De churrasco em churrasco, ele construiu um negócio de corrida que fatura R$ 20 milhões
A Keep Running, criada em Brasília, tem na venda de tênis de corrida o seu principal mercado e acaba de abrir a sua primeira loja
Repórter de Negócios
Publicado em 8 de maio de 2024 às 12h55.
Última atualização em 6 de junho de 2024 às 09h21.
A busca por performance e os treinos e corridas matinais podem até sugerir que não, mas corrida e churrasco combinam. A história da Keep Running, loja especializada em corrida, está aí para provar. Com 10 anos de vida, a marca faturou R$ 20 milhões em 2023, valor que pretende dobrar ao longo deste ano.
O negócio, criado em Brasília há 10 anos, se estabeleceu em São Paulo nos últimos anos e lançou recentemente a sua primeira loja física.
Com investimentos de R$ 6 milhões, o espaço de 800 metros quadrados quer ser o playground dos corredores. Reúne no mesmo endereço lojas com produtos esportivos, fisioterapeutas, médicos com especialização em esporte e tratamentos de recovery.
Como nasceu a Keep Running
A empresa nasceu como um blog, em 2014. Cansado do trabalho como advogado no escritório da família, Igor Santos decidiu fazer um curso de administração de empresas. Acostumado a ser um aluno nota 8, ele saiu de lá como o melhor da classe. “Eu não podia desperdiçar aquela oportunidade”. Não sabia como seria o modelo de negócio, mas tinha clareza da área: algo relacionado à corrida, o esporte preferido da irmã triatleta e educadora física.
Matutando sobre o que fazer, ele teve a primeira epifania em um churrasco: criar um blog com informações sobre corridas e melhores práticas. Na mesma toada, surgiu o nome Keep Running, inspirado no lema da marca Johnnie Walker. No logo, a personagem avança na mesma direção, mas adota outra postura, se preparando para acelerar.
Como projeto principal do blog, Santos, sedentário à época, seria preparado pela irmã para correr uma maratona em seis meses. Nos primórdios das redes, a iniciativa atraiu um público cativo e a maratona saiu, mas nada de dinheiro.
A transformação para negócio veio do contato com um amigo que trabalhava com comércio exterior, que começou a trazer produtos não encontrados por aqui.
Com pouco caixa, a loja vendia itens de menor valor, como fitbands, meias e coolbelts, cintos de corrida para colocar itens como chaves e celulares. O tíquete médio ficava em torno de R$120,00. Além das vendas online, o fundador recorreu por ano à participação em feiras e eventos de corridas e tradicionais.
No meio do caminho, deixou de lado o negócio de importação para focar em ser fornecedor de marcas exclusivas. Também saiu de Brasília em direção a São Paulo, onde está a maior comunidade corredora e a base da clientela. “Nós surfamos em todas as ondas: do e-commerce, do crescimento da corrida e da indústria da corrida”, afirma.
O que impulsionou a transformação do negócio
Apesar da expansão, a base da Keep Running continuava sustentada por produtos de baixo valor. Em uma feira, Santos percebeu o incômodo de um concorrente que estava em patamar bem mais avançado. “Aquilo fez com que eu me entendesse como um player e levantasse a cabeça para todas as oportunidades do mercado”.
O momento marcou a entrada no universo dos tênis, com maiores margens e desembolsos. Da entrada em 2019, a vertical avançou e se tornou a principal com 90% das vendas da Keep Running - vestuários e acessórios respondem pelo restante. Nas prateleiras, estão produtos de marcas como Adidas, Mizuno, Hoka e New Balance. O tíquete médio está hoje em torno de R$ 850,00, contribuindo uma margem entre 15% e 25%.
De acordo com Santos, o diferencial da marca está na curadoria dos produtos que vende e também no atendimento. “Lojas concorrentes estão focadas em ter diferentes cores do tênis para atender um público que precisa de produtos para ir para a academia.Na nossa loja, as pessoas querem tecnologia e saber os benefícios dos tênis para atingir objetivos específicos”, diz.
Como a empresa quer chegar a R$ 100 milhões
O lançamento da loja física chega para fortalecer essa imagem que a Keep Running pretende transmitir. Os atendimentos saem dos chatbots do WhatsApp para os espaços físicos.O modelo, inaugurado na Vila Mariana, é mais uma demonstração da relação íntima entre corrida e churrasco.
"É a melhor hora. Quando você fica descontraído, é o momento em que surgem as boas ideias", diz Santos.“Nós estávamos em busca do ponto comercial ideal e eu sempre pensei em ter algo que olhasse o corredor sob a ótica de 360 graus. Em um outro churrasco, eu tive a ideia de fazer isso acontecer e ter tudo dentro do mesmo prédio”, afirma Santos.
O espaço funciona como uma loja conceito para um plano de expansão a partir de franquias. Em projeto desenvolvido com a Space Hunter, a marca estima a capacidade de abrir até 50 lojas. “Esse movimento dialoga com o nosso propósito de criar uma comunidade e de fazer crescer o mercado de corrida”, diz.
A expectativa é de que o adoção do modelo ajude a marca a superar a cifra de R$ 100 milhões em 2025, mais do que o dobro do resultado estimado para este ano.
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