De olho em Basileia III, Itaú amplia conservadorismo
Perspectiva de exigências de alocação de capital mais pesadas dentro da agenda de Basileia III fará banco se concentrar mais em linhas de crédito conservadoras
Da Redação
Publicado em 16 de dezembro de 2014 às 22h12.
São Paulo - A perspectiva de exigências de alocação de capital mais pesadas dentro da agenda de Basileia III fará o Itaú Unibanco se concentrar ainda mais em linhas de crédito de menor risco nos próximos anos, ao mesmo tempo em que busca maiores receitas com serviços, disse o principal executivo do grupo nesta terça-feira.
"Nosso pensamento hoje é crescer o banco no crédito com muito cuidado; não vamos crescer as carteiras loucamente", disse o presidente-executivo do grupo, Roberto Setubal , durante apresentação a analistas da Apimec.
No fim de setembro, a carteira de crédito total do Itaú Unibanco era de 536,3 bilhões de reais, um alta de 11,5 por cento em 12 meses, ritmo inferior ao dos rivais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, repetindo a tendência dos últimos anos em que os estatais têm sido mais agressivos.
De acordo com Setubal, o foco em linhas menos arriscadas, como o consignado e o imobiliário, surtiu efeitos positivos, porque a margem menor das operações tem sido mais que compensada por menores despesas com provisões para perdas com calotes.
O índice de inadimplência acima de 90 dias do banco foi de 3,2 por cento no terceiro trimestre, 0,7 ponto menor que um ano antes e o menor desde a fusão entre Itaú e Unibanco, no fim de 2008. Para o ano que vem, disse Setubal, a tendência é de mais queda nesse índice, mesmo considerando o cenário econômico frágil do país, com previsões de aumento do desemprego.
"Nossos indicadores estão apontando queda", disse Setubal, que previu como consequência que os níveis de provisionamento para perdas em 2015 não vão crescer. De acordo com o executivo, o banco está reforçando a aposta em ser mais especializado em serviços. Com isso, receitas menores na originação de crédito são contrabalançadas por produtos como cartões, seguros e mercado de capitais, entre outros.
Nos últimos dois anos, a fatia das operações não ligadas a crédito nos resultados do Itaú Unibanco subiu de 24,3 para 29,8 por cento, considerando os primeiros nove meses.
Como o segmento "não crédito" exige menos alocação de capital do que os financiamentos, o banco terá que fazer menos esforço para cumprir a regulação global de Basileia III, que deve ser totalmente implementada até 2019.
Atualmente, o índice de capital principal do Itaú Unibanco é de 12,1 por cento, número que cairia para 10 por cento se Basileia III já valesse hoje. "Isso não é satisfatório, nós queremos chegar a 11 por cento", disse Setubal.
Segundo ele, o banco deve alcançar esse nível por meio da própria geração de resultados, o que dispensa a necessidade de um aumento de capital.
Seguros e internacionalização
De acordo com Setubal, o Itaú Unibanco vai seguir em 2015 a trajetória de saída das atividades de seguros consideradas não essenciais para o banco. Neste ano, o grupo se desfez da operação de grandes riscos. Também encerrou a parceria com varejistas para venda de garantia estendida.
Ele não precisou quais atividades poderiam ser vendidas, mas citou que a participação no IRB, de resseguros, e no Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), são exemplos de operações não essenciais.
O foco, disse o executivo, é o chamado "bancassurance", com venda de produtos nas agências bancárias, como o seguro residencial. Ele descartou uma atuação mais agressiva para ter uma operação de seguridade de tamanho semelhante ao dos principais rivais.
"Sinceramente, gosto mais do meu modelo de negócios, é mais eficiente", disse.
Setubal disse ainda que o banco segue interessado em ter uma operação no México e, respondendo a uma pergunta, afirmou que o Banamex, do norte-americano Citi, poderia ser uma alternativa.
"O Itaú Unibanco tem interesse em entrar no México e o Banamex é uma opção que pode ser avaliada", disse. Depois, a jornalistas, Setubal declarou que não houve nenhum contato ou negociação nesse sentido.
Mais cedo, o diretor de relações com investidores do Itaú Unibanco, Alfredo Setubal, disse também em reunião com analistas que no momento o banco não considera nenhuma compra no exterior, dada a alta recente do dólar.
