, a empresa exporta os seus produtos para outros 55 países, como Argentina, Portugal, Alemanha, Ucrânia, Rússia e Itália, a partir de distribuição terceirizada. Em 2022, faturou mais de 100 milhões de reais, avanço de 55% sobre o ano de 2021.

Para manter o ritmo de crescimento, a Braile está colocando 27 milhões em investimentos. Um valor bem maior que o aplicado tradicionalmente, em torno de 10% do faturamento.

A quantia será distribuída em quatro partes:

O bom da companhia, de acordo com Rafael Braile, Chief Operating Officer (COO) e neto do fundador, se deve, em parte, ao modelo de operação verticalizada. Como concentra quase todas as áreas do negócio, a empresa sentiu menos os impactos da crise na cadeia de produção global, decorrente da guerra da Ucrânia, pandemia de covid-19 e dos problemas econômicos.

“Nós fomos impactados pela crise de supply chain global, mas não tanto quanto as pessoas que tinham operações muito descentralizadas, compravam de vários fornecedores e tinham uma rede de produção mais complexa”, afirma.

Isso fez com que a Braile ganhasse mercado tanto no Brasil quanto no exterior suprindo as demandas deixadas por seus concorrentes, em geral grandes empresas de países desenvolvidos como a MideTronic e Abbott, dos Estados Unidos, e a Terumo, do Japão.

Como exemplo, o executivo cita o caso das válvulas biológicas, materiais feitos com tecido bovino ou suíno. Nos últimos anos, a empresa ampliou em 20 pontos percentuais a sua participação no SUS (Sistema Único de Saúde) com o produto, saltando de 65% para 85%.

No país, o sistema público de saúde responde por 40% do faturamento da Braile, o privado por 30% e os outros 30% vêm da rede de distribuição.

Os próximos passos

Ao acelerar os investimentos, a Braile quer consolidar as posições conquistadas e mostrar que está pronta para ter uma atuação mais forte internacionalmente, entregando cada vez mais inovação em seus produtos.

Entre as projetos em andamento, está o desenvolvimento de uma válvula transcateter para a posição mitral e ainda um dispositivo para pessoas com insuficiência cardíaca, projetado para prolongar a vida do paciente enquanto aguarda por um transplante.

São soluções que a empresa enxerga com potencial de contribuir para que avance no mercado nacional e também no exterior, de onde espera um aumento no fluxo de receita: dos atuais 15% para 25% nos próximos três anos.

Um outro passo importante no processo de internacionalização, iniciado há cerca de sete anos, é a entrada no mercado dos Estados Unidos. A companhia está em conversas com o FDA, órgão correspondente à Anvisa brasileira.

No momento, faz levantamentos de mercado para entender quais produtos se encaixam no melhor no país da América do Norte, conhecido pela acirrada concorrência no setor de saúde.

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