Roberto Setubal reiterou que deve deixar a presidência do grupo em 2017, na assembleia de acionistas após ele ter completado 62 anos, data limite segundo o estatuto do banco.
São Paulo - A perspectiva de exigências de alocação de capital mais pesadas dentro da agenda de Basileia III fará o Itaú Unibanco se concentrar ainda mais em linhas de crédito de menor risco nos próximos anos, ao mesmo tempo em que busca maiores receitas com serviços, disse o principal executivo do grupo nesta terça-feira.
"Nosso pensamento hoje é crescer o banco no crédito com muito cuidado; não vamos crescer as carteiras loucamente", disse o presidente-executivo do grupo, Roberto Setubal , durante apresentação a analistas da Apimec.
No fim de setembro, a carteira de crédito total do Itaú Unibanco era de 536,3 bilhões de reais, um alta de 11,5 por cento em 12 meses, ritmo inferior ao dos rivais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, repetindo a tendência dos últimos anos em que os estatais têm sido mais agressivos.
De acordo com Setubal, o foco em linhas menos arriscadas, como o consignado e o imobiliário, surtiu efeitos positivos, porque a margem menor das operações tem sido mais que compensada por menores despesas com provisões para perdas com calotes.
O índice de inadimplência acima de 90 dias do banco foi de 3,2 por cento no terceiro trimestre, 0,7 ponto menor que um ano antes e o menor desde a fusão entre Itaú e Unibanco, no fim de 2008. Para o ano que vem, disse Setubal, a tendência é de mais queda nesse índice, mesmo considerando o cenário econômico frágil do país, com previsões de aumento do desemprego.
"Nossos indicadores estão apontando queda", disse Setubal, que previu como consequência que os níveis de provisionamento para perdas em 2015 não vão crescer. De acordo com o executivo, o banco está reforçando a aposta em ser mais especializado em serviços. Com isso, receitas menores na originação de crédito são contrabalançadas por produtos como cartões, seguros e mercado de capitais, entre outros.
Nos últimos dois anos, a fatia das operações não ligadas a crédito nos resultados do Itaú Unibanco subiu de 24,3 para 29,8 por cento, considerando os primeiros nove meses.
Como o segmento "não crédito" exige menos alocação de capital do que os financiamentos, o banco terá que fazer menos esforço para cumprir a regulação global de Basileia III, que deve ser totalmente implementada até 2019.
Atualmente, o índice de capital principal do Itaú Unibanco é de 12,1 por cento, número que cairia para 10 por cento se Basileia III já valesse hoje. "Isso não é satisfatório, nós queremos chegar a 11 por cento", disse Setubal.
Segundo ele, o banco deve alcançar esse nível por meio da própria geração de resultados, o que dispensa a necessidade de um aumento de capital.
Seguros e internacionalização
De acordo com Setubal, o Itaú Unibanco vai seguir em 2015 a trajetória de saída das atividades de seguros consideradas não essenciais para o banco. Neste ano, o grupo se desfez da operação de grandes riscos. Também encerrou a parceria com varejistas para venda de garantia estendida.
Ele não precisou quais atividades poderiam ser vendidas, mas citou que a participação no IRB, de resseguros, e no Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), são exemplos de operações não essenciais.
O foco, disse o executivo, é o chamado "bancassurance", com venda de produtos nas agências bancárias, como o seguro residencial. Ele descartou uma atuação mais agressiva para ter uma operação de seguridade de tamanho semelhante ao dos principais rivais.
"Sinceramente, gosto mais do meu modelo de negócios, é mais eficiente", disse.
Setubal disse ainda que o banco segue interessado em ter uma operação no México e, respondendo a uma pergunta, afirmou que o Banamex, do norte-americano Citi, poderia ser uma alternativa.
"O Itaú Unibanco tem interesse em entrar no México e o Banamex é uma opção que pode ser avaliada", disse. Depois, a jornalistas, Setubal declarou que não houve nenhum contato ou negociação nesse sentido.
Mais cedo, o diretor de relações com investidores do Itaú Unibanco, Alfredo Setubal, disse também em reunião com analistas que no momento o banco não considera nenhuma compra no exterior, dada a alta recente do dólar.
Roberto Setubal reiterou que deve deixar a presidência do grupo em 2017, na assembleia de acionistas após ele ter completado 62 anos, data limite segundo o estatuto do banco.